quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cultura e Diversidade cultural

O que se entende por cultura?


Antes de definirmos o que significa cultura é importante lembrar que a palavra cultura costuma expressar uma visão diferenciada daquela que hoje é conhecida. Uma vez que a partir do séc. XVIII, na Europa, o conceito de cultura passou a ser associado a progresso e desenvolvimento de uma civilização, na qual o homem na relação com a natureza busca a construção de uma ordem humana “superior”.
Daí a idéia imediata de cultura, associada ao conhecimento presente nos livros, às artes, em resumo àquilo que chamaríamos de cultura erudita. Com isso, a distinção de homens cultos (educados, intelectual e artisticamente) dos incultos, e também para comparar e classificar civilizações diferentes em civilizadas ou não.
No senso comum, é bastante corriqueiro, ainda atribuírem que uma pessoa “tem cultura” quando, de um modo geral é muito bem informada, tem um conhecimento adquirido ou conhecimento acumulado. Diz-se que pessoa é “culta” quando ela tem muitos conhecimentos, fez universidade, pós-graduação.

Conceito de cultura
Entretanto, o conceito de cultura tem um significado mais amplo que aquele visto no senso comum, pois, de um modo geral está relacionado à vida total de um povo. Compreendendo a herança social que o individuo recebe de seu grupo ou a parte do ambiente que foi criada pelo indivíduo.
Nesse sentido, cultura abrange as formas pelas quais as pessoas vão compreendendo, representando e se relacionando com os vários elementos componentes de sua existência: o trabalho, a religião, a linguagem, a ciência, as artes e a política, a moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábito adquiridos ou criados pelo homem como membro de uma sociedade.
Representações simbólicas
Consisti em elementos necessários a própria existência humana, registrados como representações simbólicas. Desse modo, a cultura constitui o campo simultaneamente material e simbólico das atividades humanas. Toda ação humana e consequentemente toda a vida social tem um conteúdo simbólico, a exemplos de imagens, discursos, regras, normas, ritos, mitos e dogmas, além dos objetos, gestos, a linguagem e até a postura corporal das pessoas.
Em síntese, o sentido de cultura envolve:
- Conjunto de crenças (religião, ideologias, etc.);
- Regras ou normas de comportamentos (o que se pode e o que não pode fazer);
- Diversos instrumentos para realizar suas atividades (lápis, caderno, enxada, carros, máquinas, etc.);
Hábitos (modo de vestir, costumes alimentares);
- Técnicas, manifestações artísticas, tradições que são produzidos e transmitidos no interior de uma sociedade.

1. O Papel da Educação na transmissão da cultura
A aquisição e a perpetuação da cultura, portanto, é um processo social, resultante da aprendizagem. Cada sociedade transmite às novas gerações o patrimônio cultural que recebeu de seus antepassados. Por isso, a cultura é também chamada de herança social.
Nas sociedades em que não há escolas, a transmissão da cultura se dá por intermédio da família ou da convivência com o grupo adulto (educação é informal).
Quando há escolas, estas se encarregam de completar a transmissão da cultura iniciada na família e em outros grupos sociais (educação é formal).
A educação, tanto a formal, quanto informal tem um papel importante na transmissão da cultura, porque transmite aos indivíduos os valores, os conhecimentos, as técnicas, o modo de viver, enfim, a cultura do grupo.

2. Identidade Cultural
A cultura pode ser definida também como um estilo de vida próprio, um modo de vida particular que todas as sociedades desenvolvem e que acaba por distinguir cada uma delas. Assim, os indivíduos que compartilham a mesma cultura apresentam o que se chama de identidade cultural.
É essa identidade cultural que faz com que a pessoa se sinta pertencendo ao grupo, é por meio dela que se desenvolve o sentimento de pertencimento a uma comunidade, a uma sociedade, a uma nação, a uma cultura.
Por exemplo, as comunidades indígenas são realidades culturais diferenciadas em relação à sociedade dita “civilizada”. Como tal, são capazes de reproduzir regras, valores e estilos próprios de organização. Os indivíduos que pertencem a elas desenvolvem um forte sentimento de identidade cultural.

3. O aspecto material e o não-material da cultura
A cultura material consiste em todo tipo de utensílios produzidos em uma sociedade – ferramentas, instrumentos, máquinas, hábitos alimentares, habitação, etc. – e interfere diretamente em seu estilo de vida.
Por exemplo: um dos alimentos básicos no interior do nordeste brasileiro é a farinha de mandioca; muitos nordestinos preferem utilizar redes em vez de camas para dormir; também no interior dessa região, as casas das classes baixas são muitas vezes construídas com barro socado entre hastes de madeira cruzadas (taipa) e cobertura de palha. Forma-se, assim, um modo ou estilo de vida fundamentado na cultura material da região. Portanto a cultura material abrange todo e qualquer objeto resultante da transformação da natureza pelo trabalho humano.
Enquanto a cultura não-material abrange todos os aspectos morais e intelectuais da sociedade, assim como: normas sociais, religião, costumes, ideologia, ciências, artes, folclore, músicas, etc. Por exemplo, a maior parte da população brasileira segue a religião católica; não existe pena de morte em nossa legislação e a miscigenação racial é forte, embora persistam manifestações de preconceito e atitudes discriminatórias, principalmente contra os negros.
Assim, os aspectos não-materiais da cultura brasileira contrastam com o que encontramos nos Estados Unidos, por exemplo, onde a maioria da população é protestante; e muitos de seus estados empregam a pena de morte, e a discriminação racial era oficialmente permitida até a década de 1960, quando, após muita luta, criaram-se leis que impedem as práticas racistas.
Padrão cultural - Padrão cultural é um conjunto de normas que rege o comportamento dos indivíduos de determinada cultura ou sociedade. É a cultura que estabelece os padrões de comportamento. Um padrão de comportamento é uma norma, isto é, uma expectativa ou uma determinação de como o indivíduo deve agir dentro de um grupo. Em outras palavras: quando os membros de uma sociedade agem de uma mesma forma, estão expressando os padrões culturais do grupo. Por exemplo, na sociedade brasileira, o casamento monogâmico é um dos padrões culturais, é normal e aceito um homem beijar uma mulher, os pais beijarem os filhos, mas não um homem beijar outro homem. Porem em outras sociedade esses exemplos podem fazer parte de suas normas, hábito, logo o que é norma em uma sociedade pode não ser em outra.
Subcultura - No interior de uma cultura podem aparecer diferenças significativas, caracterizando a existência de uma subcultura. Assim, por exemplo, há comunidades no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, nas quais certos costumes e valores se diferenciam claramente dos praticados em outras regiões do país. Em algumas dessas comunidades, as pessoas se comunicam não só em português, mas também em idiomas europeus, como o alemão. Por seu isolamento, mantiveram traços culturais dos países de origem: hábitos alimentares, festas típicas e, em alguns casos, até o idioma materno. Temos, assim, uma subcultura regional no quadro mais amplo da cultura brasileira.
A ocorrência de subculturas não se limita a diferenças regionais. Também pode se verificar na relação entre gerações. Às vezes, por exemplo, os jovens criam costumes e modos de vida, radicalmente, distintos da norma adulta. Pó isso, alguns autores falam da existência de uma subcultura juvenil.

4. O crescimento do patrimônio cultural Invenção e difusão cultural
As invenções são geradas pela combinação entre o patrimônio cultural da sociedade e determinadas necessidades sociais. Nenhum inventor, parte da estaca zero. Em seu trabalho de criação, ele utiliza o conhecimento acumulado de sua cultura, combinando elementos preexistentes para produzir algo novo.
Assim, invenção é a combinação de traços já existentes, dando como resultado um traço cultural novo. Muitas vezes, como no caso do trem e do automóvel, as invenções acarretam mudanças amplas e profundas em toda a cultura.
Alguns traços culturais, como uma nova moda ou o uso de um equipamento recentemente inventado, difundem-se não só na sociedade em que tiveram origem, mas também entre culturas diferentes, geralmente através dos meios de comunicação (jornais, revistas, televisão, cinema, rádio, Internet, etc.).
Quando isso ocorre, dizemos que está havendo um processo de difusão cultural. Pode-se afirmar que o enriquecimento cultural se verifica mais freqüentemente por difusão do que por invenção.
Geralmente, o patrimônio de uma cultura cresce de geração em geração. As culturas se desenvolvem incorporando traços culturais em maior número do que aqueles que caem em desuso.
Assim, a cultura é o somatório de todas as realizações das gerações passadas que se sucederam ao tempo, mais as realizações da geração presente.

5. Aculturação:
Durante a colonização do Brasil, houve intenso contato entre a cultura do conquistador português e as culturas dos povos indígenas e dos africanos trazidos como escravos.
Em decorrência desse contato, ocorreram modificações tanto na cultura dos europeus recém-chegados – que assimilaram muitos traços culturais dos outros povos – quanto na dos indígenas e africanos, que foram dominados e perderam muitas de suas características.
Desse processo de contato e mudança cultural – conhecido como aculturação – resultou a cultura brasileira.

Os mil tons da aquarela cultural do Brasil
Formadas originalmente do encontro de portugueses com indígenas e africanos, desenvolveram-se, neste imenso território, separadas por longas distâncias, diversas sociedades com especificidades próprias, que refletem não só as condições da natureza local, mas históricas também.
Nas diversas regiões podemos observar – nos traços físicos da população, na culinária, no linguajar, no folclore, nos ritmos, nas festas populares, na religião e em vários outros aspectos – ora a presença marcante da cultura de raízes africanas, ora a cultura indígena, portuguesa e também italiana, alemã, japonesa, etc.
(Adaptado de: Júlia Faliverne Alves. Identidade nacional em debate.
São (Paulo, Moderna, 1997.p.96-7).

Marginalidade cultural - Na cidade paulista de Tupã – na reserva dos índios Caingangue – vivem, em trezentos alqueires, duzentos indígenas descaracterizados culturalmente. Eles são atendidos por um grupo de funcionários da FUNAI (Fundação Nacional do Índio); desconhecem totalmente seu passado, não conseguem mais se expressar em sua própria língua, não lembram mais de seus cantos, de suas danças e de suas antigas práticas de caçadores e pescadores. Também não estão incorporados à cultura da civilização que os cerca. São mansos e tristes.
Quando duas culturas entram em contato, podem ocorrer – alem da aculturação – conflitos emocionais nos indivíduos que pertencem a ambas as culturas.
Esses conflitos têm origem na insegurança que as pessoas sentem diante de uma cultura diferente da sua. Aqueles que não conseguem se integrar totalmente a nenhuma das culturas que os rodeia ficam à margem da sociedade. A esse fenômeno dá-se o nome de marginalidade cultural.

6. A indústria Cultural e os Meios de Comunicação de Massa
De um modo geral o conceito de Indústria Cultural foi criado para definir a conversão da cultura em mercadoria. O conceito não se refere aos veículos (televisão, jornais, rádio...), mas ao uso dessas tecnologias por parte da classe dominante. A produção cultural e intelectual passa a ser guiada pela possibilidade de consumo mercadológico.
Chama-se cultura de massa toda cultura produzida para a população em geral — a despeito de heterogeneidades sociais, étnicas, etárias, sexuais ou psicológicas — e veiculada pelos meios de comunicação de massa. Cultura de massa é toda manifestação cultural produzida para o conjunto das camadas mais numerosas da população; o povo, o grande público.
Os meios de comunicação funcionam como uma verdadeira indústria de produtos culturais visando exclusivamente ao consumo. A indústria cultural vende mercadorias, imagens do mundo e faz propaganda desse mundo tal como é para que assim permaneça. Ao maquiar o mundo nos anúncios que divulga ela acaba seduzindo as massas para o consumo das mercadorias culturais, a fim de que esqueçam a exploração que sofrem nas relações de produção.
O Brasil, hoje, não é mais um país das palavras, é um país audiovisual, a maioria da população vê televisão e escuta rádio, mas tem acesso restrito a livros e jornais, tv a cabo e internet. Com uma população com baixo nível de escolaridade e um índice de analfabetismo alarmante (decorrente de um modelo extremamente concentrador e injusto que se aplica no país). Por outro lado o Brasil é um amplo mercado produtor e consumidor de cinema, CDs, computadores, CD-RONS, além de ocupar um lugar destacado na internet. Existindo uma enorme disparidade entre a produção e o cesso aos bens culturais no país. Acesso que se restringe cada vez mais a setores cada vez mais minoritários da população.
A propaganda é o elemento chave na sociedade de consumo em que vivemos o mundo vendido pelos anúncios é um mundo de sonhos sem conflitos, onde o melhor shampoo ou desodorante abre as portas para o sucesso - sempre individual. Os anúncios veiculam uma vida ideal – prazer, dinheiro, saúde, felicidade familiar, a um público que em sua grande maioria não pode conquistá-la. Essa imagem tem o efeito de conformar a população a se satisfazer com essas imagens. Quem pode penetrar no mundo do consumo é a classe alta, média-alta e média. O restante da população deve se contentar em ver e imaginar. Há outra visão que aposta na capacidade crítica desse público que estaria próximo de questionar toda essa ordem social que se constrói e se mantém sobre esse tipo de contradição veiculada pela indústria de massa.

Referência:
OLIVEIRA: Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. Série Brasil. Ensino Médio. V. único. Ed. ABDR, São Paulo, 2005.
TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciação a sociologia, 2 edição - São Paulo: Atual: 2000.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_de_massa

Atividade de classe:
1. Explique com suas palavras o que é cultura?
2. Qual a relação entre educação e cultura?
3. Cite quatro 4 exemplos de elementos da cultura material que o rodeiam neste momento.
4. Cite 4 exemplos de elementos da cultura não material.
5. O que você entendeu por padrão cultural?
6. Cite um exemplo de difusão cultural que tenha presenciado.
7. Cite um exemplo de subcultura.
8. Explique como ocorre a marginalidade cultural.
9. Explique qual é o impacto da veiculação dos valores dominantes no modo de pensar sentir e agir das massas.

Conceitos de Ideologia, Cultura de massa e Indústria cultural.


A idéia imediata de cultura tende a ser associada as artes, ao conhecimento presente nos livros, em resumo naquilo que chamaríamos de cultura erudita. A idéia de cultura “como modo de agir, pensar e sentir” de uma sociedade abrange e ultrapassa essa identificação entre arte e cultura. Embora, tratando esses modos de “agir, pensar e sentir” como socialmente construídos, o conceito de cultura corre o risco de perder em suas análises a dimensão da dominação político-econômica que se dá numa sociedade capitalista. Que é em grande parte responsável pela predominância de determinados modos de “agir, pensar e sentir”, e não de outros.

Quanto ao conceito de Ideologia, já vimos que ele acaba relacionando-se exclusivamente a esfera do poder e da manutenção dos interesses de classe. E isso impede que os elementos culturais da sociedade sejam pensados não apenas como simples representações de valores e crenças de classes economicamente dominantes, mas também, como elementos determinantes do funcionamento, manutenção e transformação da sociedade.

Analisando a concepção que associa a ideologia à distorção da realidade, chegaríamos a conclusão que na nossa sociedade capitalista se mantém tal qual é porque veicula entre todos os seus membros valores que não são seus, fazendo-os acreditar que são. Assim em oposição a uma realidade verdadeira teríamos uma falsa realidade que se impõe ao conjunto da sociedade, baseada nos interesses da classe que a domina nos planos: político, cultural e, principalmente, econômico. Essa veiculação de valores e idéias é uma forma de camuflar e de reforçar sua dominação a fim de que se minimizem e desqualifiquem as iniciativas de transformações provenientes das demais classes componentes da sociedade.

Não podemos negar a importância do conceito de ideologia para compreender nossa sociedade. Uma ideologia composta de elementos de várias ideologias, característica da sociedade capitalista, é veiculada pelos meios de comunicação de massa, aparece nos acontecimentos comuns de nosso cotidiano e visa influenciar o nosso comportamento. Uma ideologia composta exatamente das imagens de harmonia, identidade e ausência de conflito.

Cultura de massa ou indústria cultural - os meios de comunicação funcionam como uma verdadeira indústria de produtos culturais visando exclusivamente ao consumo. A indústria cultural vende mercadorias, imagens do mundo e faz propaganda desse mundo tal como é para que assim permaneça. Ao maquiar o mundo nos anúncios que divulga ela acaba seduzindo as massas para o consumo das mercadorias culturais, a fim de que esqueçam da exploração que sofrem nas relações de produção.

O Brasil, hoje, não é mais um país das palavras, é um país audiovisual, a maioria da população vê televisão e escuta rádio, mas tem acesso restrito a livros e jornais, tv a cabo e internet. Com uma população com baixo nível de escolaridade e um índice de analfabetismo alarmante (decorrente de um modelo extremamente concentrador e injusto que se aplica no país). Por outro lado o Brasil é um amplo mercado produtor e consumidor de cinema, CDs, computadores, CD-RONS, além de ocupar um lugar destacado na internet. Existindo uma enorme disparidade entre a produção e o acesso aos bens culturais no país. Acesso que se restringe cada vez mais a setores cada vez mais minoritários da população.

A propaganda é o elemento chave na sociedade de consumo do mundo em que vivemos vendido pelos anúncios é um mundo de sonhos sem conflitos, onde o melhor shampoo ou desodorante abre as portas para o sucesso - sempre individual. Os anúncios veiculam uma vida ideal – prazer, dinheiro, saúde, felicidade familiar, a um público que em sua grande maioria não pode conquistá-la. Essa imagem tem o efeito de conformar a população a se satisfazer com essas imagens. Quem pode penetrar no mundo do consumo é a classe alta, média-alta e média. O restante da população deve se contentar em ver e imaginar. Há outra visão que aposta na capacidade crítica desse público que estaria próximo de questionar toda essa ordem social que se constrói e se mantém sobre esse tipo de contradição veiculada pela indústria de massa.

Definição de conceitos:
Ideologia: expressão criada no começo do séc. XIX por Destutt de Tracy com o significado de ciências que tem por objeto o estudo das idéias. Mais tarde por Karl Marx e Friedrich Engels deram a ela o sentido de consciência social de uma classe dominante, ou conjunto de idéias falsas e enganadoras destinadas a mascarar a realidade social aos olhos das classes dominantes, encobrindo as relações de exploração e dominação a que estão submetidas essas classes. Nessa concepção, ideologia teria o mesmo significado de “falsa consciência”. Atualmente o termo é empregado com sentido de conjunto de idéias dominantes em uma sociedade, ou como “visão de mundo” de uma classe social, de uma sociedade ou de uma época.

Indústria cultural: A industrialização em larga escala de bens culturais, incluindo traços da cultura erudita e da popular, deu início a indústria cultural, ao mesmo tempo, o incessante desenvolvimento da tecnologia, principalmente nos meios de comunicação (fotografia, disco, televisão, internet, etc.) permitindo a produção de bens culturais em escala crescente e colocando a disposição de um grande número de pessoas, originou a chamada cultura de massa.


Diferença entre Ideologia e Cultura
· A Ideologia traduz certa leitura do real, apresentando a cada grupo um sistema de idéias, crenças e valores coerentemente organizado que traduz o que ele é e que propõe a necessária orientação futura.
· A ideologia é um elemento da cultura. É dentro da ideologia como um elemento da cultura que cada colectividade constrói uma representação de si própria, procura dar uma interpretação daquilo que é, ao mesmo tempo em que explica as suas aspirações.
· Se a cultura como um todo orienta a ação da coletividade, a ideologia propõe-se orientar essa ação de modo voluntário e mais explícito, procurando sempre provocar, manter e salvaguardar uma unanimidade de ação e de motivação.
· A ideologia não é um mero elemento da cultura, mas o seu verdadeiro núcleo. É dentro da ideologia que se criam novos valores ou se recriam os velhos dando-lhes um novo sentido.
· A ideologia adianta-se à cultura na medida em que não propõe, apenas, a aceitação dos comportamentos sociais, antes pode produzir acção não conformista.
· Ideologia é um "sistema de ideias e de juízos, explícita e geralmente organizado, que serve para descrever, explicar, interpretar ou justificar a situação de um grupo ou de uma coletividade e que, inspirando-se em larga medida em certos valores, propõe uma determinada orientação à ação histórica desse grupo ou dessa colectividade." (G. Rocher)
· As leituras ideológicas, produzidas pelos diversos grupos sociais, desempenham uma importante função social. Ao fornecerem um discurso comum sobre a realidade, através do qual os atores se reconhecem a si mesmos, justificam e mantêm a coesão do grupo, propondo, mesmo, uma orientação para a acção histórica desse grupo.
· A ideologia pressupõe ação, ao exortar e orientar o grupo a agir no sentido da consecução dos objectivos que se propõe e que considera seus, de direito.
· A ideologia como visão do mundo ligada aos interesses de um grupo ou estrato claramente determinado na sociedade, atuando como mola propulsora para a ação conservadora (manutenção do status quo) ou a inovadora (transformação), fundamentou e justificou, na história da humanidade, várias formas de sociedade e o seu sistema de poder político.





O Etnocentrismo, sobre a perspectiva da verdadeira importância da cultura: A construção da realidade

A verdadeira importância da cultura é que os seres humanos adquirem suas crenças por meio da interação. Nossas verdades, princípios morais, valores e objetivos são em grande medida socialmente criados. Este é o insight importante, e de difícil compreensão. A razão disso é que toda organização social procura dar entender que sua cultura é correta, que de fato é a única maneira como “gente de bem” deve pensar e atuar. Os cientistas sociais geralmente denominam essa tendência etnocentrismo, a idéia de que sua própria cultura (etno) é central (centrismo), para o universo e que todas as outras culturas devem ser julgadas nessa perspectiva, sendo muitas vezes consideradas inferiores.

Na verdade assim que avaliamos o significado de cultura, torna-se difícil ser etnocêntrico, considerar nossas verdades em termos absolutos. Algumas delas podem ser de fato absolutas, nossos valores e princípios morais podem ser absolutamente corretos, mas nunca podemos ter certeza disso. Tudo que sabemos é a certeza que tudo que acreditamos a respeito do universo foi resultado da interação. É cultural.

A realidade pode existir “lá fora” independente do modo como a vemos, o que pensamos sobre ela, o que valorizamos nela e o que consideramos correto originou-se da construção social da realidade É por meio de nossa vida social que pensamos a saber o que existe, que aprendemos o que é real, que nome dar a isso e como usa-lo. Entre a “realidade como ela é e a realidade como eu vejo” existe uma organização social e sua cultura, as lentes sociais por meio das quais você olha.

sábado, 3 de outubro de 2009

Movimentos Sociais

1. Movimentos Sociais / Direitos / Cidadania

Os movimentos sociais sempre estiveram presentes em todas as sociedades, desde a antiguidade até os dias atuais. Na antiguidade destacam-se os movimentos escravos e os religiosos; Na Idade moderna, na fase da desagregação da idade feudal, os movimentos de mercadores e os religiosos. Na idade Contemporânea com o capitalismo já consolidado, os movimentos dos operários se insurgiram contra as condições de vida nas fábricas e nas cidades, bem como os movimentos os camponeses. Na fase atual do capitalismo industrial monopolista, os “novos” movimentos sociais: ambientalistas, pacifista, feminista, etc.

1.1 Movimentos Sociais clássicos: Os direitos civis políticos e a democracia, na contemporaneidade.


O que é movimento social? São todas as formas de mobilização por um grande número de membros da sociedade, com uma determinada visão de mundo e com um objetivo comum e explícito. Numa ação conjunta e organizada a fim de possibilitar mudança/superação das condições de opressão ou conservação das relações sociais quer de uma instituição quer da estrutura social.
Um movimento social sempre se expressa a partir de qualquer que seja a forma de opressão, explicitada na dimensão da vida social, política, religiosa, cultural, etc. Exemplos: as greves, as passeatas, as ocupações de terras são exemplos de movimentos sociais.

Quaisquer que sejam as expressões de movimentos sociais são sempre marcados de lutas para a conquista de direitos de cidadania. Cidadania – Se resume no direito de viver com dignidade e liberdade, de ver seus direitos respeitados.
A cidadania como direito político significa o exercício dos direitos, compromisso ativo, participação política, responsabilidade; significa participar da vida da comunidade, na sociedade, no país.
Segundo o sociólogo Herbet de Souza (Betinho) “ser cidadão é tudo que acontece no mundo, acontece comigo. Então preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com sentimento ético forte não deixa passar nada, não abre mão do poder de participação (...) A idéia de cidadania ativa é ser alguém que cobra, propõe o tempo todo. O cidadão precisa ter consciência de seu poder”.
A cidadania está diretamente vinculada aos direitos humanos, que foi reconhecido formalmente com a Declaração dos Direitos Humanos aprovada em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Mas o que são mesmo os direitos humanos? São os direitos fundamentais de todas as pessoas a uma existência digna, sejam elas pobres, brancas, negras, índias, crianças, deficientes, idosos, presos, homossexuais, enfim são direitos de todos, no sentido literal da palavra. São considerados fundamentais, pois constituem pilares para a sobrevivência e garantia de bem-estar social e ético de todos.
Na sociedade moderna é que foram criados os direitos iguais, pelo menos, legalmente. É na busca da efetivação destes direitos que muitas mudanças podem ocorrer na sociedade em geral ou em alguns dos setores dela.
1.2. Mudanças sociais e o direito nas sociedades

Os direitos nas sociedades antigas e medievais eram direitos desiguais para desiguais. Só na sociedade moderna criaram direitos iguais, pelo menos, legalmente. É na busca da efetivação desses direitos que muitas mudanças podem ocorrer na sociedade em geral ou em alguns setores dela.
Direitos civis - no século XVIII a questão da cidadania começou a aparecer de forma imperceptível, através da formulação dos chamados direitos civis, os quais se expressaram na liberdade religiosa e de pensamento, no direito de ir e vir, no direito à propriedade e também na liberdade contratual, bem como no direito


à justiça. Esses direitos não atingiram a totalidade da população. É necessário destacar que nesse período o cidadão no pleno gozo de seus direitos é o indivíduo proprietário de bens e principalmente de terras, notando-se como tudo isso era restrito.

Direitos políticos - podemos defini-los como o direito do indivíduo de decidir sobre sua vida política - eleger seus representantes políticos, ser eleito para cargos políticos, ter o direito de participar de associações diversas (partidos, sindicatos, conselhos, etc.) de protestar através de greves, pressões, movimentos diversos, em fim, o direito de participar de alguma forma, direta ou indiretamente, da tomada de decisões no processo político.
Nesse sentido, o liberalismo baseia-se politicamente na idéia de soberania popular (poder popular). A expressão mais clara disso é o que está expresso em todas as constituições republicanas: “Todo o poder pertence ao povo e, portanto deriva dele”. Significando que quando se vota está expressando uma vontade que no seu conjunto é de todos, e que os eleitos são os representantes da vontade popular. É por isso que o Parlamento (representante legítimo da sociedade civil) é a instituição central do Estado liberal.
Direitos sociais - se nos momentos anteriores os direitos civis e os direitos políticos estavam estabelecidos, pelo menos teoricamente, para a maioria da população, na prática para uma pequena minoria em meados do século XX temos a promoção dos direitos sociais: moradia decente, educação básica, saúde pública, transporte coletivo, lazer, trabalho, salário, seguro-desemprego, enfim, um mínimo de bem estar econômico e social. E isso se faz com investimentos maciços por parte do Estado, redimensionando suas prioridades, para atender à maior parte da população, a fim de que ela pudesse ter trabalho e algum rendimento, tornando-se consumidora e, assim, mantendo a produção sempre entendida como um mecanismo de mercado.

1.3. A Criação de Novos Direitos
Se os direitos civis, políticos e sociais estão estabelecidos, e até na maioria das constituições do mundo, isso não significa que os mesmo estão atingindo a maioria da população e mesmo sendo exercidos por eles. Ainda, estão por serem assumidos integralmente. Mas, existem outros direitos que todos os dias aparecem no cenário de uma sociedade complexa e conturbada. São movimentos sociais que lutam pelos direitos de todos, como exemplo dos dois grandes movimentos mundiais: o movimento ambientalista e o feminista.
Além desses dois cabe destacar os inúmeros movimentos sociais urbanos presentes em todas as grandes cidades do planeta (movimentos sociais em várias escalas, desde a local até a internacional) é que estão dando os sinais de que algumas mudanças podem ocorrer. Não podemos esquecer dos movimentos sociais clássicos como o dos operários.

Origem dos movimentos sociais urbanos
A partir do estabelecimento capitalismo industrial com a acumulação de riquezas (séc. XVIII) que se estabeleceu nas cidades, acarretando novas formas e interações. As cidades extremamente povoadas passaram a abrigar um grande número de trabalhadores das indústrias, assalariados e empobrecidos. E nem todos tinham acesso de moradia aos espaços melhores urbanos, bem como, crescia a exclusão destes do processo social do mundo do trabalho. Viviam em condições degradantes.
Assim nasceu e se desenvolveu o movimento operário com o capitalismo industrial e sob uma jornada excessiva de trabalho, em locais úmidos, mal iluminados e sem ventilação, com salários ínfimos, risco de acidentes freqüentes, vivendo em condições humilhantes.


Essa nova “roupagem” social das cidades aglutinou contradições e desigualdades, acabando por induzir a criação de uma moderna estrutura sindical nos grandes centros urbanos.
Foi através de sindicatos fortes e organizados, bem como, através de suas centrais sindicais, é que os trabalhadores conseguiram muitos dos direitos que existem hoje em dia.

O movimento operário assumiu um caráter internacional na segunda metade do século XIX. E esse fato se deveu à avançada industrialização capitalista na maioria dos países europeus e nos EUA e no Japão. A situação de brutal exploração a que foram submetidos os trabalhadores industriais dos diversos países tornou possível o estabelecimento da identidade entre operários e a unificação de suas lutas. Ademais, pela primeira vez, os movimentos operários apresentavam-se apoiados numa teoria revolucionária que apontava à superação da pressão de classe e à “utopia” da construção de uma sociedade de seres humanos iguais e livres – sem exploração e sem explorados.

1.4. Os Novos Movimentos Sociais
Da mesma forma que o movimento operário surgiu e se desenvolveu com as contradições da sociedade industrial capitalista, o novo movimento surge e se desenvolve a partir das contradições do capitalismo monopolista em sua fase avançada. Com a crise do Estado de Bem Estar social (anos 60) o Estado perde sua capacidade de financiar o pleno emprego, entra em cena o setor privado, este com a corrida pelo consumo impõe ao planeta e aos humanos um dilema: o desequilíbrio ambiental. O que da origem aos movimentos sociais ambientalistas, marcantes nas sociedades atuais a partir dos problemas que se desenvolveram nelas, com duas correntes: ambientalistas e conservadores
-Ambientalistas - são aqueles se identificam com os movimentos ambientais e lutam por suas causas ecológicas, nacionais e internacionais. Volta-se para o desenvolvimento controlado equilibrado quanto à utilização dos recursos naturais: Greepeace (paz verde) e o S.O.S. Mata Atlântica.
-Conservadoristas - são aqueles que são tratados como adversários da questão ambiental, que pretendem o desenvolvimento não controlado a partir de agentes poluidores, da indústria e da tecnocracia mais radical, nega a utilização de tecnologias que põe em perigo o meio ambiente, optando por soluções alternativas, Ex: Bovê, ativista Francês.
Ambos explicitam claramente as contradições de um modelo de desenvolvimento auto-destrutivo, que põe em perigo não uma determinada classe social, mas a sociedade humana como um todo, na medida em que ameaça o equilíbrio ecológico.
Esses movimentos não estão apenas contrariando interesses de grupos econômicos e/ou de um modelo de interesses de desenvolvimento, mas pondo em causa um direito que é de todos: o direito de uma vida saudável, o que só pode ser assegurado por uma natureza saudável.

Movimentos Feministas, no século XX pelo fim das discriminações e pelo direito de igualdade com os homens. O que significa que esses movimentos reivindicam o respeito à condição feminina, o direito à diferença, o direito a isonomia, por ex: salários iguais para o mesmo cargo e função. Este é o resultado da nova condição da mulher na sociedade; muitas ingressaram em universidades e qualificaram-se, tabus são derrubados e a mulher passa a ter liberdade sobre o seu próprio corpo com o advento do anticoncepcional.
Conceber a idéia do exercício da cidadania para as mulheres no Brasil tem como suporte político-ideológico: a Declaração dos Direitos humanos das Mulheres, escrita por Olimpe de Gouges, militante de idéias democráticas na França, em 1971, que resultou em sua condenação à morte; o trágico 8 de março em Nova York de 1857, que se tornou um marco de luta das mulheres contra os seus direito violados; a ditadura no Brasil que vitimou

várias mulheres que lutavam contra os regimes antidemocráticos.
São incontestáveis as mulheres que cotidianamente têm sacrificado suas idéias, suas vidas nas perspectivas da superação das desigualdades sociais que têm cunho machista, radical e classista.

É importante lembrar que os movimentos sociais urbanos surgem reivindicando melhorias nos setores de transporte, saúde, de habitação, de segurança, etc., que demandam não apenas a manutenção ampliação de políticas sociais, mas a própria mudança de gestão pública.

O Estado, antes deficiente nos atendimentos das necessidades básicas da população, mostra-se incapaz de fazer face as crescentes demandas nos diversos grupos sociais.
Como exemplo, em Belém tem-se a Comissão de Bairros de Belém (CBB), fundada em janeiro de 1982, reivindicando reforma urbana. Atualmente, a entidade vem encaminhando propostas de políticas públicas para a saúde, saneamento, moradia, direitos humanos, segurança pública, transporte coletivo e educação.

O movimento negro é um outro exemplo, de expressão das mais diversas formas organizativas do povo negro, voltado a combater explicitamente o racismo e/ou valorizar a afro-cultura no Brasil. As primeiras entidades que atuam com esse propósito em Belém são: CEDENPA – Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará, Movimento Afro-descendente do Pará Mocambo, Amor – Associação Cultural do Movimento Reggae de Belém e Ananindeua e outros.
Aprovada pela ONU em 975, Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes define como portador de deficiência “qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência, congênita ou não, em sua capacidade física ou mental”. Em defesa do deficiente no Pará temos a APPD – Associação Paraense dos Portadores de Deficiência que luta pelos direitos dos seus associados.
No que diz respeito à questão da cidadania homossexual destacamos no Pará o MHB – Movimento Homossexual de Belém, GHP – Grupo de Homossexuais do Pará, Apolo e o COR – Grupo de Cidadania, Orgulho e Respeito - que através da realização de dois congressos homossexuais em Belém apresentaram propostas e idéias / projetos, alguns já aprovados, como: realização de trabalhos de conscientização nas escolas, possibilitando a inserção de homossexuais no ambiente escolar; aumento de hospitais – referência em tratamento e atendimento de pacientes com HIV em Belém; funcionamento 24h da Delegacia Discriminatória; criação de uma política não discriminatória, visando dar oportunidade aos homossexuais, que levem em conta suas aptidões e não sua orientação sexual.
Movimento Social dos Trabalhadores Sem Terra – MST - ocupações de terras a partir da tomada de consciência de um grupo de trabalhadores rurais sem terra. A estratégia básica do MST para alcançar seus objetivos consiste em invadir terras, em regras improdutivas, forçando negociações com os órgãos públicos a fim de legitimar a ocupação dos assentamentos. Surgiu em 1979 em Santa Catarina, fortemente influenciado pela Igreja católica, cresceu muito. A partir da segunda metade dos anos 80, quando passou a ter um explícito apoio de partidos políticos; marcou presença em todas as regiões do País contando com apoio técnico e jurídico das ONG’S, escolas, cooperativas, da população como manifestações populares de solidariedade. O MST ousa desafiar a estrutura secular do latifúndio no País.



Bibliografia
TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciação a Sociologia. S.Paulo: Atual, 2000.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. Série Brasil. Ed. Àtica. S. Paulo, 2005.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

SOCIOLOGIA E SOCIEDADE

Sociologia e Sociedade
O que é sociologia? A Sociologia é uma ciência que estuda a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano dos indivíduos em associações, grupos, instituições, seus papéis, classe, cultura, poder, conflito,etc.. Assim, o estudo da sociologia abrange todas as áreas do convívio humano — desde as relações na família à organização das grandes empresas, o papel da política na sociedade, o comportamento religioso, etc.
O foco de interesse da sociologia são os grupos humanos e as relações sociais desenvolvidas entre os seus integrantes. Como se dá essa relação Social? – Quando os indivíduos se relacionam com outros em sociedade (na vida em família, comunidades, grupos sociais, tribo, nações, etc.) interagem influenciando-se reciprocamente.
Nesse sentido, a sociologia com o objetivo de compreender e explicar as diferentes sociedades examina a vida humana e suas relações sociais e entende que os seres humanos são seres sociais influenciados pela interação social, a qual é que esta é base das sociedades.
Com ocorre a interação social? A sociologia ao tratar das relações sociais entre indivíduos, percebe nesse processo que os indivíduos interagem reciprocamente, ou seja, influenciam e são influenciados pelas idéias, linguagem, palavras, valores e cultura, atitudes, regras, costumes, princípios morais, as verdades dos outros, padrões etc. O simples contato não é suficiente para que haja interação. Para que haja interação é preciso que haja mudança do comportamento dos envolvidos como resultado do contato e da comunicação que se estabelece, principalmente por meio da linguagem. À medida que as pessoas interagem, se desenvolvem as regras e padrões de comportamento, compartilham as verdades. Esse processo chama-se socialização. Portanto, é a socialização que determina o comportamento e a vida em sociedade.
Como se dá a socialização? Como já vimos é com a interação social que ocorre entre os indivíduos na sociedade, comunidade, grupos ou família. Pode ser uma relação econômica, pedagógica, familiar, etc. Assim também os indivíduos se aproximam ou se afastam se associam ou dissociam.
À medida que nos socializamos aprendemos os costumes da nossa sociedade, os quais se tornam nossos costumes. Assim é que começamos a perceber que a ordem é possível.
A ordem desenvolve-se através dos padrões que estabelecemos, das regras, das verdades e estrutura que criamos. E se mantém graças às famílias, estruturas, escolas, religiões, líderes políticos, rituais, regras e punições e interação contínua auxiliam a ordem.
“Os seres humanos nascem inacabados: a natureza humana é apreendida, nosso próprio ser resulta da interação com os outros’ (COOLEY e MEAD)”.
Para melhor entender como os seres humanos são influenciados pela relação social, será contada, resumidamente, o caso das crianças selvagens de aveyron na França.
Abandonado na floresta (1797) aos 4 anos de idade. Aos 12 anos, capturado (passou a chamar-se Victor). Vestia-se com farrapos, suas pernas, braços, cabeça e peito ficavam nus. Apesar do frio não se sentia incomodado. Não pronunciava e não entendia palavras, andava como quadrúpede, apoiando-se nos pés e mãos. Rejeitava cama para dormir, preferia o chão.
Diagnóstico do 1º médico: deficiência mental, por isso foi abandonado pelos pais.
Diagnóstico do 2º médico (psiquiatra): agia assim por ter sido privado da convivência social e ausência absoluta da educação.
Veja só o processo de relação social do menino com outros seres humanos, e observe como a relação social muda o comportamento social das pessoas.
Um ano depois na convivência em sociedade - já se sentava à mesa, tirava água para beber, levava objetos a seu terapeuta, divertia-se ao empurrar um carrinho e começava a ler. Aprendeu a comportar-se a expressar sentimentos, a agir da mesma forma que as pessoas com as quais passou a conviver. 05 anos mais tarde fabricava pequenos objetos e podava as plantas.
Hipótese a que chegou Itard (o médico psiquiatra) – a maior parte das deficiências intelectuais e sociais não é inata, tem sua origem na falta de socialização, da comunicação com seus semelhantes. O ISOLAMENTO SOCIAL prejudica a sociabilidade do indivíduo. Na verdade as crianças que crescem entre os animais são incapazes de desenvolver atitudes e sentimentos humanos antes de contato com outros indivíduos de sua espécie, que vivem em sociedade. Admitindo que os indivíduos não sejam humanos fora do ambiente social. Visto que aquilo que consideramos dele, o riso, jamais iluminaria o rosto de crianças que vivem isoladas.
CONCLUSÃO a que chegou Itard – A maior parte das deficiências intelectuais e sociais se origina na socialização (na falta de comunicação com os seus semelhantes).
O caso do menino selvagem mostra que “o ser humano é um animal social por excelência” (SÓCRATES). Só adquire vida social na relação com outros seres humanos.
O caso das meninas (Amala e Kamala) criadas entre os lobos numa caverna na Índia, desde bebês encontradas com 4 e 8 anos (1921). Amala (4 anos) não resistiu, logo morreu. Kamala viveu cerca de 12 anos.
Característica do comportamento: ambas, cheiravam comidas antes de tocá-las, dilaceravam alimentos com os dentes e faziam pouco uso das mãos para comer e beber. Tinham aguda sensibilidade auditiva e olfato desenvolvido, andavam curvadas como quadrúpedes com as mãos no chão (ambas tinham hábitos e comportamento alimentares diferentes do nosso). Seis anos depois Kamala andou ereta, mas não ficava a vontade na companhia das pessoas, preferia o convívio com os animais que não se assustavam com sua presença e pareciam até entendê-la.
CONCLUSÃO – Os dois casos mostram que o indivíduo só adquire características verdadeiramente humanas quando convivem em sociedade com outros seres humanos estabelecendo relações sociais.
O fato das meninas crescerem entre os animais fez com que se tornassem incapazes de desenvolver atitudes e sentimentos humanos antes de qualquer contato com outros indivíduos de sua espécie vivendo em sociedade.
As meninas selvagens sobreviveram quase milagrosamente entre os animais selvagens, demonstra o quanto penaram para viver uma existência civilizada, deixa uma LIÇÃO: sem o denso tecido das relações sociais do qual participa todas as crianças não há humanidade. O indivíduo precisa do aprendizado para adquirir a maior parte de suas formas de comportamento. Para se tornar humano tem que aprender com outros seres humanos uma série e atitudes que jamais aprenderia em isolamento. Para que um bebê humano se transforme em um homem e mulher capaz de agir, viver e reproduzir como tais é necessário um longo aprendizado em que as gerações mais velhas transmitem as mais novas suas experiências e conhecimento.

  1. Referências: OLIVEIRA:Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. Série Brasil. Ensino Médio. V. único. Ed. ABDR, São Paulo, 2005.
  2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia

Atividade de classe e pesquisa.
1) O que você entendeu por sociologia?
2) Dê três exemplos de padrões de comportamento estabelecidos a partir da interação social entre indivíduos na sociedade.
3) Marque as alternativas corretas, quanto às mudanças ocorridas no comportamento das crianças selvagens após a relação social estabelecidas com outros indivíduos em sociedade?
a) O ser humano não é um animal social por excelência
b) A maior parte das deficiências intelectuais e sociais se origina na falta de comunicação com os seus semelhantes.
c) Os seres humanos nascem feitos.
d) Os dois casos mostram que o indivíduo só adquire características verdadeiramente humanas quando convivem em sociedade com outros seres humanos estabelecendo relações sociais.
e) O fato das meninas crescerem entre os lobos não interferira no desenvolvimento de suas atitudes e sentimentos humanos.
4. Qual a principal diferença de comportamento entre um indivíduo que vive em sociedade e outro que vive isolado?
5. o homem desenvolve, além das reações instintivas típicas de sua espécie como dormir, alimentar-se quando têm fome, reproduzir-se, que outras características o homem desenvolveu na teia de sua relação social?
6. Pesquise em jornais e revistas exemplos de comportamento social. No caderno escreva o título do assunto, a data e o nome do veiculo de comunicação que você usou. Cole seu recorte ou escreva um resumo do texto. Faça um comentário pessoal sobre o tema pesquisado.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Reflexões sobre o deseprego

O Desemprego

De fato, a forma contemporânea daquilo que se chama desemprego jamais é circunscrita, jamais definida e, portanto, jamais levada em consideração. Na verdade, nunca se discute aquilo que se designa pelos termos “desemprego” e “desempregados”; mesmo quando esse problema parece ocupar o centro da preocupação geral, o fenômeno real é, ao contrário, ocultado.
Um desempregado, hoje, não é mais um objeto de uma marginalização provisória, ocasional, que atinge apenas alguns setores; agora ele está às voltas com uma implosão geral, com um fenômeno comparável às tempestades, ciclones e tornados, que não visam ninguém em particular, mas aos quais ninguém pode resistir. Ele é objeto de uma lógica planetária que supõe a supressão daquilo que se chama trabalho; vale dizer, empregos.
(Viviane Foorester. O horror econômico. São Paulo: Ed. Da Unesp, 1997. p. 10-1.)

Questões
1. Será que existe tanto desemprego mesmo? Ou será que o trabalho existe, mas as pessoas é que não querem trabalhar?
2. Quando você vê uma estatística de desemprego, o que é que vem ao seu pensamento?

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Positivismo e materialismo Histórico e seus Conceitos


As duas principais Correntes Teóricas da Sociologia: Teoria Positivista - Funcionalista / Materialismo Histórico - Crítica Social.

O que é corrente teórica? Consiste no conjunto de idéias ou princípios que se propõe a explicar como um fenômeno social ou uma realidade social funciona, ou seja, como os seus efeitos agem sobre a natureza, sobre o indivíduo. Essas idéias visam a conservação ou transformação da realidade.

1. POSITIVISMO
Como entender o positivismo?- no dicionário é não admitir dúvida, o que é indiscutível, evidente, verdadeiro, certo, seguro, baseado nos fatos na experiência.
O Positivismo é caracterizado pela orientação científica do pensamento filosófico, atribuindo ao processo da ciência positiva a importância capital para o progresso de qualquer ramo do conhecimento. Essa forma de pensar o progresso positivo fez com que concluísse que os problemas sociais entre empresários e trabalhadores não se resolveria com uma luta política e sim através da ciência, da sociologia com base na ordem e no progresso.
A preocupação básica do positivismo clássico foi com a manutenção e preservação da ordem capitalista (sustentação dos interesses econômicos da burguesia), porque admitia que o capitalismo era a sociedade perfeita. Tratando, apenas, de conhecer os problemas da sociedade e dar uma solução cientifica. Concebia a sociedade como boa faltando, apenas, conhecer curar suas doenças.
No caso dos conflitos, crises sociais (Séc. XVIII e XIX) os positivistas não tomavam partido, acreditavam que podiam resolvê-los pela organização, buscando coesão e à harmonia natural entre os indivíduos, ou seja, estes deveriam se adaptar ou se conformar com a realidade existente de forma passiva e indiferente (sem consciência de classe).

OS CONCEITOS BÁSICOS DO POSITIVISMO
A sociologia desenvolvida por Durkhein tenta compreender o capitalismo; para conseguir isso, Durkheim deseenvolve uma série de conceitos, ou seja, um conjunto de palavras novas que formam uma teoria.
Como podemos definir conceito? Pode-se dizer que é um conjunto de idéias desenvolvidas a partir de nossa inteligência para explicar um fenômeno qualquer.

Assim, Durkheim ao observar, classificar e entender a sociedade capitalista desenvolve um conjunto de palavras novas, que são: Consciência Coletiva, Divisão do trabalho social, solidariedade orgânica , solidariedade mecânica, caso patológico e da anomia.

CONSCIÊNCIA COLETIVA – é formada pelas idéias comuns que estão presentes em todas as consciências individuais de uma sociedade, retratando a idéia de que seja o Psíquico Social, portanto não é a nossa consciência individual que faz parte de nossa personalidade, como nosso jeito individual de pensar, agir e entender a vida. A consciência coletiva determina nossa conduta mais social, mais geral, ela está difusa (espalhada) em toda sociedade.
Como a consciência coletiva se manifesta na sociedade? Em nossas vidas? Ela é exterior ao indivíduo e coercitiva. Assim, é ela que irá impor as regras de uma sociedade ou o modo como o indivíduo irá agir ou se comportar em sociedade. Com isso, Durkheim compreende que as ações de uma pessoa são determinadas pela consciência social, pois quando o indivíduo nasce já encontra a sociedade constituída por regras, leis, cultura (direito, dos costumes, das crenças religiosas, do sistema financeiro, etc.) que foram criadas pelas gerações passadas e transmitidas pela educação.
Durkheim cita exemplos de consciência coletiva: não sou obrigado a falar o mesmo idioma dos meus companheiros de pátria, nem empregar as moedas legais, mas é impossível agir de outra maneira; se sou industrial nada me proíbe usando processos técnicos do século passado, mas se o fizer terei a ruína como resultado inevitável.

DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL – Durkheim definia este termo como sendo a especialização das funções entre os indivíduos de uma sociedade.
O positivismo tenta entender o funcionamento da sociedade capitalista da mesma forma que a Biologia entende o funcionamento do corpo de um animal, isto é, Durkheim achava que a sociedade capitalista ao desenvolver-se, multiplicava-se as atividades a serem realizadas. Com isso cada indivíduo teria uma função a cumprir, a qual seria importante para o funcionamento de todo o corpo social.
Assim, de acordo com Durkheim, com o desenvolvimento ou progresso da sociedade capitalista surgem novas atividades, e mais atividades especializadas e estas por sua vez tornam-se divididas Desse modo os indivíduos passam a depender cada vez mais de outros. Por exemplo, o marceneiro passa a depender do lenhador que corta a arvore, do motorista que transporta a madeira, do operário que prepara o verniz, daquele que prepara pregos, martelos, serrotes, etc.
Mas, o efeito mais importante da divisão do trabalho social é tornar possível a união e solidariedade entre pessoas de uma mesma sociedade.

Da SOLIDARIEDADE ORGÂNICA à SOLIDARIEDADE MECÂNICA
A SOLIDARIEDADE MECÂNICA - Durkheim via que nas sociedades tribais e feudal a divisão do trabalho social era pouco desenvolvida, não havia um grande número de atividades especializadas, e a união de pessoas se dava a partir da semelhança da religião, tradição ou sentimento comum a todos. Por exemplo, a produção de bens de consumo era realizada pelo trabalho artesanal, no qual uma só pessoa produzia aquilo que necessitava sem depender de outras pessoas. Ao fazer a mesa o servo só dependia de seu trabalho isolado.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA – é a união de pessoas a partir da dependência que uma tem da outra para realizar alguma atividade social quando a divisão do trabalho social aumenta. Esse aumento ocorreu com a divisão e especialização das funções na sociedade capitalista. E cada pessoa ao especializar-se na atividade que realiza, passa a desenvolver sua individualidade, ou seja, passa ter liberdade, seguindo suas próprias idéias, independente da consciência coletiva.. A individualidade passa a ser ressaltada, pois cada um, de posse de sua atividade, age como bem entende, aí não há divergência para por em risco a existência do grupo.
Enquanto que com a solidariedade mecânica, em um grupo formado por amigos afins poderá ocorrer que um indivíduo discorde do outro, e isso pode ocasionar um conflito, pondo em risco a existência do grupo. Nesse caso, cada indivíduo deve agir seguindo a idéia comum do grupo e não a partir de suas próprias idéias para não por em risco a existência do grupo.
Durkheim tinha uma visão otimista sobre o futuro da sociedade capitalista, pensava que todo o progresso desencadeado pelo capitalismo traria um aumento da divisão do trabalho social e por conseqüência a solidariedade orgânica, a ponto de fazer com que a sociedade chegasse a um estágio sem conflitos e problemas sociais. Para ele o capitalismo era uma sociedade perfeita. Precisava-se apenas de conhecer os seus problemas e buscar solução científica para eles. Ou seja, a sociedade é boa precisando, apenas, curar suas doenças.

A sociologia diante do caso PATOLÓGICO E DA ANOMIA - para Durkheim, os problemas políticos entre empresários e trabalhadores não se resolveriam com lutas políticas e sim através da ciência, essa seria a tarefa da sociologia como ciência: compreender o funcionamento da sociedade de modo objetivo para observar, classificar e compreender as leis sociais e descobrir suas falhas e corrigi-las por outras mais eficientes. Durkheim acreditava que o funcionamento da sociedade controlado pelas regras e leis faria com que os problemas sociais não tivessem sua origem na economia. Por exemplo, o aumento diário da criminalidade é porque as leis não regulamentam ou o combate ao crime está falhando. E quando as leis não estão funcionando ocorre o caso patológico. E a ausência de regras é a anomia que deve ser evitada através da criação de uma nova moral que superes a velha.

Questão para responder:
1. Pense um pouco e tente encontrar exemplos de como a consciência coletiva exerce controle sobre nossa vida.

O Positivismo no Brasil.
O positivismo teve influência fundamental nos eventos que levaram à Proclamação da República no Brasil, destacando-se o Coronel Benjamim Constant (que, depois, foi homenageado com o epíteto de "Fundador da República Brasileira"). Benjamin Constant Botelho de Magalhães (Niterói, 1836 — Rio de Janeiro, 1891) foi um militar, professor e estadista brasileiro. Adepto do positivismo, em suas vertentes filosófica e religiosa - cujas idéias difundiu entre a jovem oficialidade do Exército brasileiro -, foi um dos principais articuladores do levante republicano de 1889, foi nomeado Ministro da Guerra e, depois, Ministro da Instrução Pública no governo provisório. Na última função, promoveu uma importante reforma curricular. As disposições transitórias da Constituição de 1891 consagraram-no como fundador da República brasileira.
A conformação atual da bandeira do Brasil é um reflexo dessa influência na política nacional. Na bandeira lê-se a máxima política positivista Ordem e Progresso, surgida a partir da divisa comteana O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim, representando as aspirações a uma sociedade justa, fraterna e progressista.
Outros positivistas de importância para o Brasil foram Nísia Floresta Augusta (a primeira feminista brasileira e discípula direta de Auguste Comte), Miguel Lemos, Euclides da Cunha, Luís Pereira Barreto, o Marechal Cândido Rondon, Júlio de Castilhos, Demetrio Ribeiro, Carlos Torres Gonçalves, Ivan Monteiro de Barros Lins, Roquette-Pinto, Barbosa Lima, Lindolfo Collor, David Carneiro, David Carneiro Jr., João Pernetta, Luís Hildebrando Horta Barbosa, Júlio Caetano Horta Barbosa, Alfredo de Morais Filho, Henrique Batista da Silva Oliveira e inúmeros outros.
Houve no Brasil dois tipos de positivismo: um positivismo ortodoxo, mais conhecido, ligado à Religião da Humanidade e apoiado pelo discípulo de Comte Pierre Laffitte, e um positivismo heterodoxo, que se aproximava mais dos estudos primeiros de Augusto Comte que criaram a disciplina da Sociologia e apoiado pelo discípulo de Comte Émile Littré.
Hoje os positivistas são em número reduzido, mas se reúnem no Rio de Janeiro (no Clube Positivista, no bairro da Cinelândia, e no Templo da Religião da Humanidade, no bairro da Glória, na rua Benjamim Constant), e ainda está sendo reativada a Capela no Rio Grande do Sul. A Igreja e o Clube são dirigidas pelo engenheiro Danton Voltaire Pereira de Souza, e tem experimentado um momento de reavivamento do interesse, na imprensa, revistas e comunidades acadêmicas.

2. MATERIALISMO HISTÓRICO
O que significa Materialismo Histórico? é uma teoria crítica, também, negadora da sociedade capitalista, que assume como tarefa teórica a explicação crítica da sociedade, e como objetivo final a sua superação. Essa teoria liga-se a tradição do pensamento socialista que encontra em Karl Marx a sua elaboração mais expressiva, comprometida com a transformação revolucionária da sociedade o pensamento marxista procurou tomar as contradições do capitalismo na sociedade como um dos seus focos centrais.
Materialismo Histórico que se expressa com uma teoria crítica da sociedade capitalista, através da qual Carl Marx procura tornar os grupos desfavorecidos conscientes de seus interesses objetivos. Com argumentos científicos Marx evidencia as realidades sociais não observadas ou mascaradas por falsas idealizações. Explica a situação social reinante como um estágio e um desenvolvimento ainda em curso, pois tudo se transforma, se modifica desde as leis, hábitos, costumes. Mostra que as ideologias estranhas à realidade da classe trabalhadora têm a função de manter os interesses da classe dominante.
A força dessa teoria deixada por Marx abre campo para a renovação social, tarefa do proletariado consciente. Logo, é a teoria crítica que abriu espaços para a reflexão da realidade e de tudo que está posto por uma classe dominante através de sua visão de mundo. Visão que não combina com nossa realidade, mas que de forma sutil e coercitiva se introduz em nossa vida, e sem percebermos assimilamos seus valores, os quais têm sempre por fim alimentar seus próprios interesses, movidos pelo poder do lucro econômico do capitalismo. Tendo por base a teoria crítica da sociedade, podemos analisar realidade e enxergar criticamente as contradições sociais existentes que nos envolve na sociedade.

OS CONCEITOS BÁSICOS DO MATERIALISMO HISTÓRICO
Enquanto Durkheim com o Positivismo queria saber como é a sociedade, estudando a consciência social e as regras morais, o Materialismo Histórico de Karl Marx irá analisar a forma de as pessoas trabalharem nessa sociedade (explicada através dos conceitos básicos). Percebendo-se que o Positivismo e o Materialismo Histórico são duas formas radicalmente opostas de entender a sociedade capitalista. Aceitar uma implica em negar a outra.
Para entender o materialismo histórico Karl Marx desenvolveu os seguintes conceitos: Mercadoria, Capital, Lei da Mais-Valia, Classes Sociais, Estado e Ideologia.

MERCADORIA
Marx em seu livro O Capital afirmava que a sociedade aparece, inicialmente, como um grande depósito de mercadoria – relaciono-me com o padeiro, pois compro pão, com o cobrador de ônibus, pois pago a passagem, etc. O trabalhador vende sua capacidade de trabalhar em troca de um salário, assim por diante.
O processo de circulação simples de MERCADORIA foi a base da organização da economia durante o mercantilismo – infância do capitalismo - momento em que a principal forma de acumular riqueza era através da troca de mercadorias (o comércio – 1400 a 17000), logo o que caracteriza esse processo é a troca de mercadorias.
Para sobreviver os indivíduos produzem os bens materiais para o seu consumo transformando a natureza através de seu trabalho e trocam entre si os produtos de que necessitam. Por exemplo: a pessoa A tem um quilo de pão e B tem uma loja de sapatos. A necessita de sapato e B de pão, assim, ambos trocam os produtos.
E o que determina que na troca das mercadorias meio quilo de pão vale um par de sapatos? - É o tempo de trabalho socialmente necessário para sua produção: se A leva 4 horas para fabricar meio quilo de pão, ele irá trocar pelos pares de sapatos de B que levou essa mesma hora para ser fabricado.

E se B não quiser trocar o sapato pelo pão? A troca não se efetua. Então, surge o DINHEIRO. Assim A leva seu pão ao MERCADO e troca o pão pelo equivalente em DINHEIRO (ouro), em seguida troca esse dinheiro por um par de sapatos.
Esse processo de circulação simples pode ser apresentado da seguinte forma:

M D M
Mercadoria Dinheiro Mercadoria
venda compra

Podemos perceber que a MERCADORIA caracteriza-se por possuir um valor de troca, ou seja, uma capacidade para ser trocada, e um valor de uso.
Quando passa do Mercantilismo ao CAPITALISMO (1701 até hoje) o que caracteriza a economia é o processo de formação de capital.
Processo de FORMAÇÃO DE CAPITAL – o que caracteriza esse processo não é mais a troca de mercadorias como no Mercantilismo, e sim a preocupação em produzir mercadorias (indústria). Trocando o Dinheiro por Mercadoria para em seguida trocar por mais Dinheiro. Na seguinte forma:

D M D
Dinheiro Mercadoria Mais Dinheiro
compra venda
Exemplo: com R$ 100,00 compro uma CAMISA (mercadoria) e vendo por R$ 200,00 (dinheiro), terei R$ 100,00 a mais de lucro mais Dinheiro . Como explicar esse aumento de R$ 100,00?
- No processo da circulação do capital não pode ser, pois o empresário que aumentou sua mercadoria para revendê-la, poderá perder esse lucro ao comprar outra mercadoria também com preço maior. Nesse caso, o capital se mantém constante. Portanto, se o lucro não nasce no momento da troca, ele só poderá nascer no momento em que o PRODUTOR FABRICA SUA MERCADORIA:

Compra com dinheiro determinadas mercadorias, transformando-as, acrescentando-lhes maior quantidade de TRABALHO, alterando para mais o seu valor

Assim o empresário que quer aumentar uma soma de dinheiro e torná-lo capital - compra o couro (matéria-prima), a máquina (meio de produção) e a força de trabalho (o operário). A FORÇA DE TRABALHO é a mercadoria com maior característica de acrescentar valor a outras mercadorias, ou seja, tem a capacidade de transformar o couro em sapato. A Força de trabalho, também, tem um preço estipulado, definido para sustentar todos os bens de consumo necessários para manter o trabalhador vivo em condições de trabalhar e de se reproduzir.

A LEI DA MAIS-VALIA
Segundo Marx, é no momento em que o empresário compra a força de trabalho de seu empregado que nasce o processo de exploração capitalista. De que modo?
O empresário, ao pagar os salários aos trabalhadores, nunca paga a eles o que realmente produziram.
É nesse processo D-M-D+ quando o trabalhador produz muito mais do que recebe, e o empresário fica rico, não a custa de seu próprio trabalho e sim do trabalho de seus empregados, pois estes com sua a força de trabalho transformam e geram maior valor à mercadoria. Sabendo que os trabalhadores
Um exemplo dessa relação de exploração do empresário ao trabalhador: se um empresário quiser aplicar R$15,00 na fabricação de um par de sapatos para obter lucro, deverá obter certa quantidade de couro (digamos R$10,00), uma máquina, cujo gasto para fabricação de 1 par de sapatos seja de R$2,00. Suponhamos também que o tempo de trabalho para fazer um par de sapatos seja de 4 horas (de que necessita para suprir de certos bens materiais de consumo, que equivalem a um dia de sobrevivência - 24 horas, que representa de uso de força de trabalho). Vamos imaginar que o gasto para manter essa força de trabalho durante 24 horas seja de R$3,00. Bem, até agora, nosso empresário, para fazer um par de sapatos gastou R$15,00. Onde, então, está o lucro?

PARA OBTER LUCRO, basta o empresário aumentar a jornada de trabalho de 4 para 8 horas, e assim obterá: R$20,00 em couro, R$4,00 no uso de máquinas e R$3,00 em força de trabalho, obtendo um total: R$27,00.

Vimos que o preço real do sapato é de R$15,00, mas aumentando a jornada de trabalho para 8 horas teremos 2 pares de sapatos que custam para o empresário R$27,00. Agora, o empresário pode vender cada par a R$15,00, e terá, então, R$30,00, sendo que para fabricá-los gastou R$27,00. A diferença de R$3,00 equivalente a 4 horas a mais que constitui o lucro, isto é:
O excedente de valor produzido que não é devolvido ao trabalhador; sendo apropriado pelo capitalista. Isso é o que Marx define como sendo a mais-valia.
(O exemplo citado acima foi feito com base nas afirmações de Marx no seu livro O Capital, I, capítulo V.)
A mais-valia é que irá caracterizar o capital, pois parte dela é reempregada no processo de acumulação capitalista. Assim, podemos perceber que o Capital não é algo mágico; ele nasce de determinadas relações sociais de produção e as
Mercadorias nada mais são do que a materialização do trabalho que não foi pago ao empregado
Sem esse raciocínio, há inversão de sentidos - as coisas não aparecem tão claras, somos levados a pensar que as mercadorias têm qualidade própria; que no processo de troca, as mercadorias se equivalem; que o dinheiro possui um poder mágico de compra. Dando a impressão de que o valor de trocas não equivale ao valor tempo de trabalho, e sim da manifestação das leis de oferta e procura.
A essa inversão de sentidos, Marx denominou de fetiche das mercadorias, e consiste basicamente em dar a impressão de que as relações sociais de trabalho são apenas relações sociais entre mercadorias. Fazendo com que as relações de exploração entre patrão e empregado fiquem encobertas, favorecendo a própria continuação do capitalismo.

CLASSES SOCIAIS
Para Marx, o capitalismo organiza-se de modo a dar origem a duas classes sociais: os empresários (ou burgueses) e os trabalhadores (ou proletários).

Uma pessoa é considerada pertencente à classe dos empresários quando possui capital, isto é, quando é proprietária dos meios de produção e compradora de força de trabalho (os empresários seriam os donos das indústrias, das grandes fazendas, dos bancos ou do grande comércio).

Uma pessoa é considerada pertencente à classe trabalhadora quando não tem nada, a não ser sua capacidade de trabalhar (força de trabalho), que vende ao empresário em troca de um salário (os operários, os camponeses, bancários, balconistas, auxiliares de escritório, empregadas domésticas, professores, secretárias, etc.)
Estas duas classes, segundo Marx, relacionam-se de modo a criar um conflito. Como? - Estudando a lei da mais-valia, percebemos que os empresários exploram os trabalhadores, não lhes pagando tudo aquilo que produziram. Assim, ao receberem um salário baixo são condenados a se alimentarem mal, a se vestirem mal, a morar em péssimas condições e ter uma saúde deficiente.
E para tentar mudar esse modo de vida é preciso que os trabalhadores organizem-se nos bairros, nas escolas e fábricas, exigindo dos empresários, ou do Estado, o direito a uma vida digna. Entretanto, aumentar o salário implica diminuir o lucro e privilégios do empresário, surge daí um conflito social:

Empresários lutando por mais lucro contra trabalhadores lutando por uma vida melhor. É o que Marx define por luta de classes.
Marx atribuiu aos trabalhadores à condição de CLASSE REVOLUCIONÁRIA, quer dizer, aquela classe que pode contribuir para a construção de uma nova sociedade sem exploradores nem explorados, por sua capacidade de se organizar e de lutar por seus direitos. Portanto, a superação dos problemas sociais no capitalismo não se dá como pensava Durkheim, através da ciência e sim por meio de uma luta política
Sociólogos contemporâneos (tempos atuais) afirmam que no interior da classe trabalhadora existem diversas divisões que podem dificultar a união dos trabalhadores em função de uma LUTA EM COMUM. Estas diferenças culturais na classe trabalhadora, seu comportamento cultural e político, são originadas por profissões diferentes, pela cor ou pelo sexo. Por exemplo, os valores e problemas da mulher que é, ao mesmo tempo, mão, dona-de-casa e trabalhadora são diferentes dos do homem. Um operário qualificado possuidor de casa própria pode ter um comportamento social e político diferente de um operário não qualificado, residente numa favela.


ALIENAÇÃO

O termo alienação, originalmente, - e ainda hoje – era o termo da psiquiatria que designava uma forma de perturbação mental, como a esquizofrenia – uma perda da consciência ou da identidade pessoal. Do posto de vista econônico-social é a perda da consciência de si em virtude de uma situação real. O homem perde sua consciência pessoal, sua identidade e personalidade, o que vale dizer sua vontade é esmagada pela consciência do outro ou pela consciência social – a consciência de grupo. O homem perde parcial ou totalmente sua capacidade de decisão. É ainda sua integração absoluta no grupo: ele massifica passa a pertencer à massa e não a si mesmo. Torna-se estranho a si mesmo e ao resultado de suas ações, invertido em relação as suas intenções, desejos ou necessidades
Marx faz do conceito alienação uma peça-chave de sua teoria para a compreensão da exploração econômica exercida sobre o trabalhador no capitalismo. A indústria, a propriedade privada e o salário alienavam ou separavam o operário dos “meios de produção” (ferramentas, matéria-prima, terra e máquina) e do fruto de seu trabalho, que se tornaram propriedade privada do empresário capitalista. Com o advento da máquina, o trabalho tornou o operário duplamente alienante: à máquina e ao dono da máquina. O homem se torna parte dela como o parafuso ou uma engrenagem. Não é o homem que produz é a máquina, ele limita-se a fazê-la funcionar, movimentá-la, detê-la. O aperfeiçoamento da máquina à medida que reduz o esforço físico do homem mais reduz sua participação e em conseqüência mais reduz sua intervenção consciente no trabalho. A máquina moderna dispensa a inteligência e a consciência humana e o anula como homem, se tornando uma peça dela.
Politicamente, também o homem se tornou alienado, pois o princípio da representatividade, base do liberalismo, criou a idéia de Estado como um órgão público imparcial (justo) capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la pelo poder delegado pelos indivíduos, tornando-os indiferentes às decisões, passivos, não percebendo se seus interesses estão sendo defendidos, sem participação política. Marx mostrou, entretanto, que na sociedade de classes o Estado representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse desta.
Segundo Marx, a “divisão social do trabalho” fez com que o pensamento filosófico e científico se tornasse atividade exclusiva da classe dominante. As diversas escolas filosóficas passaram defender a visão de mundo e refletir os interesses dessa classe. Algumas, como o liberalismo, transformaram-se em verdadeiras “filosofias de Estado”. O mesmo aconteceu com pensamento científico que, pretendendo-se universalizar, passou a expressar a parcialidade da classe dominante. Esse comprometimento do filósofo e do cientista em face do poder resultou também em nova forma de alienação para o homem que se tornou inconsciente, esquecendo suas verdadeiras aspirações e necessidades.
A classe trabalhadora, miserável, também sem oportunidades escolares de desenvolver sua formação nessas áreas de conhecimentos torna-se alienada, indiferente à participação e decisão político-social.
Alienado, separado e humilhado, o homem só pode recuperar a integridade de sua condição humana pela crítica radical ao sistema econômico, à política e à filosofia que o excluíram da participação efetiva na vida social. Essa crítica radical, que nasce do livre exercício da consciência só se efetiva na práxis, que é a ação política consciente e transformadora. A crítica está assim unida à práxis (novo método de abordar e explicar a sociedade e também um projeto para a ação sobre ela). Assim o marxismo se propunha como opção libertadora do homem.

IDEOLOGIA
Karl Marx se refere a ideologia como um sistema elaborado de representações e idéias, que corresponde as formas de consciência que os homens tem em determinada época. Na sociedade capitalista a ideologia busca identificar a realidade social da classe dominante, esconde, oculta as contradições existentes e silencia as representações contrárias as dessa classe. Essas representações, que são da classe trabalhadora, são classificadas como quimeras, imaginárias, ilusões, sonhos, em fim, algo que está em oposição às condições materiais da vida real.
É uma forma de dominação e controle sobre os trabalhadores, só que se apresenta de forma mais eficiente que a ação do Estado. Para entender o que seja ideologia, é importante, em primeiro lugar, saber que as pessoas, quando travam relações entre si através do trabalho, PENSAM e REFLETEM, criando representações simbólicas (pensamentos, idéias).
Aquilo que as pessoas pensam sobre a forma de como trabalha influi para que entendam sua própria vida social.
A forma mais elaborada de pensar recebe o nome de FILOSOFIA. A filosofia capitalista, no entanto, desenvolve-se através de poucas pessoas (os intelectuais), pois requer conhecimentos adquiridos numa educação especializada, a que poucos têm acesso (Antonio Gramsci).
Ao lado da Filosofia temos o SENSO COMUM, que nada mais é do que o conjunto de pensamentos e conclusões sobre a vida de forma simples, por pessoas comuns.
No seu conjunto, a FILOSOFIA CAPITALISTA (como elaboração de pensamento) e o SENSO COMUM (como a difusão do pensamento na sua forma mais simples) FORMAM A ESTRUTURA IDEOLÓGICA DA NOSSA SOCIEDADE. Em resumo:
Podemos definir a ideologia como sendo a elaboração do pensamento através da filosofia e sua difusão através do senso comum, a partir da forma de como os homens se relacionam no trabalho.
Vejamos um exemplo: a idéia de progresso aparece como uma caminhada em busca de uma perfeição contínua. Todos devem trabalhar para progredir ‘vencer na vida’ para ter uma vida melhor daquela que possuem. Em grande parte ‘vida melhor’ é entendida pela quantidade de bens e propriedade que o indivíduo possui. A partir daí procurou-se disseminar a idéia de que todos têm as mesmas possibilidades e condições de melhorar de vida, precisando apenas esforço e dedicação pessoal. Parte-se do pressuposto de que a sociedade capitalista é uma sociedade harmônica, em que não há nenhuma forma de exploração.
Assim, quando afirmamos que existe uma dominação através da ideologia, queremos dizer que a filosofia capitalista preocupa-se em transmitir uma visão de mundo acrítica e passiva, para que se aceite a exploração como algo natural, que sempre existiu e sempre existirá.
Na sociedade atual podemos afirmar que os instrumentos para impor a IDEOLOGIA são:
A escola, os meios de comunicação de massa, clubes, entidade assistenciais, seitas e alguns setores da religião.
Assim, para Marx, os empresários utilizam-se tanto do Estado quanto da Ideologia para controlar os trabalhadores, isto é, para explorá-los sem que eles percebam.
Hoje podemos dizer que a ideologia é um conjunto de idéias, procedimentos, concepções religiosas, filosóficas, intelectuais, que possui certa lógica e que orienta o sujeito para determinadas ações de uma forma partidária e responsável. Possui também, uma grande capacidade de mobilizar pessoas e as massas. Não é somente esse conjunto de elementos citados, ela tem uma poderosa força para acionar indivíduos. Torná-los ativos de certas idéias e ideais, na política, na religião e no dia a dia. Fazendo com que as pessoas produzam obra de arte, escrevam, trabalhem por alguma causa, explorem os outros, dediquem-se a alguma religião, cuidem da natureza e assim por diante.
Na sociedade atual podemos afirmar que os instrumentos para impor a IDEOLOGIA são: A escola, os meios de comunicação de massa, clubes, entidade assistenciais, seitas e alguns setores da religião.

Referências :
COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. S. Paulo: Moderna, 2005.
MEKSENAS, Paulo. Aprendendo sociologia: A paixão de conhecer a vida. 9ª edição. Ed. Loyola. S. Paulo, 2005
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. Série Brasil. Ed. Àtica. S. Paulo, 2005.




Questão para responder:
1. Pense um pouco e tente encontrar exemplos de como a consciência coletiva exerce controle sobre nossa vida.

Atividade de Pesquisa:
Assunto: As duas principais correntes teóricas da sociologia: Positivismo e Materialismo Histórico ou Crítica Social.

1. Explique o que significa teoria Positivista.

2. Identifiquem e complete nas questões abaixo as idéias teóricas do positivismo, ou do materialismo histórico.

a) As idéias _____________________________ são conservadoras, pois acreditam que a sociedade não deve ser mudada, que as coisas devem permanecer como estão, receiam qualquer transformação social. Por fim, admitem que os problemas sociais criados pelo capitalismo sejam resolvidos dentro do próprio capitalismo.
b) Segundo o ___________________________ a sociedade é um fenômeno transitório, isto é, passível de ser transformado. A mudança social poderá surgir no momento que a classe trabalhadora organizar-se e lutar para a criação de uma nova sociedade. Portanto são idéias transformadoras e revolucionárias.

c) Segundo idéias de Karl Marx, relacionadas à teoria _________________________________, a superação dos problemas sociais no capitalismo não se dá como pensava Durkheim, através da ciência e controle do Estado, mas sim através da luta política das classes trabalhadoras.
d) A teoria ________________________________ afirma que uma pessoa é considerada como pertencente à classe trabalhadora quando não tem nada, a não ser sua capacidade de trabalhar (força de trabalho) que vende ao empresário em troca de um salário.
e) O ______________________________ através de Durkheim acreditava que os problemas sociais não tinham sua origem na economia como pensava Marx, e sim numa crise moral, isto é, num estado social onde não existem leis ou as leis não estão funcionando, portanto, cabe ao poder Estado criar leis e a partir dela uma nova moral social para na prática controlar as pessoas e organizar a sociedade.
f) De acordo com as idéias _____________________________ o capitalismo é a sociedade perfeita, precisa-se apenas conhecer os seus problemas e buscar uma solução científica para eles. Em outras palavras a sociedade é boa, sendo necessário apenas curar suas doenças.
g) O __________________________________se expressa como teoria crítica da sociedade capitalista, através da qual, Carl Marx procura tornar os grupos desfavorecidos conscientes de seus interesses objetivos. Com argumentos científicos Marx evidencia as realidades sociais não observadas ou mascaradas por falsas idealizações..
3. Analise segundo o ponto de vista da teoria positivista, que atitudes ou decisões poderiam ser tomadas diante de uma greve de trabalhadores reivindicando melhorias salariais?
4. Para o pensador positivista Durkheim, o que significa divisão social do trabalho?
5. Baseando-se na teoria de karl Marx: Materialismo histórico, comente sobre a origem do lucro, da riqueza em nossa sociedade e as conseqüências para o trabalhador.
6. Pesquise reportagens sobre situações ou problemas sociais gerados pela organização da sociedade capitalista, tais como o consumo de massa, a pobreza, a criminalidade, o analfabetismo, etc. e faça comentários sobre esses problemas considerando a compreensão do Materialismo Histórico ou Crítica Social de Karl Marx.
7. Comente sobre o significado do conceito alienação
8. Diga o que você entendeu sobre ideologia?

Imagem - sociologia no esino médio

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Turmas 1 e 2/Tarde visitam a galeria do IPHAN

Atividade extra classe de sociologia: cultura e diversidade. IPHAN, Belém, Novembro/2009

Surgimento da Sociologia

ORIGEM DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO – FORMAÇÃO SOCIOLÓGICA

As primeiras reflexões sistemáticas sobre a vida em sociedade e sobre os grupos que a compõe começaram na Grécia Antiga, a alguns milhares de anos. Essas primeiras tentativas de compreender como as forças sociais funcionam baseavam-se na imaginação, na fantasia, na especulação a partir da ação dos seres mitológicos, como os deuses e heróis. Na mitologia greco-romana, por exemplo, havia um deus pra a guerra, outro para o comércio, uma deusa para as relações amorosas, Hera, mulher do supremo deus Zeus, protegia o casamento e tutelava a vida familiar.

Até o início da era moderna (sec. XV) as tentativas de explicar a sociedade foram muito influenciadas pela filosofia e pela religião que propunham normas para a sociedade procurando modificá-la de acordo com seus princípios.

Insatisfeitos com as explicações mitológicas, os filósofos gregos foram os primeiros a empreender um estudo sistemático das sociedades humanas. Platão (427-347 a.C) e Aristóteles (384-322 a.C). É de Aristóteles a afirmação: “O homem nasce para viver em sociedade”. Santo Agostinho (354-430) em seu livro a Cidade de Deus, propunha normas para evitar o pecado em sociedade capitalista.

Os pensadores renascentistas abordavam os fenômenos sociais de maneira mais realista. Escreveram sobre a sociedade sua época: Maquiavel (autor de O Príncipe), Tomás Morus (Utopia), Francis Bacon (Nova Atlântida) e outros. No sec. XVII Thomas Hobbes (Leviatã). No sec. XVIII Gianbattista Vico (sua obra A Nova Ciência). Segundo Vico: “O mundo social é, com certeza obra do homem” – foi um conceito revolucionário de sua época.

Reconheceu a influencia decisiva da sociedade sobre o indivíduo, Jean-Jacques Rousseau em seu livro “O Contrato Social” afirma “O homem nasce puro, a sociedade é que o corrompe”. Hoje, sabe-se que o indivíduo também influencia e também modifica o meio em que vive ao agir sobre ele.

Entretanto, foi no século XIX – com Augusto Comte, Herbert Spencer, Gabriel Tarde e, principalmente, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx – que a investigação dos fenômenos sociais ganhou um caráter verdadeiramente científico.


A Revolução Industrial e o Surgimento da Sociologia

O surgimento da sociologia ocorre num contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da sociedade capitalista. O século XVIII constitui um marco importante para a história do pensamento ocidental e para o surgimento da sociologia. A dupla revolução que este século testemunha – a Industrial e Francesa – constituía os dois lados de um mesmo processo, qual seja, a instalação definitiva da sociedade capitalista.

Revolução Francesa (1789) - foi um grande acontecimento histórico que marca a transição do feudalismo para o capitalismo, fez por encerrar a sociedade feudal e o regime absolutista monárquico (o qual mantinha a intervenção do Estado na economia e os privilégios hereditários da nobreza e do poder), abrindo-se o caminho para a modernidade.

Foi a luta da burguesia aliada às massas (maior parte da população pertencente aos setores empobrecidos e miseráveis, composta por camponeses, pequenos comerciantes, artesão, aprendizes de ofício, assalariados, desempregados, marginalizados) com o objetivo de abolir radicalmente a sociedade feudal e construir um Estado moderno que assegurasse seus interesses (a autonomia do Estado Moderno em face da Igreja e proteção à empresa capitalista). Desse modo, a burguesia organizou o maior levante de massas populacionais até então conhecido, combatendo o Estado absolutista monárquico, ou seja, a intervenção desse Estado na economia e os privilégios e o poder hereditários da nobreza fez por encerrar a sociedade feudal, abrindo caminho para a modernidade.

Essa Revolução representou a luta da burguesia pelo poder, contra Estado Absolutista Monárquico e as classes que sustentavam a dominação feudal (nobreza e clero) visando impedir que interferissem na expansão do capital dessa nova classe (burguesa). Para ganharem forças nessa luta aproveitam-se do enfraquecimento do Estado Monárquico (em decadência) e embasados com as idéias iluministas pregam a “liberdade, igualdade e direito à propriedade”, assim, agitando as massas aliadas a favor de seus representantes (burgueses) no palácio de Versalhes em Paris.

Com a nova classe no poder criou o Estado Moderno, deferiu seus golpes contra a Igreja, confiscando suas propriedades e transferindo para o Estado Moderno as funções da educação; destruiu os antigos privilégios de classe feudal, e amparou e incentivou os empresários burgueses. Podendo-se dizer que essa revolução derruba as barreiras dos impérios, quebra coroas e esmaga povos.

Revolução Industrial (1760-1900) - Iniciou-se um processo de transformação econômica na Europa. As tradicionais forças de energias (água, vento, força muscular de animais) foram substituídas por máquinas a vapor e eletricidade. Instalou-se a indústria, e esta passa substituir o velho comércio mercantilista. A acumulação de riquezas passa a ser condição principal do setor indústria. As condições de trabalho também se modificaram, os camponeses abandaram suas antigas ocupações para trabalhar como assalariado; as oficinas dos artesãos foram substituídas por fábricas; as ferramentas trocadas por máquinas.

O processo de transformação sócio-econômica significou algo mais que a introdução da máquina a vapor e dos sucessivos aperfeiçoamentos dos métodos produtivos, representou o triunfo da indústria capitalista, convertendo grandes massas humanas em simples trabalhadores despossuídos (desempregados, sem moradia ou moradia digna, alimentação, higiene e saúde precárias, além da grande exploração da força de trabalho humano com uma jornada de mais de 15 h. e baixos salários).

A cada avanço da sociedade capitalista, os costumes e as instituições até aí existentes eram destruídos, e iam aparecendo novas formas de organizar a vida social, completamente diferentes das já vividas anteriormente. Essas mudanças eram provocadas pela estratégia do novo sistema (capitalista) que movido pelo desejo de lucro, passa a ofertar trabalho à mão de obra livre. Esse procedimento acarretou uma desordenada migração de homens, mulheres e criança, famílias inteiras do campo para cidade. Forma-se um número muito grande de pessoas na fila dos que buscavam trabalho. E aqueles que conseguiam trabalho eram envolvidos pela exploração intensa e trabalho barato. Isso levou logo a sociedade a uma crise - problemas de habitação precária, falta higiene, alcoolismo e prostituição, alta taxa de mortalidade infantil, aumento de suicídios, violência, a formação do proletariado, greves, etc. (“anarquia”, “perturbação” ou caos). Com levantes revolucionários, em muitas regiões da Europa os trabalhadores se organizaram em sindicatos com o objetivo de lutar por melhores condições de trabalho dos empregados.

Essas novas vivências na sociedade vão, paulatinamente, modificando o pensamento moderno, que vai se tornando racional e científico, substituindo as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum. Então, novos pensamentos e reflexões buscam reorganizar a sociedade, estabelecendo “ordem e a paz”, para encontrar um estado de equilíbrio na nova sociedade. Para isso seria necessário, conhecer as leis que regem os fatos sociais, instituindo, portanto, a ciência da sociedade.


Pensadores clássicos da sociologia, e os conceitos básicos da explicação sociológica
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Foi a partir de estudos sobre as transformações ocorridas na sociedade no século XVIII pela revolução Francesa e a revolução industrial, quando ocorreram mudanças radicais no curso da sociedade, que os pioneiros da sociologia passaram a estudar, refletir sobre os problemas que emergiram na sociedade. Assim a sociedade passa a ser um novo "objeto" de estudo nas idéias dos pensadores clássicos que desenvolveram os conceitos fundamentais para a nova ciência: a sociologia.

Vamos iniciar com aquele que é tradicionalmente considerado a criador do termo sociologia:


Augusto Comte (1789-1857). O período histórico em que viveu Comte na França pós-revolucionária presenciou a miséria (em Paris), o desemprego, a desordem, a anarquia, em fim, via um caos. Em sua interpretação era necessário restabelecer a ordem nas idéias e nos conhecimentos criando um conjunto de crenças comuns a todos os homens. Precisava promover a modernização a partir da industrialização

Com esta expectativa, Augusto Comte indicou com clareza o significado da nova ciência, ainda que em esfera filosófica, como também lhe deu o nome. Para Comte a sociologia era a soma das ciências, seu campo prolongava pelas demais ciências.

Para Comte: “essa nova ciência seria a única capaz de proporcionar a renovação dos costumes, das idéias, da moral, como medidas para reorganizar a sociedade, tirando-a da fase crítica e encaminhando-a para sua organização definitiva”. (FILHO, 1983:10) Portanto, a sociologia na obra de Comte nasceu com dois objetivos claros e práticos: conhecer para agir e compreender para reorganizar. A nova teoria da sociedade que Comte chamava de “positiva” deveria ensinar o homem aceitar a ordem existente deixando de lado sua negação. Comte influenciou em toda a tradição republicana na Europa, na América Latina. No Brasil suas idéias foram muito claras, como pode ser visto no lema que estampa a Bandeira Nacional: “Ordem e Progresso”.

David Émile Durkheim (1858-1917), é apontado como um de seus grandes teóricos. Ele como seus colaboradores se esforçaram para emancipar a sociologia das demais teorias sobre a sociedade e constituí-la como disciplina rigorosamente científica. Sua preocupação foi definir com precisão o objeto, o método e as explicações dessa nova ciência. Durkheim definiu com clareza o objeto da sociologia: os fatos sociais. Em seu método de análise, explicitado no livro “As regras do método sociológico”.

Para Durkheim, a sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade, mas também encontrar soluções para a vida social. Preocupava-se com a ordem social, em busca de uma solução para a fragilidade moral, propôs novas idéias capazes de guiar a conduta moral do indivíduo, cujo caminho poderia ser encontrado com a ajuda da ciência, investigando os valores morais e a partir deles poderia criar relações estáveis entre os homens na sociedade.

Segundo Durkheim o homem vivendo em sociedade se depara com regras de conduta que não foram diretamente criadas por ele, mas que existem e são aceitas, devendo ser seguidas por todos, sem essas regras as sociedades não existiriam. Para ele, fato social significa essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade.

Um exemplo bem simples que vai nos ajudar a entender o conceito de fato social, segundo Durkheim. Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa situação muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para pôr uma roupa adequada.

Existe um modo de vestir que é comum, que todos seguem. Isso não é estabelecido pelo indivíduo. Quando ele entrou no grupo, já existia tal norma, e, quando ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, quer não, vê-se obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir, sofrerá uma punição. O modo de vestir é um fato social. São fatos sociais também a língua, o sistema monetário, a religião, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo.
Para Durkheim, os fatos sociais são o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. Embora os fatos sociais sejam exteriores, eles são introjetados pelo indivíduo e exercem sobre ele um poder coercitivo.

Resumindo, os fatos sociais, para Durkheim possuem três características: coercitivos - são as forças que os fatos sociais exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se com as regras da sociedade e que vivem (sansões legais e espontâneos); exteriores aos indivíduos – atuam sobre os indivíduos independentes de sua vontade ou de sua adesão consciente. As regras, as leis, os costumes já existiam antes do nascimento da pessoa, são impostas a eles por meio de coerção social, como a educação; o fato social também é geral – a generalidade é comum no grupo, se repetem para a maioria das pessoas, como a formas de comunicação, habitação.

Durkheim defendia a sociedade capitalista como meio de superar as crises e levar as sociedades a evoluírem e a garantir a coesão social (harmonia). O modelo teórico positivista de Durkheim encaminhou a sociologia como ciência, pois se preocupava mais em explicar a realidade concreta de que determinar uma ordem justa das relações humanas.

http://www.infoescola.com/sociologia/fatos-sociais/

Por: Camila Conceição Faria

Fato social é toda “coisa” capaz de exercer algum tipo de coerção sobre o indivíduo, sendo esta “coisa” independente e exterior ao indivíduo e estabelecida em toda a sociedade.
O sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917), tido por muitos como um dos pais da sociologia moderna, define em seu livro, “As Regras do Método Sociológico” (1895), que o objeto de estudo da Sociologia deve ser o fato social, pois ele deriva da vida em sociedade, que é caracterizada pelo conjunto de fatos sociais estabelecidos.

Podemos classificar como fatos sociais as regras jurídicas, morais, dogmas religiosos, sistemas financeiros, maneiras de agir, costumes, etc., enfim, todo um conjunto de “coisas”, exteriores ao indivíduo e aplicáveis a toda a sociedade, que são capazes de condicionar ou até determinar suas ações; sendo esta “coisa” dotada de existência própria, ou seja, independente de manifestações individuais. No entanto, devemos ressaltar que nem todo fato comum em determinada sociedade pode ser considerado fato social, não é a generalidade que serve para caracterizar este fenômeno sociológico, mas sim a influência dos padrões sociais e culturais, da sociedade como um todo, sobre o comportamento dos indivíduos que integram esta sociedade; como exemplo podemos citar o alto índice de suicídios no Japão, não são apenas fatos individuais e particulares que levam esses indivíduos ao suicídio, mas toda a cultura e a formação social daquele país; se considerássemos outra cultura e outros padrões sociais, talvez esses indivíduos, com as mesmas frustrações particulares, não optassem pelo suicídio. Este fenômeno pode ser considerado não apenas um fato social, mas também, um fato psicológico. Fatos sociais não devem ser confundidos com os fenômenos orgânicos e nem com os psíquicos, que constituem um grupo distinto de fatos observados por outras ciências.

Características do fato social


Coercitividade – característica relacionada com o poder, ou a força, com a qual os padrões culturais de uma sociedade se impõem aos indivíduos que a integram, obrigando esses indivíduos a cumpri-los.


Exterioridade – relaciona-se ao fato de esses padrões culturais serem exteriores ao indivíduo e independentes de sua consciência.


Generalidade – os fatos sociais são coletivos, ou seja, eles não existem para um único indivíduo, mas para todo um grupo, ou sociedade.



Max Weber (1864-1920) propõe, diferentemente de Durkheim, uma objetividade na análise sociológica. Para ele a sociedade não é algo exterior e superior aos indivíduos como afirma Durkheim, pelo contrário, para Weber as normas e regras sociais são resultados de um conjunto de ações individuais, sendo que os agentes escolhem o tempo todo, as formas de conduta. Exemplo: as idéias coletivas, o Estado, o mercado econômico, as religiões, etc. que só existem porque muitos indivíduos orientam suas ações num determinado sentido.

Por isso ele define como objeto da sociologia a ação social - que é qualquer ação que o indivíduo pratica orientando-se pela ação do outro. Vejamos um exemplo: o eleitor, que define seu voto orientando-s pela ação de outros eleitores. Assim, para ele, só existirá ação social se existir relação significativa, com isso teremos relações sociais.

Max Weber cria tipos de ações sociais: Ação tradicional (a que determina um costume ou um hábito arraigado), Ação afetiva (a que determinada por afetos ou estados sentimentais), racional com relação aos valores (determinada pela crença consciente num valor importante para si), racional com relação aos fins (determinadas pelos cálculos racionais que coloca fins e organiza os meios necessários ou adequados).

Karl Marx (1818-1883) foi um pensador clássico da sociologia que se definia militante da causa socialista, por isso suas idéias não se preocuparam a definir uma ciência específica para estudar a sociedade. Mas suas idéias foram defendidas com luta como princípios norteadores de uma nova sociedade, quando o marxismo se organiza como corrente política por outros pensadores.

Diferentemente de Durkheim e Weber, Marx considerava que não se pode pensar relação indivíduo-sociedade separadamente das condições materiais em que essas relações se apóiam. Para ele as condições materiais de toda a sociedade condicionam as demais relações sociais. Ou seja, para viver, para existir como seres vivos os homens tem de comer, construir abrigos, utensílios, etc. e para isso precisa, inicialmente da natureza. Por isso o estudo da sociedade deveria partir justamente a partir das relações sociais que os homens estabelecem entre si para utilizar os meios de produção e transformar a natureza. Para Marx, portanto a relação de produção é a raiz de toda a estrutura social. Não poderia estudar os aspectos sociais econômicos, políticos e ideológicos sem analisar essa relação básica que condicionava a totalidade da sociedade.

Mas, o objetivo geral de Marx não era elaborar uma teoria geral da sociedade, e sim estudar a sociedade de seu tempo – a sociedade capitalista, na qual as relações sociais de produção definem dois grandes grupos: de um lado os capitalistas, que são aquelas pessoas que possuem os meios de produção (máquinas, ferramentas, capital, etc.) necessários para transformar a natureza e produzir mercadorias; do outro lado, os trabalhadores, também chamados no seu conjunto de proletariado, aqueles que nada possuem a não ser seu corpo e sua disposição para trabalhar. A produção na sociedade só se realiza porque trabalhadores e capitalistas entram em relação.

Para Marx o conhecimento científico só tem sentido se tiver sentido a transformação da realidade. Sua proposta é de intervenção na sociedade a tal ponto de propiciar uma tomada de consciência da classe operária para superar o capitalismo.

Trabalhar com esses pensadores clássicos é importante para compreendermos como se constrói o processo de uma nova ciência a partir das necessidades de uma determinada época, pois os conhecimentos que até então se têm não dão conta de responder ou se tornaram incapazes de auxiliar as pessoas a compreenderem o que está acontecendo. Diante disso as discussões desses clássicos são fundamentais para alicerçar a compreensão dos conceitos utilizados pela explicação sociológica.


Referências Bibliográfica:

OLIVEIRA:Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. Série Brasil. Ensino Médio. V. único. Ed. ABDR, São Paulo, 2005.

TOMAZI, Nelson Dácio. Iniciação a sociologia, 2 edição - São Paulo: Atual: 2000.


Texto complementar

Definição dos conceitos:

Pensadores iluministas e o pensamento racionalista - insistiam numa interpretação da realidade baseada na explicação do modelo da natureza. O objetivo dos iluministas era estudar as instituições (comércio, religião, a família) de suas épocas, era demonstrar que elas eram irracionais e injustas, que atentavam sobre a natureza dos indivíduos e nesse sentido impediam a liberdade dos homens, os quais eram dotados de razão e destinados à liberdade e igualdade. Com isso, reivindicando a liberdade dos indivíduos de todos os laços tradicionais. O homem comum daquela época deixava de encarar as instituições sociais as normas como fenômenos sagrados, imutáveis submetidos às forças sobrenaturais. Passando a concebê-las como produto da atividade humana, portanto passíveis de serem conhecidas e transformadas.

O pensamento naquela época afastava as interpretações baseadas nas superstições e crenças infundadas, a visão sobrenatural, para substituir por uma explicação e indagação racional pela explicação o método científico (aplicação da observação e experimentação).

Vico (1658 – 1740) enfocava novas pistas para a investigação racional da realidade. Afirmava que a sociedade poderia ser compreendida porque ao contrário da natureza, ela constitui a obra do próprio indivíduo essa posição de Vico influenciou Hegel e Marx.

Os iluministas enquanto ideólogos da burguesia atacavam os fundamentos da sociedade feudal, os privilégios de suas classes dominantes e a restruturação que estas impunham.

John locke – pai do iluminismo, condenou o absolutismo monárquico revelando grande preocupação com a liberdade individual do cidadão.

Montesquieu - Defendeu os três poderes - legislativo, executivo, e judiciário, como forma de evitar o abuso dos governantes, de proteger as liberdades individuais.

Voltaire – fez crítica ao clero católico, a intolerância religiosa e à prepotência dos poderosos. Não era propriamente um democrata, era defensor da monarquia respeitadora das liberdades individuais, governada por um soberano esclarecido.

Rouseau (1712 – 1728) – O soberano deveria conduzir o estado segundo a vontade geral do povo, em vista ao bem comum. Somente um Estado de bases democráticas teria condições de oferecer a todos os cidadãos um regime de igualdade jurídica. Exaltou as virtudes da vida natural e atacou a corrupção, avareza e os vícios da sociedade civilizada. Torou-se célebre por defender os ideais da pequena burguesia e inspirador dos ideais presentes na revolução francesa.

Adam Smith, (1723 – 1790): critica a política mercantilista baseada na intervenção do Estado na vida econômica. A economia deveria ser dirigida por um jogo livre de oferta e de procura de mercado (lessez-fere). Defendia o trabalho como livre iniciativa dos particulares.

Os iluministas enquanto ideólogos da burguesia atacavam os fundamentos da sociedade feudal, os privilégios de suas classes dominantes eas restrições que estas impunham aos interesses econômicos e políticos da burguesia.

Nas idéias Iluministas, alguns de seus pensamentos podem ser relacionados com o comércio:

Igualdade perante a Lei; no ato da compra e venda as eventuais desigualdades entre compradores e vendedores não tinham importância. Ningém teria previlégios de nascimento, como a nobreza apresentava no antigo regime.

Tolerância religiosa ou filosófica: na ato do comercio não importava a convicção religiosa ou filosófica dos participantes dos negócio, a capacidade econômica definia-se pela lógica do ter e não do ser.

Liberdade pessoal de mercado: era preciso que existisse jogo livre de oferta e de procura. Por isso a burguesia se opôs a escravidão humana e passou a defender uma sociedade “livre”.

Propriedade privada: o comércio só era possível entre proprietários de bens e de dinheiro porque tinha direito de usar e dispor de seus bens. A sociedade capitalista sempre defendeu o direito a propriedade privada.



Exercício de Fixação - Surgimento da Sociologia

Questão 1: Selecione as afirmativas que indicam o contexto histórico, social e filosófico que possibilitou a origem da sociologia.

I- A sociologia é um produto das revoluções francesa e industrial e foi uma resposta às novas situações colocadas por estas revoluções.

II- Com o desenvolvimento doa industrialização, a maioria da população que se concentrava nas cidades da Europa passou a habitar outros continentes.

III- O surgimento da sociologia ocorre no contexto histórico da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da sociedade capitalista.

IV- A formação de uma sociedade, que se industrializava e urbanizava em ritmo crescente, propiciou o progresso e a harmonia da sociedade. Assinale a alternativa correta.

a. I, III e IV

b. I, e III

c. II, III e IV

d. I, II e III

Questão 2: “A Sociologia é a ciência dos problemas sociais que emergem com a chegada do século XVIII. Que tem um marco econômico e outro político e social.” (TELES, Mª Luiza. Sociologia para Jovens. Petrópolis – RJ, Ed. Vozes: 2002.)

Sobre os aspectos que determinam o surgimento da Sociologia, é correto afirmar que:

a. O Renascimento Comercial e urbano, assim como a ascensão das monarquias absolutistas determinou o surgimento das Ciências Sociais.

b. Com a revolução Francesa e a Revolução Industrial a Europa passa por grandes transformações sociais, políticas e econômicas que determinam o surgimento da sociologia.

c. É a partir da desagregação feudal e da conseqüente consolidação do trabalho servil que a sociologia passa a ter seus fundamentos estabelecidos.

d. A partir da consolidação do modo de produção feudal a Sociologia passa a ter todos os fundamentos necessários para se organizar sistematicamente como ciência.

e. É somente com a Revolução francesa que a sociedade européia passa a ter consolidação do poder nobiliárquico e o surgimento da sociologia.

Questão 3: “A Sociologia surgiu a partir da necessidade de se realizar uma reflexão sobre as transformações, crises e antagonismos de classe experimentada pela então nascente sociedade industrial” (MARCELINO, Nelson. Introdução às Ciências Sociais. Ed. Papirus: São Paulo, p-29)

De acordo com seus conhecimentos e com o enunciado acima, marque a alternativa que representa as afirmações corretas:

I- A Sociologia surgiu a partir da necessidade do homem de explicar os fenômenos naturais e físicos, com base nos conhecimentos das características sócias;

II- As Ciências Sociais organizaram-se a partir de modernidade explicando sistematicamente a segregação de ordem feudal;

III- O pensamento sociológico está diretamente relacionado ao mundo urbano-industrial e seus problemas políticos, econômicos e sociais.

a. I e II estão corretas

b. II e III estão corretas

c. I e III estão corretas

d. Somente a II

e. Somente a III

Questão 4: A preocupação com os problemas sociais existe desde quando o homem é homem. A busca de soluções para estes problemas também. Mas, no entanto o pensamento sociológico está diretamente ligado às conseqüências da Revolução Industrial. Neste sentido, o que distingue o pensamento sociológico, dos pensamentos sociais anteriores?

a. A capacidade do ser humano de relacionar as dificuldades sociais com a possibilidade de solução imediata dessa problemática.

b. A possibilidade da sistematização, da elaboração de um método de análise e a definição de um objeto de pesquisa.

c. A transição do pensamento medieval para a criação de uma filosofia da problemática social com os iluministas no século XVIII.

d. A formação de uma elite de pensadores ligados ao processo de industrialização, que com técnicas matemáticas definiu a sociedade a partir de seus indivíduos.

e. A criação de uma técnica filosófica que busca a valorização do indivíduo no todo social, ao mesmo tempo em que busca, apenas, relações do homem com a sociedade.

Questão 5: Dentre os conceitos abaixo apresentados, um deles não pode ser relacionado à Sociologia:

a. É a ciência que estuda as relações entre indivíduos e a sociedade.

b. É o pensamento científico que analisa os problemas sociais oriundos das relações entre as classes sociais.

c. É uma forma de compreensão filosófica dos problemas sociais, que podem ser percebidos ao longo do processo histórico.

d. É a ciência que analisa as instituições sociais em relação com o ser humano, organizado em sociedade.

e. É uma forma de pensamento científico que busca a compreensão dos fatos sociais.

Questão 6: Sobre a Sociologia é correto afirmar que:

a. Surgiu a partir da necessidade de analisar os fenômenos físicos e biológicos e sua relação com o ser humano em sociedade.

b. É um pensamento cientifico que ainda guarda o obscurantismo da Idade Média, mas que se consolidou com a Revolução Industrial.

c. Apresenta-se no mundo contemporâneo como uma ciência que ainda precisa de instrumentos analíticos, pois ainda não apresenta um processo de sistematização definido.

d. Deve ser identificada como um ramo da Filosofia que se preocupa com os acontecimentos sociais e que detém um objeto de estudo definido.

e. É uma ciência que apresenta um objeto de estudo definido, um método de análise e a sistematização dos seus postulados.

.Questão 7: Sobre o surgimento da sociologia podemos negar.

Marque apenas uma alternativa.

  1. Com a desordenada migração do campo pra cidade, logo a sociedade se organizou, a população em geral, progrediu economicamente e socialmente, apesar do aumento da violência, da formação do proletariado.
  2. Com a consolidação da sociedade capitalista as grandes massas humanas se converteram em simples trabalhadores despossuídos.
  3. A cada avanço em que se consolidava a sociedade capitalista, representava a destruição dos costumes introdução de novas formas de organizar a vida social completamente deferente dos já vividos anteriormente.
  4. A revolução Industrial significou algo mais que a introdução da máquina a vapor e dos sucessivos aperfeiçoamentos dos métodos produtivos, representou o triunfo da indústria capitalista.
  5. O universo teria que ser visto apenas de um ponto de vista, apoiado na racionalidade.



Exercício sobre o Surgimento da Sociologia 2 - questões objetivas

1. Weber propõe em sua obra, Economia e Sociedade, uma classificação de tipos ideal de ação social. Identifique nos exemplos citados abaixo os tipos de ação social criados por Weber:

I. O consumidor adquire um relógio motivado pela emoção da causa.

II. O empresário oferece uma gratificação para o empregado mais produtivo.

III. O católico caminha 90 quilômetros para demonstrar fé.

IV. O estudante escolhe o colégio X só porque ali estudaram seus pais.

De acordo com os exemplos acima, marque a alternativa CORRETA:

a) Os exemplos III e IV ilustram, respectivamente, a ação afetiva e a ação racional com relação a fins.

b) Os exemplos I e IV ilustram, respectivamente, a ação afetiva e a ação tradicional.

c) Os exemplos II e IV ilustram, respectivamente, a ação racional com relação a fins e a ação racional com relação a valores.

d) Os exemplos I e II ilustram, respectivamente, a ação racional com relação a fins e a ação tradicional.

e) O exemplo III ilustra a ação racional com relação a fins.

2. Completa e as frases seguintes:

a) Emile Durkheim classifica o fato social em __________________ , __________________, e geral;

b) Dois acontecimentos históricos constituem um marco importante para a instalação definitiva da sociedade capitalista e conseqüentemente pra o surgimento da sociologia: a _______________________________e a _______________________________, ambas se constituíram dois lados de um mesmo processo.

3. Segundo Marx o conhecimento científico só tem sentido se for levada em conta a transformação da realidade. Sua proposta é de intervenção na sociedade a tal ponto de propiciar a tomada de consciência da classe operária a fim de superar o capitalismo. Sobre sua contribuição para a análise sociológica é correto AFIRMAR:

a) Marx foi um pensador clássico da sociologia, porém não se definia militante da causa socialista, por isso suas déias não se preocuparam a definir uma ciência específica para estudar a sociedade.

b) Igualmente a Durkheim e Weber, Marx considera que não se pode pensar relação indivíduo-sociedade separadamente das condições culturais em que essas relações se apóiam.

c) Para Marx normas e regras sociais são resultados de um conjunto de ações individuais, sendo que os agentes escolhem o tempo todo, as formas de conduta.

d) Marx afirma em seus estudos que a relação de produção é a raiz de toda a estrutura social ou a base da análise material para a compreensão dos fenômenos que ocorrem em sociedade.

e) Quanto a teoria político-revolucionária era necessário restabelecer a ordem nas idéias e nos conhecimentos criando um conjunto de crenças comuns a todos os homens.

4. Emile Durkheim observara que uma condição fundamental para a sociedade existir é o consenso social. Pois sem o consenso social não há cooperação entre os indivíduos e, portanto, não há vida social. Sobre sua contribuição para a formação da sociologia pode-se NEGAR:

c) Que a sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade, mas também encontrar soluções para a vida social.

d) Segundo esse pensador os fatos sociais são regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade.

e) Que o estudo da sociedade deveria partir, justamente, das relações sociais que os homens estabelecem entre si para utilizar os meios de produção e transformar a natureza.

f) O modelo teórico positivista de Durkheim que encaminhou a sociologia como ciência se preocupava mais em explicar a realidade concreta de que determinar uma ordem justa das relações humanas.

g) Ele com os seus colaboradores se esforçaram para emancipar a sociologia das demais teorias sobre a sociedade e constituí-la como disciplina rigorosamente científica.

5. Augusto Comte indicou com clareza o significado da nova ciência – a sociologia - ainda que em esfera filosófica, como também lhe deu o nome. A sociologia seria a única capaz de proporcionar a inovação dos costumes das idéias e da moral, tirando-a da fase crítica e encaminhando-a para a organização definitiva. Portanto, em sua interpretação podemos reconhecer a questão CORRETA:

a) Segundo a teoria de Comte para restabelecer a ordem nas idéias e nos conhecimentos é preciso que o proletariado tome consciência de classe, a fim de lutar para superar as condições de exploração nas relações de produção pela classe burguesa.

b) Foi Comte quem emancipou a sociologia das demais teorias sobre a sociedade e a constituía como disciplina rigorosamente científica. Para a organização da sociedade ele definiu dois grandes grupos: de um lado os capitalistas, do outro os trabalhadores, também chamados no seu conjunto de proletariado.

c) Comte estabeleceu como objeto de estudo da sociologia o fato social, o qual se caracteriza pelas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade.

d) Para esse pensador, a nova teoria da sociedade, a qual chamava de “positiva” deveria ensinar o homem aceitar a ordem existente deixando de lado sua negação.

Algumas idéias sobre Alienação

A idéia de Alienação

Alienação: seu conteúdo jurídico designa a transferência ou venda de um bem ou direito.

Rousseau (1712 - 78) alienação passa designar idéia de privação, falta ou exclusão.

Hegel e Feuerbach (Filósofos alemães) conferem à alienação um sentido de desumanização e injustiça.

Marx faz do conceito alienação uma peça-chave de sua teoria para a compreensão da exploração econômica exercida sobre o trabalhador no capitalismo. A indústria, a propriedade privada e o assalariamento alienavam ou separavam o operário dos “meios de produção” (ferramentas, matéria-prima, terra e máquina) e do fruto de seu trabalho, os quais se tornaram propriedade privada do empresário capitalista.

Politicamente o homem se torna alienado, com o princípio da representatividade do Estado como um órgão público justo, capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la pelo poder delegado pelos indivíduos (base do liberalismo). Marx mostrou que na sociedade de classes esse Estado representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse desta.

O Pensamento filosófico e o científico, segundo Marx, uma nova forma de alienação para o homem.
Com a “divisão social do trabalho”, o pensamento filosófico se tornou atividade exclusiva do grupo da classe dominante, a qual expressa uma visão distorcida da vida, da sociedade e do Estado, pois, refletem seus interesses. O liberalismo transformou-se em verdadeira filosofia de Estado, com a intenção explicita de defendê-lo e justifica-lo.
O mesmo aconteceu com o pensamento científico que, pretendendo-se universal, passou a expressar os interesses da classe social que ele representa. Esse comprometimento do filósofo e do cientista em face do poder resultou também em nova forma de alienação para o homem.

Com a crítica radical ao sistema econômico, o marxismo se propunha como opção libertadora ao homem alienado, separado e humilhado - Essa crítica radical ao sistema econômico, à política e à filosofia que o excluíram da participação efetiva na vida social. Crítica que nasce do livre exercício da consciência e só se efetiva na práxis (ação política consciente e transformadora).

A crítica está assim unida à práxis (novo método de abordar e explicar a sociedade e também um projeto para a ação sobre ela). Assim o homem poderá recuperar a integridade de sua condição humana

Alienação é o efeito imperioso de certas estruturas ou formações sociais - produto da ação humana, têm por efeito tornar o homem estranho a si mesmo, e os resultados de suas ações invertidos em relação as suas reais intenções, desejos ou necessidades.

Referência Bibliográfica:
COSTA, Maria Cristina. Sociologia: Introdução à ciencia da sociedade. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2005


Imagem sobre oTrabalho Escravo no Brasil

Imagem de uma Casta

Imagem de uma Casta
Imagem de uma casta inferior

Imagem de diversidade cultural

Imagem de diversidade cultural
Cultura e diversidade

Estratificação Social

Estratificação Social e a questão das desigualdades e das diferenças sociais.


Estratificação Social é entendida como a divisão da sociedade em estratos ou camadas hierarquicamente superpostas. Cada estrato ou camada é representado por indivíduos ou grupos distribuídos segundo a posição social, as atividades que exercem e os papéis que desempenham na estrutura social, a exemplo da distribuição das pessoas em classes: alta (classe A) média (classe B) baixa (classe c). Podendo-se dizer que estratificação é o processo social através do qual as vantagens e recursos como riqueza, poder e prestígio são distribuídos desigualmente na sociedade.

Principais Tipos de Estratificação Social

A corrente Weberiana, parte do pressuposto de que não somente a riqueza, a posse e a renda, são fatores de diferenciação social, mas também o status, a honra, o prestígio e o poder. Segundo ele, a sociedade se assenta sobre três dimensões distintas: a econômica, a social e a política. Esse é um dado essencial para se compreender a sua análise multidimensional.

Estratificação econômica – nesta dimensão a sociedade é estratificada através dos critérios pautados na riqueza, na posse de bens materiais e na renda. Fazendo parte elementos que irão hierarquizar as pessoas na sociedade em ricas pobres e em situação intermediária.

Estratificação profissional ou social - constitui uma estratificação baseada no status. O seu elemento definidor é a honra e o prestígio que as pessoas e/ou grupos desfrutam, ou não desfrutam, a posição que ocupam na sua profissão, o seu estilo de vida, etc., ou seja, para Weber a estratificação social é baseada nos diferentes graus de importância atribuído a cada pessoa pela sociedade. Exemplo, em nossa sociedade, a profissão de médico é mais valorizada que a do pedreiro.

Estratificação política - baseada no poder (grupos que tem poder e grupos que não tem poder). Quanto mais poder os indivíduos e/ou grupos ostentarem, melhor eles se posicionarão na escala de reconhecimento no interior dessas relações de poder é de dominação.

Essa abordagem multidimensional de Max Weber parte do pressuposto de que os indivíduos podem se situar na escala de estratificação de modo diferente nessas três dimensões. Por exemplo, um indivíduo pode possuir riqueza suficiente para colocá-lo no topo da escala social no âmbito da ordem econômica, mas não possuir honras e prestígio suficientes para se situar no patamar mais elevado no âmbito da dimensão social. Sua riqueza pode não ser considerada fonte de prestígio e de honrarias.

Na atualidade, muitas vezes os denominados novos-ricos não são considerados detentores de honrarias suficientes para participar dos círculos sociais das famílias ricas mais antigas, que ostentam uma respeitabilidade baseada em anos de tradição sedimentada em torno de alguns nomes que passam a ser símbolos de prestígio. Para Weber na sociedade capitalista existe o empenho dos novos-ricos em se integrar no grupo dos ricos tradicionais com fins de obterem reconhecimento social

Nota-se que Weber não elimina a implicação econômica, mas considera que há outros elementos (prestígio e poder) que são também definidores das posições sociais.

A desigualdade como produto das relações sociais

Karl Marx (1818-1883), um dos pensadores mais expressivos na construção de uma investigação científica sobre a desigualdade como fenômeno social. Segundo Marx, a desigualdade social é considerada como produto de um conjunto de relações pautado na propriedade, que produz a dominação e garante a manutenção e a reprodução das condições das desigualdades.

As desigualdades sociais - frutos/produtos dessa relação contraditória em forma de apropriação e dominação num sistema de organização social no qual uma classe produz e outra se apropria do produto desse trabalho. Tornam-se, assim, evidentes as contradições entre as duas classes fundamentais do modo de produção capitalista – a classe operária e a classe capitalista – e garante-se a dominação política (exclusão da classe operária das decisões) desta última sobre a primeira.

A vida social produz e reproduz a todo instante e em todos os níveis, não apenas econômicos, mas também políticos e culturais, uma multiplicidade de relações contraditórias que, por sua vez, são responsáveis pela manutenção das desigualdades sociais.

A sociedade de castas

As castas são categorias rígidas, determinadas por certos critérios, como hereditariedade, etnia, religião, nascimento, e estas determinam situações de respeitabilidade e de relações. Não permitem mobilidade de uma casta para oura. Assim, o indivíduo carrega consigo pelo resto da vida a posição social herdada. No mundo antigo temos uma série de exemplos de organizações em castas (Grécia, China...), onde as desigualdades políticas, jurídicas, religiosas, etc. expressavam-se através do lugar que o indivíduo ocupava na estrutura de cargos e profissões, definidos pela hereditariedade, em primeiro plano. Assim, as desigualdades sociais aparecem praticamente sem artifícios para amenizá-las: o escravo nasceu para ser escravo, da mesma forma que alguns homens nasceram para dominar.

Mas, é na sociedade indiana que temos a expressão mais acabada desse sistema.

Uma das características que marcaram a estratificação social da sociedade hindu foi que a hierarquização se dava com base na hereditariedade (o nascimento como condição básica para se definir uma dada posição na ordem social) e nas profissões (definiam os indivíduos como pertencentes a grupos de status diferentes). É um sistema muito rígido e fechado.

Pode-se esquematizar a estratificação indiana pela seguinte pirâmide social de castas:

Brâmanes: sacerdote e mestres da erudição sacra. Preservam a ordem social sob a orientação divina.

Xátrias: guerreiro formando a hierarquia militar. Entre elels estão os governantes de origem principesca, cm a função de proteger a ordem social e o sagrado saber.

Vaixás: são comerciantes, artesão e camponeses.

Sudras: executam trabalhos manuais e operações servis de toda espécie, e constitui a casta mais baixa è seu dever servir as castas superiores.

Páreas: os miseráveis estão fora e abaixo da pirâmide social. Sem direito a quaisquer privilégios, inspiram asco e repugnância as demais castas, vivem da piedade alheia por serem considerados impuros, etc.

O sistema de castas caracteriza-se por relações estanque quem nasce numa casta nunca pode sair dela. Não há mobilidade nesse sistema. Assim, a questão da endogamia (casamento só no interior da mesma casta); alimentação (só se alimentam junto com pessoas da mesma casta e preparados e recomendados pela mesma). Não podendo haver contato físico entre membros das castas superiores e inferiores.

Entretanto com a urbanização e industrialização crescentes e com a introdução de padrões de comportamentos ocidentalizados, promoveu algumas mudanças, pois membros de castas diferentes, os xátrias, os vaixás têm saído da Índia para negociar e com isso não são vistos como membros de uma casta, mas um indivíduo em negócio ou diplomata. Na questão de possuírem riquezas, posses isso não lhe dão direitos de passarem para uma casta superior, embora lhe confira poder econômico trazendo-lhe outra distinção (fora)

Em teoria em 1947 foi abolido o sistema de casta na Índia mais quase nada significa, a abolição é gradativa nos centros urbanos (Nova Délhi e Calcutá), porém, nas aldeias ainda é rígido por influência da religião, o sistema de casta está arraigado no íntimo de cada indo. Os indianos das castas superiores não aceitam perder o privilegio, submetendo os parias aos empregos mais subalternos.

Os estamentos

Estamentos ou estado é uma camada social semelhante á casta, porém mais aberta. Pois, a mobilidade social ascendente é difícil, mas não impossível como nas castas. Exemplo a sociedade feudal, cuja organização social baseava-se em estamentos, ou estratos: nobreza, clero e servos.

A honra, a hereditariedade, a linhagem, eram os elementos organizadores dos estamentos, ou seja, a hierarquização se estabelecia com base num conjunto de valores culturais, definidos pela tradição.

A sociedade estamental também produz, como na sociedade de castas, uma situação de privilégio pra alguns indivíduos que estavam diretamente ligados à honra. Aqueles que dominavam (a nobreza e o clero) eram os que se situavam melhor no código de honrarias que vigorava naquela sociedade.

Essa relação de privilégios, que tinha fundamento da honra, só era possível porque os estratos não privilegiados também reconheciam, na hereditariedade, na linhagem, a honra do outro. Ou seja, os dominados incorporavam, pelo conjunto de valores culturais vigentes (disseminados e sustentados pela Igreja Católica), a idéia de que determinado indivíduos estavam, pela tradição, acima dos demais; o que não queria dizer que a aceitação das regras de dominação abolia a possibilidade de revolta ou o uso da força.

As lutas entre os estratos sociais existiam, uma vez que a desigualdade de direitos levava, em determinados momentos, a rebeliões que não desmantelavam a forma de dominação vigente, mas tentavam impor alguns limites às condições de privilégios de alguns estratos em detrimento dos demais.

2. Classes sociais

As classes sociais expressam, no sentido mais preciso, a forma como as desigualdades se estruturam nas sociedades capitalistas, onde a posição de classe depende de critérios econômicos, sendo a renda e a riqueza um dos mais facilmente compreensíveis. Toda estrutura de classe possui muitas posições e graduações de duas a mais. Por exemplo: alta, média-alta, média-baixa, trabalhadora e baixa; ou pobres, os não ricos e os ricos.

Quanto mais alta a classe de uma pessoa maior poder, como também o prestígio podendo influenciar na ordem econômica, política mais regularmente do que os de classe inferior; também é maior a possibilidade dela conseguir o que deseja. A posição de classe influencia oportunidades que a pessoa tem na vida. A classe influencia as oportunidades educacionais, a expectativa de vida, a saúde, a colocação profissional, a satisfação conjugal, a nutrição, o nível de privação econômica e a mobilidade ocupacional geográfica, etc.

Karl Marx foi quem colocou no centro de sua análise a questão de classes. Para ele, as classes sociais mudam ao longo do tempo conforme as circunstâncias econômicas, políticas e sociais. Dependendo de cada situação histórica, podem-se encontrar muitas classes no interior dessas sociedades.

Mas a sociedade capitalista, na concepção de Marx, já começou dividida em duas grandes classes conflitantes a burguesia (proprietária dos meios de produção) e o proletariado (que personifica a força de trabalho e o salário).

No processo de produção capitalista, a divisão baseada em regime de propriedade faz com que uma classe seja dominante e a outra dominada, numa relação sistemática de dominação e exploração. Delineando o traçado de uma estruturação social desigual, que se explica porque são diferentes as relações que as pessoas mantêm com os elementos de produção (trabalho e meios de produção). O operário é expropriado, uma vez que produz riqueza e o capitalista se apropria do resultado dessa produção de forma privada, a única coisa que produz para si é o salário.

Dessa forma é a propriedade privada dos meios de produção que constitui a base econômica de nossa sociedade em classe

O prestígio social está associado às relações entre as pessoas e os elementos da produção: os proprietários dos meios de produção sempre gozam de mais prestígio social de que os trabalhadores

Na sociedade burguesa, o processo de reprodução social leva progressivamente à produção de interesses opostos, antagônicos, como parte do próprio movimento interno da estrutura social capitalista.

Mas em que se fundamenta essa dominação de uma classe (a capitalista) sobre as demais? Obviamente que não apenas sobre as relações econômicas citadas. Ao falar de dominação, Marx incluía as relações políticas que, entre outras coisas, tornam possível a reprodução das próprias condições sócio-econômicas.

Sabe-se que vida social produz e reproduz a todo instante e em todos os níveis, não apenas econômicos, mas também políticos e culturais, uma multiplicidade de relações contraditórias que, por sua vez, são responsáveis pela manutenção das desigualdades sociais.

Dessa forma, as desigualdades não são apenas econômicas, mas também culturais, pois expressam diferentes concepções de mundo, de acordo com cada classe social.

Participar de uma classe social significa, para o indivíduo, partilhar de múltiplas e diversas atividades sociais, na escola, na família, no trabalho, etc., que definem uma forma de pensar e de conceber a si próprio e aos outros.

Mobilidade social

Mobilidade social é mudança de posição social de uma pessoa num determinado sistema de estratificação social. A Mobilidade pode ser no sentido vertical ascendente e descendente ou horizontal.

Numa sociedade capitalista os indivíduos podem ocupar diferentes posições sociais – ou estratos – durante a vida. È possível que alguns deles que integram estratos de baixa renda possam integrar os de média renda ou de renda alta, ou ainda, em caso inverso.

Mobilidade social Vertical pode ser:

· Mobilidade social ascendente ou de ascensão social. - quando uma pessoa melhora sua posição no sistema de estratificação social, passa a integrar o grupo em geral economicamente superior ao anterior.

· Mobilidade Social Descendente ou de queda social - quando uma pessoa piora sua posição no sistema de estratificação social, passa a integrar o grupo em geral economicamente inferior ao anterior.

O filho de um operário, que pelo estudo passa a fazer parte da classe média é um exemplo de mobilidade social ascendente ou ascensão social. Por outro lado, a falência e o conseqüente empobrecimento de um empresário é um exemplo de mobilidade social descendente ou queda social.

Mobilidade Social Horizontal - A pessoa que muda de posição dentro do mesmo grupo social, permanecendo na mesma classe social. Ex.: Um jovem cientista (bolsista) pretendendo ser cientista (prestígio e mais rendimentos). A situação mostra uma pessoa que experimentou alguma mudança na posição social, mas que apesar disso permaneceu na mesma classe.

Facilidades, oportunidades e restrições.

O fenômeno da mobilidade social varia de sociedade para sociedade.Em algumas sociedades ela ocorre de maneira fácil, em outras quase inexiste no sentido vertical ascendente. Em geral é mais fácil ascender socialmente em São Paulo do que numa cidade do Nordeste, bem como é mais comum ascender numa sociedade americana do que no Brasil. Assim também, a mobilidade ascendente é mais comum numa sociedade aberta democrática – como nos Estados Unidos - do que numa sociedade aristocrática por tradição como a Inglaterra.

É bom esclarecer que numa sociedade capitalista mais aberta, dividida em classes sociais, embora a mobilidade social ascendente possa ocorrer com mais facilidade do que nas fechadas, ela não se dá de maneira igual para todos.

A ascensão social depende muito da origem de classe de cada indivíduo. Alguém que nasce numa camada social mais elevada tem mais oportunidade e condições de se manter nesse nível, ascender ainda mais e se sair melhor do que os originais das camadas inferiores, a exemplo dos pretendentes aos cursos universitários, as maiores possibilidades de aprovação no vestibular das universidades não pagas, federais e estaduais fica para aqueles de desde o início da vida escolar freqüentaram boas escolas, bem como cursinhos preparatórios de boa qualidade.

Exercício.

1. Estabeleça a relação entre estratificação social e mobilidade social.

2. Em que estrato a mobilidade social ocorre com mais facilidade.

3. Qual a contradição fundamental entre duas principais classes da sociedade capitalista?

4. Compare a mobilidade das sociedades de castas, estamentos e classes sociais.

5. Como você define as classes médias?

Bibliografia:

TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciação a Sociologia. S.Paulo: Atual, 2000.

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. Série Brasil. Ed. Àtica. S. Paulo, 2005.

COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. S. Paulo: Moderna, 2005.

CHARON, JOEL M. Sociologia. S. Paulo: Saraiva 2002.


Exercício de Sociologia Profa. Natalina L. Marques

1. Coloque V para as alternativas verdadeiras, e F para as falsas:

( ) Para Karl Marx a desigualdade social é considerada como produto de um conjunto de relações pautada na nos valores culturais.

( ) Estratificação Política é quando a sociedade é dividida através dos critérios pautados na riqueza, na posse de bens materiais e na renda.

( ) Na concepção de Marx, a sociedade já começou dividida em duas grandes classes conflitantes: a capitalista e o proletariado.

( ) Segundo Max Weber a sociedade se assenta sobre três dimensões distintas: a econômica, a social e a política.

( ) Segundo a corrente weberiana os proprietários dos meios de produção pertence a classe dominante que sempre gozam de mais prestígio social de que os trabalhadores.

2. Complete as afirmativas:

a) Constitui um modo estratificação baseada no poder ___________________________

b) Constitui um modo estratificação baseada no status, __________________________

c) Constitui um modo estratificação pautada na riqueza, nos bens materiais e na renda _______________________

d) As sociedades de ______________ são fechadas determinadas pela hereditariedade, etnia, religião.

3. Enumere a primeira coluna de acordo com a segunda:


( 1 ) Segundo Karl Marx, um conjunto de relações pautado na propriedade garante:

( 2 ) A multiplicidade de relações contraditórias numa sociedade:

( 3 ) A posição dos indivíduos nas classes sociais depende mais dos:

( 4 ) A sociedade estamental, também produz como na sociedade de castas:

( ) uma situação de privilégio ligados a

Hereditariedade para alguns indivíduos.

( ) a manutenção e a reprodução das condições das

desigualdades.

( ) Critérios econômicos.

( ) são responsáveis pela manutenção das

desigualdades sociais.


4. Dê um exemplo de mobilidade social vertical ascendente.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Leia a história de vida do Sr. Lauro e responda as questões a seguir:

O Sr. Lauro Pereira morava no Nordeste do Brasil, desempregado, foi para S. Paulo em busca de melhorar suas condições de vida, foi morar na casa de um primo, arrumou um emprego como ajudante num bar. Economizou muito, foi buscar sua família, e depois de 35 anos de trabalho e privações abriu uma pequena venda em sociedade com um amigo. O negócio foi crescendo, de mercearia a mercado e depois uma rede de supermercados, tendo se tornado um dos mais influentes membros da associação comercial da Cidade. Seus filhos têm curso superior e um deles é professor na universidade.

a) Identifique a classe social do Sr. Lauro, no início de sua aventura? _______________________________________

b) Que tipo de mobilidade social o Sr. Lauro sofreu quando enriqueceu?_____________________________________

c) Em sua opinião, que situação ou situações de privilégio nomeou o Sr. Lauro como um dos mais influentes membros da associação comercial de S.Paulo qual? _____________________________________________________________

d) Caso os negócios comerciais do Sr. Lauro não prosperasse seus filhos chegariam com facilidade na universidade? Justifique sua resposta. _____________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

e) Qual a posição de classe social ou profissional do filho de Sr. Lourenço que é professor na universidade? ________________________________________________________________________________________________

f) Se a rede de supermercados de Sr. Lourenço entrar em falência, que tipo de mobilidade social ele sofrerá? E para qual camada da estratificação social ele irá? ____________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

g) Em sua opinião, acha fácil para a maioria dos brasileiros ascenderem socialmente como o Sr. Lauro? Justifique sua resposta.

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

f) Se seu comércio do Sr. Lauro falisse, qual o tipo de mobilidade social ele e sua família sofreria?

Cultura e Sociedade

Cultura e Diversidade Cultural


O que se entende por cultura?

Há muitas definições para a palavra cultura, segundo o senso comum, uma pessoa que “tem cultura” é aquela que, de um modo geral, é muito bem informada, tem um conhecimento adquirido ou conhecimento acumulado. Assim, diz-se que pessoa é “culta” quando ela tem muitos conhecimentos, fez universidade, pós-graduação.

Entretanto, o conceito de cultura tem um significado diferente: é o conjunto de crenças (religião, ideologias, etc.), regras ou normas de comportamentos (o que se pode e o que não pode fazer), diversos instrumentos para realizar suas atividades (lápis, caderno, enxada, carros, máquinas, etc.), hábitos (modo de vestir, costumes alimentares), técnicas, manifestações artísticas, tradições, que são produzidos e transmitidos no interior de uma sociedade.

Para o antropólogo Clyde Kluckhon (1905-1960) cultura é “a vida total de um povo, a herança social que o individuo recebe de seu grupo, ou pode ser considerada a parte do ambiente que o próprio homem criou”.

Por sua vez, Bronislaw Malinovski (1884-1942), ensina que a cultura compreende “artefatos, bens, processos técnicos, idéias, hábitos e valores herdados”.

O Papel da Educação na transmissão da cultura

A aquisição e a perpetuação da cultura, portanto, é um processo social, resultante da aprendizagem. Cada sociedade transmite às novas gerações o patrimônio cultural que recebeu de seus antepassados. Por isso, a cultura é também chamada de herança social.

Nas sociedades em que não há escolas, a transmissão da cultura se dá por intermédio da família ou da convivência com o grupo adulto (educação é informal).

Quando há escolas, estas se encarregam de completar a transmissão da cultura iniciada na família e em outros grupos sociais (educação é formal).

A educação, tanto a formal, quanto a informal tem um papel importante na transmissão da cultura, porque transmite aos indivíduos os valores, os conhecimentos, as técnicas, o modo de viver, enfim, a cultura do grupo.

  1. Identidade Cultural

A cultura pode ser definida também como um estilo de vida próprio, um modo de vida particular que todas as sociedades desenvolvem e que caracteriza cada uma delas. Assim, os indivíduos que compartilham a mesma cultura apresentam o que se chama de identidade cultural. É essa identidade cultural que faz com que a pessoa se sinta pertencendo ao grupo, é por meio dela que se desenvolve o sentimento de pertencimento a uma comunidade, a uma sociedade, a uma nação, a uma cultura.

Por exemplo, as comunidades indígenas são realidades culturais diferenciadas em relação à sociedade dita “civilizada”. Como tal, são capazes de reproduzir regras, valores e estilos próprios de organização. Os indivíduos que pertencem a elas desenvolvem um forte sentimento de identidade cultural.

  1. O aspecto material e o não-material da cultura

A cultura material consiste em todo tipo de utensílios produzidos em uma sociedade – ferramentas, instrumentos, máquinas, hábitos alimentares, habitação, etc. – e interfere diretamente em seu estilo de vida.

Por exemplo: um dos alimentos básicos no interior do Nordeste é a farinha de mandioca; muitos nordestinos preferem utilizar redes em vez de camas para dormir; também no interior dessa região, as casas das classes baixas são muitas vezes construídas com barro socado entre hastes de madeira cruzadas (taipa) e cobertura de palha. Forma-se, assim, um modo ou estilo de vida fundamentado na cultura material da região. Portanto a cultura material abrange todo e qualquer objeto resultante da transformação da natureza pelo trabalho humano.

Já a cultura não-material abrange todos os aspectos morais e intelectuais da sociedade, tais como: normas sociais, religião, costumes, ideologia, ciências, artes, folclore, etc.

Por exemplo, a maior parte da população brasileira segue a religião católica, não há pena de morte em nossa legislação e a miscigenação racial é muito forte, embora persistam manifestações de preconceito e atitudes discriminatórias, principalmente contra os negros. Esses aspectos não-materiais de nossa cultura contrastam com o que encontramos, por exemplo, nos Estados Unidos – uma sociedade de maioria protestante, na qual muitos estados empregam a pena de morte e onde a discriminação racial era oficialmente permitida até a década de 1960, quando, após muita luta, criaram-se leis que impedem as práticas racistas.

3. Componentes da cultura - Para melhor compreender o que é uma cultura, vamos estudar alguns de seus componentes (traços culturais, complexo cultural, área cultural, padrão cultural, subcultura).

Traços culturais – Você já viu alguém dançando frevo? Trata-se de um gênero musical típico de Pernambuco e do carnaval de Recife e Olinda. Pois bem, cada passo do frevo é um traço cultural dessa manifestação de cultura popular que é o carnaval pernambucano (o mesmo se pode dizer do samba no Rio de Janeiro, do Carimbo no Pará).

Traço cultural é o menor componente representativo de uma cultura. Ele pode ser um objeto material – por exemplo, o cocar de penas usado por nossos índios. Neste caso, ele próprio é constituído de partes menores – as penas usadas na confecção do cocar, por exemplo. Entretanto, as penas de pássaro só passam a ser um traço cultural quando reunidas, em nosso exemplo, na forma de um cocar.

Um carro, um lápis, uma capa, uma pulseira, um computador são outros exemplos de traços culturais. Os traços culturais são os componentes mais simples da cultura. Eles são as unidades de uma cultura.

É necessário ressaltar que os traços culturais só tem significado quando considerados dentro de uma cultura específica. Um colar pode ser um simples adorno para determinado grupo e para outro ter um significado mágico ou misterioso.

Complexo cultural – A combinação dos traços culturais em torno de uma atividade básica forma um complexo cultural.

Por exemplo, o carnaval no Brasil é um complexo cultural que reúne um grupo de traços culturais relacionados uns com os outros: carros alegóricos, música, dança, instrumentos musicais, trios elétricos, desfiles, orquestras de frevo, baterias de escola de samba, fantasias, etc. Da mesma forma, o futebol é um complexo cultural que pode ser desmembrado em vários traços culturais:o campo, a bola, o juiz, os jogadores, a torcida, as regras do jogo, etc.

Área cultural – A região em que predominam determinados complexos culturais forma uma área cultural. Esta é, portanto, o espaço geográfico no qual se manifesta certa cultura. Assim, os grupos humanos localizados em determinada área cultural apresentam grandes semelhanças quanto aos traços e complexos culturais.

No Brasil não temos ainda uma situação multicultural. Existe, sim, miscigenação racial e sincretismo cultural, mas ainda não se pode falar em multiculturalismo, pois convivemos com manifestações de racismo, preconceito e discriminação. Apesar disso, é inegável que a miscigenação deu origem no Brasil a uma fusão de culturas, como podemos ver no texto a seguir.

Os mil tons da aquarela cultural do Brasil

Formadas originalmente do encontro de portugueses com indígenas e africanos, desenvolveram-se, neste imenso território, separadas por longas distâncias, diversas sociedades com especificidades próprias, que refletiram não só as condições da natureza loca,l mas históricas também.

Nas diversas regiões podemos observar – nos traços físicos da população, na culinária, no linguajar, no folclore, nos ritmos, nas festas populares, na religião e em vários outros aspectos – ora a presença marcante da cultura de raízes africanas, ora a cultura indígena, portuguesa e também italiana, alemã, japonesa, etc.

(Adaptado de: Júlia Faliverne Alves. Identidade nacional em debate.

São (Paulo, Moderna, 1997.p.96-7).

Padrão cultural - Padrão cultural é um conjunto de normas que rege o comportamento dos indivíduos de determinada cultura ou sociedade. É a cultura que estabelece os padrões de comportamento. Um padrão de comportamento é uma norma, isto é, uma expectativa ou uma determinação de como o indivíduo deve agir dentro de um grupo. Em outras palavras: quando os membros de uma sociedade agem de uma mesma forma, estão expressando os padrões culturais do grupo. Por exemplo, na sociedade brasileira, o casamento monogâmico é um dos padrões culturais, é normal e aceito um homem beijar uma mulher, os pais beijarem os filhos, mas não um homem beijar outro homem. Porem em outras sociedade esses exemplos podem fazer parte de suas normas, hábito, logo o que é norma em uma sociedade pode não ser em outra.

Subcultura - No interior de uma cultura podem aparecer diferenças significativas, caracterizando a existência de uma subcultura. Assim, por exemplo, há comunidades no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, nas quais certos costumes e valores se diferenciam claramente dos praticados em outras regiões do país. Em algumas dessas comunidades, as pessoas se comunicam não só em português, mas também em idiomas europeus, como o alemão. Por seu isolamento, mantiveram traços culturais dos países de origem: hábitos alimentares, festas típicas e, em alguns casos, até o idioma materno. Temos, assim, uma subcultura regional no quadro mais amplo da cultura brasileira.

A ocorrência de subculturas não se limita a diferenças regionais. Também pode se verificar na relação entre gerações. Às vezes, por exemplo, os jovens criam costumes e modos de vida, radicalmente, distintos da norma adulta. Pó isso, alguns autores falam da existência de uma subcultura juvenil.

4. O crescimento do patrimônio cultural Invenção e difusão cultural

As invenções são geradas pela combinação entre o patrimônio cultural da sociedade e determinadas necessidades sociais. Nenhum inventor, parte da estaca zero. Em seu trabalho de criação, ele utiliza o conhecimento acumulado de sua cultura, combinando elementos preexistentes para produzir algo novo.

Assim, invenção é a combinação de traços já existentes, dando como resultado um traço cultural novo. Muitas vezes, como no caso do trem e do automóvel, as invenções acarretam mudanças amplas e profundas em toda a cultura.

Alguns traços culturais, como uma nova moda ou o uso de um equipamento recentemente inventado, difundem-se não só na sociedade em que tiveram origem, mas também entre culturas diferentes, geralmente através dos meios de comunicação (jornais, revistas, televisão, cinema, rádio, Internet, etc.).

Quando isso ocorre, dizemos que está havendo um processo de difusão cultural. Pode-se afirmar que o enriquecimento cultural se verifica mais freqüentemente por difusão do que por invenção.

Geralmente, o patrimônio de uma cultura cresce de geração em geração. As culturas se desenvolvem incorporando traços culturais em maior número do que aqueles que caem em desuso.

Assim, a cultura é o somatório de todas as realizações das gerações passadas que se sucederam ao tempo, mais as realizações da geração presente.

5. Aculturação: contato e mudança cultural

Durante a colonização do Brasil, houve intenso contato entre a cultura do conquistador português e as culturas dos povos indígenas e dos africanos trazidos como escravos.

Em decorrência desse contato, ocorreram modificações tanto na cultura dos europeus recém-chegados – que assimilaram muitos traços culturais dos outros povos – quanto na dos indígenas e africanos, que foram dominados e perderam muitas de suas características.

Desse processo de contato e mudança cultural – conhecido como aculturação – resultou a cultura brasileira.

Marginalidade cultural - Na cidade paulista de Tupã – na reserva dos índios Caingangue – vivem, em trezentos alqueires, duzentos indígenas descaracterizados culturalmente. Eles são atendidos por um grupo de funcionários da FUNAI (Fundação Nacional do Índio); desconhecem totalmente seu passado, não conseguem mais se expressar em sua própria língua, não lembram mais de seus cantos, de suas danças e de suas antigas práticas de caçadores e pescadores. Também não estão incorporados à cultura da civilização que os cerca. São mansos e tristes.

Quando duas culturas entram em contato, podem ocorrer – alem da aculturação – conflitos emocionais nos indivíduos que pertencem a ambas as culturas.

Esses conflitos têm origem na insegurança que as pessoas sentem diante de uma cultura diferente da sua. Aqueles que não conseguem se integrar totalmente a nenhuma das culturas que os rodeia ficam à margem da sociedade. A esse fenômeno dá-se o nome de marginalidade cultural.

6. Contracultura

Nas sociedades contemporâneas encontramos pessoas que contestam certos valores culturais pertencentes aos padrões culturais dominantes, opondo-se radicalmente a eles, num movimento chamado de contracultura.

Por exemplo, na década de 1960, o movimento hippie foi um fenômeno de contracultura, porque se opunha radicalmente aos valores culturais considerados importantes na sociedade ocidental: o trabalho, o patriotismo, a acumulação de riquezas e a ascensão social.

Também era contrário à Guerra do Vietnã (1959-1975), à estrutura familiar convencional, à sociedade de consumo e aos hábitos alimentares baseados em comida industrializada e fast food (refeição rápida) – traços culturais típicos da sociedade norte-americana.

Muitos jovens dessa época deixaram casa e universidade para viver em comunidades no campo onde plantavam e produziam a própria comida e educavam seus filhos com base em valores mais humanizados.

Esse movimento (hippie) foi perdendo vigor até desaparecer por completo até as vésperas da década de 1980, quando o consumismo e o individualismo voltaram com toda a força a ocupar os corações e mentes das novas gerações.

7. A diversidade cultural e o Etnocentrismo

O etnocentrismo consiste em considerar o próprio grupo como centro, e suas normas como corretas, avaliando os outros grupos a partir dele, ou seja, a cultura do nosso grupo é vista como superior. As outras são consideradas tanto mais desenvolvidas quanto mais se aproximarem da nossa.

Um exemplo clássico de etnocentrismo é a dos colonizadores europeus diante dos povos indígenas. Os europeus consideravam-se a “civilização” e os índios eram tidos por primitivos, atrasados.

O pensamento etnocêntrico transforma a cultura de grupo em padrão de medida: “nossa religião é a verdadeira”, “nossa raça é superior”, “nossa sociedade é mais desenvolvida”, “nosso país é o melhor do mundo”, etc.

A maioria dos grupos é etnocêntrico, pois somos trinados consciente e inconscientemente para isso. Podemos abandonar a idéia de etnocentrismo, mas na prática no dia a dia costumamos agir como se o nosso grupo fosse o melhor.

Por outro lado, cada aspecto de uma cultura refere-se ao seu ambiente, ao seu grupo. Cada comportamento é bom ou mal em relação a cultura que está inserido. Não podemos comparar ou avaliar e compreender o comportamento dos outros grupos e culturas com critérios, valores e motivos de nosso grupo e de nossa cultura.

Vejamos alguns exemplos: ente nós, a vingança e a justiça com as próprias mãos, são condenáveis, mas entre algumas tribos são, perfeitamente, normais; o beijo entre homens é comum na União Soviética, mas não entre nós. Portanto, não existe cultura que seja melhor ou pior. Cada cultura deve ser analisada a partir de si mesmo, de sua história.

Referências:

OLIVEIRA:Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. Série Brasil. Ensino Médio. V. único. Ed. ABDR, São Paulo, 2005.

TOMAZI, Nelson Dacio. Iniciação a sociologia, 2 edição - São Paulo: Atual: 2000.

Atividade de classe:

1. Explique com suas palavras o que é cultura?

2. Qual a relação entre educação e cultura?

3. Cite quatro 4 exemplos de elementos da cultura material que o rodeiam neste momento.

4. Cite 4 exemplos de elementos da cultura não material.

5. Cite um exemplo de difusão cultural que tenha presenciado.

6. Cite um exemplo de subcultura e outro de contracultura.

7. Explique como ocorre a marginalidade cultural.

8. Explique com suas palavras o que significa etnocentrismo.

9. Dê dois exemplos de comportamento etnocêntrico que ocorre na sociedade atual.

Conceito de ideologia e cultura de massa

Conceitos de Ideologia, Cultura de massa e Indústria cultural.

A idéia imediata de cultura tende a ser associada as artes, ao conhecimento presente nos livros, em resumo naquilo que chamaríamos de cultura erudita. A idéia de cultura “como modo de agir, pensar e sentir” de uma sociedade abrange e ultrapassa essa identificação entre arte e cultura. Embora, tratando esses modos de “agir, pensar e sentir” como socialmente construídos, o conceito de cultura corre o risco de perder em suas análises a dimensão da dominação político-econômica que se dá numa sociedade capitalista. Que é em grande parte responsável pela predominância de determinados modos de “agir, pensar e sentir”, e não de outros.

Quanto ao conceito de Ideologia, já vimos que ele acaba relacionando-se exclusivamente a esfera do poder e da manutenção dos interesses de classe. E isso impede que os elementos culturais da sociedade sejam pensados não apenas como simples representações de valores e crenças de classes economicamente dominantes, mas também, como elementos determinantes do funcionamento, manutenção e transformação da sociedade.

Analisando a concepção que associa a ideologia à distorção da realidade, chegaríamos a conclusão que na nossa sociedade capitalista se mantém tal qual é porque veicula entre todos os seus membros valores que não são seus, fazendo-os acreditar que são. Assim em oposição a uma realidade verdadeira teríamos uma falsa realidade que se impõe ao conjunto da sociedade, baseada nos interesses da classe que a domina nos planos: político, cultural e, principalmente, econômico. Essa veiculação de valores e idéias é uma forma de camuflar e de reforçar sua dominação a fim de que se minimizem e desqualifiquem as iniciativas de transformações provenientes das demais classes componentes da sociedade.

Não podemos negar a importância do conceito de ideologia para compreender nossa sociedade. Uma ideologia composta de elementos de várias ideologias, característica da sociedade capitalista, é veiculada pelos meios de comunicação de massa, aparece nos acontecimentos comuns de nosso cotidiano e visa influenciar o nosso comportamento. Uma ideologia composta exatamente das imagens de harmonia, identidade e ausência de conflito.

Cultura de massa ou indústria cultural - os meios de comunicação funcionam como uma verdadeira indústria de produtos culturais visando exclusivamente ao consumo. A indústria cultural vende mercadorias, imagens do mundo e faz propaganda desse mundo tal como é para que assim permaneça. Ao maquiar o mundo nos anúncios que divulga ela acaba seduzindo as massas para o consumo das mercadorias culturais, a fim de que esqueçam da exploração que sofrem nas relações de produção.

O Brasil, hoje, não é mais um país das palavras, é um país audiovisual, a maioria da população vê televisão e escuta rádio, mas tem acesso restrito a livros e jornais, tv a cabo e internet. Com uma população com baixo nível de escolaridade e um índice de analfabetismo alarmante (decorrente de um modelo extremamente concentrador e injusto que se aplica no país). Por outro lado o Brasil é um amplo mercado produtor e consumidor de cinema, CDs, computadores, CD-RONS, além de ocupar um lugar destacado na internet. Existindo uma enorme disparidade entre a produção e o acesso aos bens culturais no país. Acesso que se restringe cada vez mais a setores cada vez mais minoritários da população.

A propaganda é o elemento chave na sociedade de consumo do mundo em que vivemos vendido pelos anúncios é um mundo de sonhos sem conflitos, onde o melhor shampoo ou desodorante abre as portas para o sucesso - sempre individual. Os anúncios veiculam uma vida ideal – prazer, dinheiro, saúde, felicidade familiar, a um público que em sua grande maioria não pode conquistá-la. Essa imagem tem o efeito de conformar a população a se satisfazer com essas imagens. Quem pode penetrar no mundo do consumo é a classe alta, média-alta e média. O restante da população deve se contentar em ver e imaginar. Há outra visão que aposta na capacidade crítica desse público que estaria próximo de questionar toda essa ordem social que se constrói e se mantém sobre esse tipo de contradição veiculada pela indústria de massa.

Definição de conceitos:

Ideologia: expressão criada no começo do séc. XIX por Destutt de Tracy com o significado de ciências que tem por objeto o estudo das idéias. Mais tarde por Karl Marx e Friedrich Engels deram a ela o sentido de consciência social de uma classe dominante, ou conjunto de idéias falsas e enganadoras destinadas a mascarar a realidade social aos olhos das classes dominantes, encobrindo as relações de exploração e dominação a que estão submetidas essas classes. Nessa concepção, ideologia teria o mesmo significado de “falsa consciência”. Atualmente o termo é empregado com sentido de conjunto de idéias dominantes em uma sociedade, ou como “visão de mundo” de uma classe social, de uma sociedade ou de uma época.

Indústria cultural: A industrialização em larga escala de bens culturais, incluindo traços da cultura erudita e da popular, deu início a indústria cultural, ao mesmo tempo, o incessante desenvolvimento da tecnologia, principalmente nos meios de comunicação (fotografia, disco, televisão, internet, etc.) permitindo a produção de bens culturais em escala crescente e colocando a disposição de um grande número de pessoas, originou a chamada cultura de massa.

Diferença entre Ideologia e Cultura

· A Ideologia traduz certa leitura do real, apresentando a cada grupo um sistema de idéias, crenças e valores coerentemente organizado que traduz o que ele é e que propõe a necessária orientação futura.

· A ideologia é um elemento da cultura. É dentro da ideologia como um elemento da cultura que cada colectividade constrói uma representação de si própria, procura dar uma interpretação daquilo que é, ao mesmo tempo em que explica as suas aspirações.

· Se a cultura como um todo orienta a ação da coletividade, a ideologia propõe-se orientar essa ação de modo voluntário e mais explícito, procurando sempre provocar, manter e salvaguardar uma unanimidade de ação e de motivação.

· A ideologia não é um mero elemento da cultura, mas o seu verdadeiro núcleo. É dentro da ideologia que se criam novos valores ou se recriam os velhos dando-lhes um novo sentido.

· A ideologia adianta-se à cultura na medida em que não propõe, apenas, a aceitação dos comportamentos sociais, antes pode produzir acção não conformista.

IDEOLOGIA E AÇÃO

· Ideologia é um "sistema de ideias e de juízos, explícita e geralmente organizado, que serve para descrever, explicar, interpretar ou justificar a situação de um grupo ou de uma coletividade e que, inspirando-se em larga medida em certos valores, propõe uma determinada orientação à ação histórica desse grupo ou dessa colectividade." (G. Rocher)

· As leituras ideológicas, produzidas pelos diversos grupos sociais, desempenham uma importante função social. Ao fornecerem um discurso comum sobre a realidade, através do qual os atores se reconhecem a si mesmos, justificam e mantêm a coesão do grupo, propondo, mesmo, uma orientação para a acção histórica desse grupo.

· A ideologia pressupõe ação, ao exortar e orientar o grupo a agir no sentido da consecução dos objectivos que se propõe e que considera seus, de direito.

· A ideologia como visão do mundo ligada aos interesses de um grupo ou estrato claramente determinado na sociedade, atuando como mola propulsora para a ação conservadora (manutenção do status quo) ou a inovadora (transformação), fundamentou e justificou, na história da humanidade, várias formas de sociedade e o seu sistema de poder político.



O Etnocentrismo, sobre a perspectiva da verdadeira importância da cultura: A construção da realidade

A verdadeira importância da cultura é que os seres humanos adquirem suas crenças por meio da interação. Nossas verdades, princípios morais, valores e objetivos são em grande medida socialmente criados. Este é o insight importante, e de difícil compreensão. A razão disso é que toda organização social procura dar entender que sua cultura é correta, que de fato é a única maneira como “gente de bem” deve pensar e atuar. Os cientistas sociais geralmente denominam essa tendência etnocentrismo, a idéia de que sua própria cultura (etno) é central (centrismo), para o universo e que todas as outras culturas devem ser julgadas nessa perspectiva, sendo muitas vezes consideradas inferiores.

Na verdade assim que avaliamos o significado de cultura, torna-se difícil ser etnocêntrico, considerar nossas verdades em termos absolutos. Algumas delas podem ser de fato absolutas, nossos valores e princípios morais podem ser absolutamente corretos, mas nunca podemos ter certeza disso. Tudo que sabemos é a certeza que tudo que acreditamos a respeito do universo foi resultado da interação. É cultural.

A realidade pode existir “lá fora” independente do modo como a vemos, o que pensamos sobre ela, o que valorizamos nela e o que consideramos correto originou-se da construção social da realidade É por meio de nossa vida social que pensamos a saber o que existe, que aprendemos o que é real, que nome dar a isso e como usa-lo. Entre a “realidade como ela é e a realidade como eu vejo” existe uma organização social e sua cultura, as lentes sociais por meio das quais você olha.



Proposta de questões para pesquisar:

ENCONTRE EXEMPLOS DE COMPORTAMENTOS ETNOCÊNTRICOS OBSERVADOS NO SEU COTIDIANO, OU NA SOCIEDADE ATUAL.

Imagem de Movimetos sociais

Imagem de Movimetos sociais
uma expressão de movimentos sociais

Gênero Ética e Cidadania


CULTURA E DOMINAÇÃO

GÊNERO, ETICA, CIDADANIA E MULTICUTURALISMO

GÊNERO: o que é isso?

No geral, gênero é o conjunto de características sociais, culturais, políticas, psicológicas, jurídicas e econômicas que se expressa de forma diferenciada no comportamento e nos papéis dos sexos (sexo é caracterizado pelas diferenças anátomo-fisiológicas existentes entre os homens e as mulheres).

Nos estudos sociológico gênero é uma categoria analítica das relações de poder e socialização dos papéis dos sexos (homem e mulher) responsáveis pela construção sociais dos diferentes comportamentos de homem e mulher. Dentro de uma abordagem histórica, cultural e política, pressupondo o rompimento com o binarismo “homem” e “mulher”.

Portanto, as características de gênero são construções sócio-culturais e psicológicas assumidas por homens e mulheres ajustadas aos padrões considerados “masculinos” ou “femininos” estabelecidos na organização social ao longo processo histórico de dada sociedade.

Quando se estuda gênero em sociologia busca-se compreender nas relações sociais de poder entre sexos (mulheres e homens, mulheres e mulheres, homens e homens) as diferentes posições que assumem na organização social das diversas sociedades, no transcorrer da história.

Portanto, a abordagem de gênero envolve, essencialmente, a diferenciação social entre sexos (homens e mulheres)a partir da organização da sociedade. Essas diferenciações entre os sexos se estabelecem desde o nascimento, fortalecendo-se no processo de socialização, que leva homens e mulheres a assumirem diferentes papéis, incutidos pela sociedade em vivem. Em síntese, a compreensão de gênero considera às diferenças biológicas dos sexos e os padrões culturais da sociedade, fundamentais para a formação dos diferentes papéis assumidos por homens e mulheres no contexto social.

Nesse sentido, os padrões de feminilidade e masculinidade estão relacionados à concepção do sexo biológico (definido pela biologia), que por sua vez condiciona os papéis sociais diferenciados entre a pessoa nascida homem e a que nasceu mulher.

Sexo e Gênero

O sexo biológico do indivíduo determina sua posição desde o nascimento. Essa posição é perpetuada pela família ao ensinar o indivíduo, por exemplo, atuar “como homem” ou como ser “uma mocinha”. Conforme as crianças vão crescendo as diferenças de tratamento prosseguem de acordo com os padrões culturais estabelecidos naquela sociedade, que definem seu papel nas (roupas, corte de cabelo, etc.).. Posturas dessa natureza influenciam o comportamento e definem a identidade sexual dos homens e mulheres.

E importante dizer que os padrões de masculinidade e feminilidade não são imutáveis, pois podem se modificar, uma vez que estão em constante transformação, assim como variam de uma sociedade para outra.

O sexo biológico é definido como um conjunto de características físicas e biológicas que diferencia os homens das mulheres. Já o papel sexual de gênero é uma construção cultural, diretamente relacionada a certa sociedade, tanto no seu aspecto temporal (experiências históricas) como espacial (geográfica). Ou seja, os papéis assumidos pelos sexos, são construções culturais aprendidas durante o processo da socialização, entretanto, podem variar de acordo com a história e localização do território da sociedade em que vivem. Significando que os diferentes comportamentos dos homens e mulheres são socialmente construídos ou criados durante as relações sócio-culturais estabelecidas nos grupos sociais, comunidade, regiões, nações pelo processo de socialização/aprendizagem.

Gênero e desigualdades sociais

Os estudos feministas são os mais recorrentes e críticos nas análises sobre gênero. Grande parte das críticas feministas em relação a gênero concentra-se na dominação masculina e sujeição feminina, e refere-se ao pressuposto da ‘incorporação’ e da ‘aceitação’ dos padrões sociais tradicionais, em que os dominantes (os homens) ficam em posição superior aos dominados (as mulheres). E costumam considerar também as mulheres como responsáveis da dominação.

Grande parte dos enfoques sociológicos sobre as diferenças sociais entre sexos (os homens e as mulheres) na organização da vida em sociedade concentra-se na forma desigual como ocorrem essas relações sociais a partir dos papéis atribuídos e assimilados por homens e mulheres. Observam que a sociedade constrói os papéis sociais masculinos e femininos, assim como certas normas, atitudes e valores foram em grande medida internalizados na convivência social. Isso é confirmado pelas idéias de antropóloga e feminista Gayle Rubin, ao afirmar que gênero significa a divisão dos sexos imposta socialmente e produzida nas relações sociais da sexualidade, ou seja, as diferenças de comportamentos e os traços da personalidade "masculina" ou "feminina" resultam de expectativas socialmente incutidas desde a infância.

Para situar como se estabelece os papéis no processo de dominação do homem sobre a mulher, CHARON, 2002 observa que na sociedade brasileira, assim como na maioria das outras sociedades, sexo atua da mesma forma que classe. Nascemos menino ou menina, e isso nos situa em posição social, papel, identidade, poder, privilégio, prestígio e perspectivas a um conjunto específico de expectativas nos grupos sociais. Os homens tinham por certo que as mulheres deveriam ser donas de casa e mães (papéis), e elas adotavam isso como sua identidade. Esses e outros fatores levaram a mulher a uma posição inferior em relação ao do homem, com menos poder na relação familiar e na sociedade, menos privilégios (a exemplo das escolhas educacionais e ocupacionais), e menor prestígio (tradicionalmente, o prestígio da mulher vinculava-se ao do marido).

A socióloga feminista norte-americana Jessie Bernard (1982) ao investigar sobre as relações sociais de gênero na organização da vida em sociedade considera que o casamento possui um caráter ideologicamente dominante, ao cristalizar normas, valores, papéis e padrões de interação entre o homem e a mulher, que subjuga e oprime a mulher.

A investigação sociológica no domínio das relações sociais de gênero para BERNARD centra-se em dois pressupostos (hipótese) de análise principais:

(1) a posição social ocupada por homens e mulheres não é apenas diferente, mas também desigual;

(2) a desigualdade social de gênero entre homens e mulheres resulta, principalmente, da organização da sociedade e não de diferenças biológicas ou psicológicas significativas entre os mesmos. Em relação ao princípio analítico de que não há apenas uma diferenciação socialmente construída entre homens e mulheres, mas, sobretudo, uma desigualdade social, em que as mulheres têm menos recursos materiais, estatuto social, poder e oportunidades de auto-realização do que os homens com quem partilham a mesma posição social.

Atividade de classe 1 (sobre gênero)

1. Sabe-se que na relação social de gênero, o papel da mulher destaca-se na sociedade desde os tempos antigos em posição de inferioridade em relação ao do homem, no entanto essa situação desigual da mulher já vem alcançando amplas mudanças, que estão sendo conquistadas ao longo da história da humanidade. Com base nessa afirmativa e nos estudos e trabalhos RESPONDA:

a) Cite situações de preconceitos e discriminações e violência que a mulher vem sofrendo ao longo do tempo.

b) Fale sobre os espaços conquistados na sociedade contemporânea pela mulher, comparando essas conquistas a situação (de submissão, liberdade e poder) que a mulher enfrentou nas sociedades passadas.

c) Pesquise com as pessoas mais velhas, avós, bisavós, como era o imaginário da mulher em passado recente (da mulher que era atriz, que fumava, que usava calça jeans, que ia para a rua sozinha, a dificuldade da mulher exercer determinadas profissões, trabalhos) e dentre esses aspectos, quais os que perduram até hoje imaginário das pessoas).

2. Quanto a questão aos estudos sobre gênero é possível AFIRMAR:

Aqui todas estão corretas

(a) Gênero é uma construção cultural aprendida durante o processo de socialização pode variar de uma sociedade para outra no tempo e no espaço.

(b) O foco de interesse nos estudos de gênero pelos sociólogos é a forma semlhante como se estabelece os diferentes papéis entre homens e mulheres na sociedade.

(c) O comportamento ou papéis de gênero diferenciado é socialmente construído no processo de aprendizagem.

(d) o indivíduo na sociedade tem seu lugar determinado ao nascer; essa posição é perpetuada pela família.

(e) Nos estudos de gênero as críticas feministas não concentram-se sobre a dominação masculina e sujeição feminina.

(f) A desigualdade social de gênero entre homens e mulheres resulta, principalmente, da organização da sociedade e não de diferenças biológicas ou psicológicas significativas entre os mesmos.


Texto da internete - http://pt.wikipedia.org/wiki/Identidade_de_gênero#Identidade

Variantes na identidade de gênero

Algumas pessoas sentem que sua identidade de gênero não corresponde com seu sexo biológico, sendo identificadas por pessoas transexuais ou pessoas intersexo em algumas situações. Como a sociedade insiste que os indivíduos devem seguir a maneira de expressão social (papel social de gênero) baseada no sexo estas pessoas sofrem uma pressão social adicional.

Por outro lado existem também indivíduos transgêneros em que a identidade de gênero não está conforme a norma social dos dois géneros macho/fêmea, idependentemente de terem ou não concordância com o sexo biológico com a maioria das suas manifestações de género social.

No caso das pessoas intersexo, alguns indivíduos podem possuir cromossomos que não correspondem com a genitália externa. Isso devido desequilíbrios hormonais ou outros fatores incomuns durante os períodos críticos da gestação. Tais pessoas podem parecer para as outras como sendo de um determinado sexo, mas podem reconhecer a si mesmas como pertencendo a outro sexo.

As razões para variantes da identidade de género não são claras. Isso tem sido causa de muita especulação, mas nenhuma teoria psicológica foi considerada consistente. Teorias que assumem uma diferenciação no cérebro são ainda recentes e difíceis de provar, porque no momento requerem uma análise destrutiva da estruturas cerebrais inatas, que são bastante pequenas.

Nas últimas décadas se tornou possível redefinir o sexo cirurgicamente. Uma pessoa que não tenha concordância entre a sua identidade de género e características biológicas pode, então, buscar estas formas de intervenção médica para que seu sexo biológico seja correspondente com a identidade de gênero. Alternativamente, algumas pessoas mantêm a genitália com a qual nasceram, mas adotam um papel social de gênero que é congruente com a percepção que possuem de sua identidade de gênero.

Relação entre identidade de gênero e papel social de gênero

A percepção da diferenças entre os sexos ocorre na infância (Martin Van Maele, 1905

O termo relacionado, "papel social de gênero" possui dois significados que em casos individuais podem ser divergentes: Primeiro, o papel social de gênero de uma pessoa pode ser a totalidade de formas no qual uma pessoa pode expressar sua identidade de gênero. Segundo, o papel social de gênero das pessoas pode ser definido pelo tipo de atividades que a sociedade determina como apropriada para indivíduos que possuam determinado tipo de genitália externa.

Há provavelmente tantas formas e complexidades de identidades sexuais e identidades de gênero como há seres humanos, e há um igual número de formas de trabalhar as identidades de gênero na vida diária. As sociedades, entretanto, tendem a designar alguns tipos de papéis sociais aos indivíduos "machos", e algumas classes de papéis sociais para indivíduos "fêmeas" (macho e fêmea na percepção social dos sexos). Muitas vezes a conexão entre identidade de gênero e papel social de gênero não é clara. Simplificando, há não-ambíguos "machos" humanos e não-ambíguas "fêmeas" humanas que se sentem claramente como homens ou mulheres mas que não se comportam socialmente de forma convencionalmente masculina ou feminina.

E para concluir, como muito têm defendido estudiosos em biologia e sociologia: "O sexo entre as orelhas é mais importante que o sexo entre as pernas"

Diferentes visões sobre identidade

Existem diversos fatores que envolve a formação de identidades, como a diferença entre os diversos tipos de identidade. A primeira das identidades a considerada primordial é a identidade de gênero homem ou mulher, pois queira ou não as pessoas já rotulam as outras diante disso. Portanto diferentes tipos de identidade são produto da construção da sociedade e da história onde mantém se a relação de poder de acordo com o modelo essencialista, onde a identidade vem da biologia, o que você é, é resultado da sua genética e a ciência vai de acordo com esse modelo.

Há também o modelo de construtivismo em que a identidade é construída, transformada, pois não existem identidades que não passaram por mudanças ao longo dos anos e quando isso ocorre ela muda de acordo como é vista e interpretada pelos outros. Pois as transformações sociais são tão alarmantes quanto as tecnológicas, políticas e econômicas, então as identidades que encontram se em comflito então no interior dessas transformações.

Hoje em dia os conflitos são mais identitários (religião, cultura), em vez de ideológicos (comunismo, capitalismo), como já foi um dia.

Portanto, atualmente existem inúmeras formas de identidade e essas apesar de serem muitas vezes contraditórias elas acabam se cruzando e podem até se completarem.

OBS: busque neste site informações muito boas sobre sociologia: http://www.infoescola.com/sociologia/

CIDADANIA

- O que significa cidadania?

Um dos fundamentos do regime democrático é o conceito de cidadania. Segundo o sociólogo Herbert de Souza (Betinho), “cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Tudo o que acontece no mundo acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético, forte e consciente da cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação (...). A idéia de cidadania ativa é ser alguém que cobra, propõe, pressiona o tempo todo. O cidadão precisa ter consciência de seu poder”.

A cidadania está diretamente vinculada aos direitos humanos, uma longa e penosa conquista da humanidade que teve seu reconhecimento formal com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Organização das Nações Unidas. - ONU. É através do conceito de cidadania que se afirmam os direitos fundamentais da pessoa humana. Na época, marcada pela vitória das nações democráticas contra o nazismo durante a segunda guerra mundial (1939-1945) – ela abria a perspectiva de um novo mundo, em que haveria paz liberdade e prosperidade: uma esperança que acabou não se realizando.

Para entendermos o que significa direitos humanos, basta dizer que tais direitos correspondem às necessidades fundamentais da pessoa humana. Trata-se daquelas necessidades que são iguais para todos os seres humanos e que devem ser atendidas para que a pessoa possa viver com a dignidade que deve ser assegurada a todas as pessoas. Assim, por exemplo, a vida é um direito humano fundamental, porque sem ela a pessoa não existe. Então a preservação da vida é uma necessidade de todas as pessoas humanas. Mas existem outras necessidades que são também fundamentais, como alimentação, trabalho, saúde, moradia, educação, segurança social, e tantas outras que devem ser garantidas independentes das diferenças individuais, culturais dos seres humanos.

Esses direitos é que dão à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído das decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social. Assim pode-se dizer que todo brasileiro no exercício de sua cidadania tem o direito de influir nas decisões de governo.

A sociedade contemporânea, constituída em torno da informação, deve proporcionar em maior quantidade o que mais se deve valorizar numa democracia: igualdade e liberdade. A política de igualdade incorpora a igualdade formal, segundo a qual todos são iguais perante a lei. A política de igualdade se expressa na busca da equidade. Esta deve:

- promover a igualdade entre os desiguais por meio da educação, saúde pública, da moradia do emprego, do meio ambiente saudável, e outros benefícios sociais.

- combater todas as formas de preconceito e discriminação, seja por motivo de raça, sexo, religião, cultura, condição econômica, aparência ou condição física.

Ao mesmo tempo a política da igualdade deve proporcionar uma forma ética de lidar com as esferas pública (o Estado com seus poderes – legislativo executivo e judiciário - e outras instituições políticas) - e privada (atividades econômicas dos interesses particulares, das empresas, do mercado, da vida familiar e das relações sociais). A distinção entre público e privado é um dos valores mais importantes na democracia. Par preservá-lo os governantes devem tomar medidas de interesse geral que beneficiem a comunidade, além de ilegal é antiético e ilegítimo legislar em causa própria, praticar abuso de poder ou utilizar recursos públicos para favorecer interesses particulares.

Entre essas duas esferas estão a opinião pública e a sociedade civil, esta é formada pelas organizações privadas sem fins lucrativos que se estabelecem fora do mercado de trabalho e do governo (OAB- Ordem dos Advogados do Brasil, ABI – Associação Brasileira da Imprensa, CNBB – Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, ONGs – Organizações Não-Governamentais, UNE – União nacional de estudantes, etc.). As ONGs (Organizações Não Governamentais) - mobilizam e estimulam comportamentos solidários, dedicando-se as questões da ecologia, paz, alfabetização, entre outras.

Proposta de atividade de classe 2 (sobre cidadania)

1. Explique a frase dita pelo sociólogo Herbert de Souza (Betinho).

Cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade .Tudo o que acontece no mundo acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético, forte e consciente da cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação (...).

2. Quanto à cidadania, marque as questões CORRETAS:

a) É através do conceito de cidadania que se afirmam as desigualdades sociais.

b) Para entendermos o que significa direitos humanos, não se precisa compreender que tais direitos correspondem às necessidades fundamentais da pessoa humana.

c) A sociedade contemporânea, constituída em torno da informação, deve proporcionar em maior quantidade o que mais se deve valorizar numa democracia: igualdade e liberdade.

d) A política de igualdade incorpora a igualdade formal, segundo a qual todos são iguais perante a lei, logo política de igualdade não se expressa na busca da equidade.

e) As ONGs (Organizações Não Governamentais) exercem a cidadania ao mobilizarem e estimularem comportamentos solidários, participando ativamente às questões da ecologia, paz, alfabetização, entre outras.

ÉTICA

- O que significa ETICA?

Para entendermos o significado de ética vamos buscar na etimologia da palavra. A palavra Ética é originada do grego ethos, que significa modo de ser, caráter. Através do latim mos (ou no plural mores), que significa costumes, derivou-se a palavra moral.

Portanto, no sentido etimológico ética constitui um conjunto de normas informais e relativamente flexíveis, que estabelece um padrão para o comportamento dos indivíduos num determinado grupo. A partir do consenso sobre o que é correto ou não em sociedade, geram-se regras que permitem um convívio mais pacífico. Relacionando-se com o sentimento de justiça social, porém, não sendo confundida com as leis

No contexto da filosofia, ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relacionamento indivíduo – sociedade. Tanto “ethos” (caráter) como “mos” (costume) indicam um tipo de comportamento propriamente humano que não é natural, ou seja, o homem não nasce com o caráter, mas é “adquirido ou conquistado por hábito” (VÁZQUEZ). Portanto, ética e moral, pela própria etimologia, diz respeito a uma realidade humana que é construída histórica e socialmente a partir das relações coletivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem e vivem.

A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da ética.

Apesar de que etimologicamente "ética" e "moral" sejam expressões sinônimas, sendo a primeira de origem grega, enquanto a segunda é sua tradução para o latim, a ética não deve ser confundida com a moral. A palavra moral é de origem latina moris, e também significa costume. Foi por causa dessa analogia que ocorreu a mistura dos termos ética e moral. Mas, ética e moral se situam em esferas diferentes na análise do valor da ação humana. A moral tem um caráter normativo e prescritivo. A ética seria uma reflexão a cerca da influência que o código moral estabelecido exerce sobre a nossa subjetividade, a cerca de como lidamos com essas prescrições de conduta, se acitamos de forma integral ou não esses valores normativos.

Diariamente as pessoas seguem as regras básicas de moral, transmitidas pela organização social ou pela religião que fazem parte. Dessa forma, define-se moral como um conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que controlam as condutas individuais, tendo em vista a manutenção da ordem social e o respeito pelos costumes usuais de certo grupo.

Enquanto a moral é normativa, a ética é teórica e busca explicar e justificar os costumes de uma determinada sociedade, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns. A perspectiva da ética pode se desenvolver no indivíduo a partir do momento em que ele compreende a importância de seguir as normas sociais instituídas.

A partir de uma nova perspectiva, na análise de comportamento ético (Revista Discutindo Filosofia, 2008[1]) se a pessoa não segue os valores normativos estabelecidos, que lhes dariam o título de pessoa moral, e passar a vislumbrar um novo modelo de conduta para a sociedade ou para si próprio, entrará numa enrascada, pois ao contrariar as regras predeterminadas, torna-se ao olhar da coletividade uma pessoa imoral porque conhece as normas estabelecidas e não se esforça para cumpri-las. Por outro lado, assim como a pessoa será reconhecida pelos conceitos normativos da sociedade como “imoral”, também será, simultaneamente “ético” se seu ato estiver de acordo com os critérios normativos intrínsecos ao seu modo de ser.

Eugênio Bucci, em seu livro Sobre Ética e Imprensa, descreve a ética como um saber escolher entre "o bem" e "o bem" ou entre "o mal e o mal", levando em conta o interesse da maioria da sociedade. Ao contrário da moral que delimita o que é bom e o que é ruim no comportamento dos indivíduos para uma convivência civilizada, a ética é o indicativo do que é mais justo ou menos injusto diante de possíveis escolhas que afetam terceiros.

O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Moral e da Ética. Enfim, a ética é julgamento do caráter moral de uma determinada pessoa. Como Doutrina Filosófica, a Ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta, exclusiva do seu objeto de estudo, a Moral.

Ética e as profissões - A maioria das profissões tem o seu próprio código de ética profissional, que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, freqüentemente incorporados à lei pública. Nesses casos, os princípios éticos passam a ter força de lei; note-se que, mesmo nos casos em que esses códigos não estão incorporados à lei, seu estudo tem alta probabilidade de exercer influência, por exemplo, em julgamentos nos quais se discutam fatos relativos à conduta profissional. Ademais, o seu não cumprimento pode resultar em sanções executadas pela sociedade profissional, como censura pública e suspensão temporária ou definitiva do direito de exercer a profissão.

Na convivência social, cabe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta difícil de ser respondida. Esta é a questão central da Moral e da Ética. Enfim, a ética é julgamento do caráter moral de uma determinada pessoa. Como Doutrina Filosófica[2], a Ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta, exclusiva do seu objeto de estudo, a Moral.

Ética na biologia: Um assunto que é bastante polêmico é a clonagem: uma parte dos ativistas considera que, pela ética e bom senso, a clonagem só deve ser usada, com seu devido controle, em animais e plantas somente para estudos biológicos - nunca para clonar seres humanos.

Proposta de atividade de classe 3 (sobre ética)

5. Explique porque a ética não deve ser confundida com a lei, mês eu a lei tenha como base princípios éticos?

6. Apesar de que etimologicamente "ética" e "moral" sejam expressões sinônimas, sendo a primeira de origem grega, enquanto a segunda é sua tradução para o latim, porque a ética não deve ser confundida com a moral?

7. Quanto à ética, marque as questões CORRETAS, apenas uma questão está errada.

a) A diferença entre a ética para a moral é que a moral é normativa e a ética é teórica ao buscar explicar e justificar os costumes de uma determinada sociedade, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns.

b) Como Doutrina Filosófica, a ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta, exclusiva da Moral.

c) A moral é julgamento do caráter moral de uma determinada pessoa.

d) A maioria das profissões tem o seu próprio código de ética profissional, que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, freqüentemente incorporados à lei pública.

e) Em relação a clonagem, uma parte dos ativistas considera que, pela ética e bom senso, a clonagem só deve ser usada, com seu devido controle, em animais e plantas somente para estudos biológicos - nunca para clonar seres humanos.



[1] Revista Discutindo Filosofia. Artigo: Ética, uma reflexão sobre a atualidade e a relevância dessa doutrina filosófica.. Escala educacional. Edição nº 11, 2008

[2] Como Doutrina Filosófica, a Ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta, exclusiva do seu objecto de estudo, a Moral. Portanto, a Ética mostra o que era moralmente aceito na Grécia Antiga possibilitando uma comparação com o que é moralmente aceito hoje na Europa, por exemplo, indicando através da comparação, mudanças no comportamento humano e nas regras sociais e suas conseqüências, podendo daí, detectar problemas e/ou indicar caminhos. Além de tudo ser Ético é fazer algo que te beneficie e, no mínimo, não prejudique o "outro".

SÍNTESE DAS TEMÁTICAS: Gênero, Ética e Cidadania


Disciplina Sociologia Professora; Natalina Marques

RESUMO

GÊNERO, ETICA, CIDADANIA

GÊNERO: o que é isso?

No geral, gênero é o conjunto de características sociais, culturais, políticas, psicológicas, jurídicas e econômicas adotadas de forma diferenciada pelas pessoas de acordo com o sexo (diferenças fisiológicas entre os homens e as mulheres).

As características de gênero assumidas no comportamento de homens e mulheres são construções sócio-culturais e psicológicas, ajustadas aos padrões considerados “masculinos” ou “femininos” estabelecidos na organização social ao longo processo histórico de dada sociedade.

Sociologia ao estudar gênero compreende as relações sociais de poder dos sexos (entre mulheres e homens, mulheres e mulheres, homens e homens) e as diferentes posições que assumem na organização social das diversas sociedades, no transcorrer da história.

O estudo de gênero envolve, essencialmente, a diferenciação social entre homens e mulheres na organização da sociedade ao serem levados a assumirem diferentes papéis desde o nascimento, fortalecendo-se com a socialização.

Em síntese, a compreensão de gênero considera às diferenças do sexo biológico e os padrões culturais estabelecidos na sociedade a feminilidade e masculinidade, fundamentais para a formação dos papéis desiguais entre homens e mulheres.

SEXO E GÊNERO - O sexo biológico do indivíduo determina sua posição desde o nascimento. Essa posição é perpetuada na família, que ensina atuar “como homem” ou como ser “uma mocinha”.

As crianças vão crescendo, as diferenças prosseguem incutidas por outros grupos sociais. Influenciando o comportamento e definem a identidade sexual dos homens e mulheres.

Os padrões de masculinidade e feminilidade não são imutáveis, modificam-se, estando em constante transformação, assim como variam de uma sociedade para outra.

O sexo biológico é um conjunto de características físicas e biológicas que diferenciam os homens das mulheres.

O papel sexual de gênero é socialmente construído durante as relações sócio-culturais internalizados pelos indivíduos no processo da socialização/aprendizagem, implicando em diferentes ou desiguais comportamentos entre homens e mulheres.

Esses diferentes comportamentos estão relacionados ao aspecto temporal (experiências históricas) e ao espacial (geográfica /localização do território) de dada sociedade, grupos, comunidades, regiões, nações.

GÊNERO E DESIGUALDADES SOCIAIS

As críticas feministas aos estudos de gênero centram-se na dominação masculina e sujeição feminina, implicados a ‘incorporação’ e a ‘aceitação’ dos padrões sociais tradicionais, cujos dominantes (os homens) ficam em posição superior aos dominados (as mulheres).

Os enfoques sociológicos sobre as diferenças entre sexos apontam que a sociedade constrói os papéis sociais masculinos e femininos desiguais a partir de certas normas, atitudes e valores foram em grande medida internalizados na convivência social. Significando que a divisão dos sexos é imposta socialmente e reproduzida nas relações sociais, ou seja, as diferenças de comportamentos e os traços da personalidade "masculina" ou "feminina" resultam de expectativas socialmente incutidas desde a infância.

CHARON, 2002 observa que na sociedade brasileira e em outras sociedades, sexo atua da mesma forma que classe. Nascer menino ou menina situa em posição social, papel, identidade, poder, privilégio, prestígio e perspectivas relacionada as expectativas de certos grupos sociais. Ex: Os homens com a expectativa de que as mulheres deveriam ser donas de casa e mães (papéis), e elas adotavam isso como sua identidade. Esses e outros fatores levaram a mulher a uma posição inferior ao do homem - com menos poder na relação familiar e na sociedade, menos privilégios (a exemplo das escolhas educacionais e ocupacionais), e menor prestígio (tradicionalmente, o prestígio da mulher vinculava-se ao do marido).

Outras investigações de feministas sobre essa questão consideram o casamento com um caráter ideologicamente dominante, ao cristalizar normas, valores, papéis e padrões de interação entre o homem e a mulher, que subjuga e oprime a mulher.

A investigação sociológica de BENARD ressalta a desigualdade social como hipótese principal nas relações de gênero:

A desigualdade social de gênero (entre homens e mulheres) resulta, principalmente, da organização da sociedade e não de diferenças biológicas ou psicológicas significativas entre os mesmos.

Não há apenas uma diferenciação socialmente construída entre homens e mulheres, mas, sobretudo, uma desigualdade social em que as mulheres têm menos recursos materiais, estatuto social, poder e oportunidades de auto-realização do que os homens com quem partilham a mesma posição social.

CIDADANIA. O que significa cidadania?

ð Segundo o sociólogo Herbert de Souza (Betinho), “cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Tudo o que acontece no mundo acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético, forte e consciente da cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação (...). A idéia de cidadania ativa é ser alguém que cobra, propõe, pressiona o tempo todo. O cidadão precisa ter consciência de seu poder”.

ð A cidadania está diretamente vinculada aos direitos humanos, uma longa e penosa conquista da humanidade que teve seu reconhecimento formal com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Organização das Nações Unidas. - ONU.

ð É através do conceito de cidadania que se afirmam os direitos fundamentais da pessoa humana. Na época, marcada pela vitória das nações democráticas contra o nazismo durante a segunda guerra mundial (1939-1945) – ela abria a perspectiva de um novo mundo, em que haveria paz liberdade e prosperidade: uma esperança que acabou não se realizando.

ð Direitos humanos correspondem às necessidades fundamentais que deve ser assegurada a toda a pessoa humana. Trata-se daquelas necessidades que são iguais para todos os seres humanos e que devem ser atendidas para que a pessoa possa viver com a dignidade.

ð Por exemplo, a vida é um direito humano fundamental, porque sem ela a pessoa não existe. Então a preservação da vida é uma necessidade de todas as pessoas humanas.

ð Outras necessidades fundamentais: alimentação, trabalho, saúde, moradia, educação, segurança social, dentre outras que devem ser garantidas independentes das diferenças individuais, culturais dos seres humanos.

ð Esses direitos é que dão à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído das decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social. Assim pode-se dizer que todo brasileiro no exercício de sua cidadania tem o direito de influir nas decisões de governo.

ð A política de igualdade na sociedade contemporânea se expressa na busca da equidade. Esta deve: promover a igualdade entre os desiguais por meio da educação, saúde pública, da moradia do emprego, do meio ambiente saudável, e outros benefícios sociais.

ð Combater todas as formas de preconceito e discriminação, seja por motivo de raça, sexo, religião, cultura, condição econômica, aparência ou condição física.

ð Ao mesmo tempo a política da igualdade deve proporcionar uma forma ética de lidar com as esferas pública (o Estado com seus poderes – legislativo executivo e judiciário - e outras instituições políticas) - e privada (atividades econômicas dos interesses particulares, das empresas, do mercado, da vida familiar e das relações sociais). A distinção entre público e privado é um dos valores mais importantes na democracia. Par preservá-lo os governantes devem tomar medidas de interesse geral que beneficiem a comunidade, além de ilegal é antiético e ilegítimo legislar em causa própria, praticar abuso de poder ou utilizar recursos públicos para favorecer interesses particulares.

ð Entre essas duas esferas estão a opinião pública e a sociedade civil, esta é formada pelas organizações privadas sem fins lucrativos que se estabelecem fora do mercado de trabalho e do governo (OAB- Ordem dos Advogados do Brasil, ABI – Associação Brasileira da Imprensa, CNBB – Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, ONGs – Organizações Não-Governamentais, UNE – União nacional de estudantes, etc.). As ONGs (Organizações Não Governamentais) - mobilizam e estimulam comportamentos solidários, dedicando-se as questões da ecologia, paz, alfabetização, entre outras.

ÉTICA - O que significa ETICA?

ð Na etimologia, a palavra Ética é originada do grego ethos, que significa modo de ser, caráter. Moral, segunda é sua tradução para o latim mos (ou no plural mores), que significa costumes, derivou-se a palavra a palavra moral, e também significa costume.

ð Logo, no sentido etimológico ética constitui um conjunto de normas informais e relativamente flexíveis, que estabelece um padrão para o comportamento dos indivíduos num determinado grupo. A partir do consenso sobre o que é correto ou não em sociedade, geram-se regras que permitem um convívio mais pacífico. Relacionando-se com o sentimento de justiça social, porém, não sendo confundida com as leis.

ð No contexto da filosofia, ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relacionamento indivíduo – sociedade. Tanto “ethos” (caráter) como “mos” (costume) indicam um tipo de comportamento propriamente humano que não é natural, ou seja, o homem não nasce com o caráter, mas é “adquirido ou conquistado por hábito” (VÁZQUEZ). Portanto, ética e moral, pela própria etimologia, diz respeito a uma realidade humana que é construída histórica e socialmente a partir das relações coletivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem e vivem.

ð A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da ética.

ð Ética não deve ser confundida com a moral, apesar de que etimologicamente "ética" e "moral" sejam expressões sinônimas. Foi por causa dessa analogia que ocorreu a mistura dos termos ética e moral.

ð Mas, ética e moral se situam em esferas diferentes na análise do valor da ação humana. A moral tem um caráter normativo e prescritivo. A ética seria uma reflexão a cerca da influência que o código moral estabelecido exerce sobre a nossa subjetividade, a cerca de como lidamos com essas prescrições de conduta, se aceitamos de forma integral ou não desses valores normativos.

ð Diariamente as pessoas seguem as regras básicas de moral, transmitidas pela organização social ou pela religião que fazem parte. Dessa forma, define-se moral como um conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que controlam as condutas individuais, tendo em vista a manutenção da ordem social e o respeito pelos costumes usuais de certo grupo.

ð Enquanto a moral é normativa, a ética é teórica e busca explicar e justificar os costumes de uma determinada sociedade, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns. A perspectiva da ética pode se desenvolver no indivíduo a partir do momento em que ele compreende a importância de seguir as normas sociais instituídas.

ð A análise de comportamento ético, a partir de uma nova perspectiva, (Revista Discutindo Filosofia, 2008[1]) se a pessoa não segue os valores normativos estabelecidos, que lhes dariam o título de pessoa moral, e passar a vislumbrar um novo modelo de conduta para a sociedade ou para si próprio, entrará numa enrascada, pois ao contrariar as regras predeterminadas, torna-se ao olhar da coletividade uma pessoa imoral porque conhece as normas estabelecidas e não se esforça para cumpri-las. Por outro lado, assim como a pessoa será reconhecida pelos conceitos normativos da sociedade como “imoral”, também será simultaneamente “ético” se seu ato estiver de acordo com os critérios normativos intrínsecos ao seu modo de ser.

ð Eugênio Bucci descreve a ética como um saber escolher entre "o bem" e "o bem" ou entre "o mal e o mal", levando em conta o interesse da maioria da sociedade. Ao contrário da moral que delimita o que é bom e o que é ruim no comportamento dos indivíduos para uma convivência civilizada, a ética é o indicativo do que é mais justo ou menos injusto diante de possíveis escolhas que afetam terceiros.

ð O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Moral e da Ética. Enfim, a ética é julgamento do caráter moral de uma determinada pessoa. Como Doutrina Filosófica, a Ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta, exclusiva do seu objeto de estudo, a Moral.

ð Ética e as profissões - A maioria das profissões tem o seu próprio código de ética profissional, que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, freqüentemente incorporados à lei pública. Nesses casos, os princípios éticos passam a ter força de lei; note-se que, mesmo nos casos em que esses códigos não estão incorporados à lei, seu estudo tem alta probabilidade de exercer influência, por exemplo, em julgamentos nos quais se discutam fatos relativos à conduta profissional. Ademais, o seu não cumprimento pode resultar em sanções executadas pela sociedade profissional, como censura pública e suspensão temporária ou definitiva do direito de exercer a profissão.

ð Na convivência social, cabe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta difícil de ser respondida. Esta é a questão central da Moral e da Ética. Enfim, a ética é julgamento do caráter moral de uma determinada pessoa. Como Doutrina Filosófica[2], a Ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta, exclusiva do seu objeto de estudo, a Moral.

ð Ética na biologia: Um assunto que é bastante polêmico é a clonagem: uma parte dos ativistas considera que, pela ética e bom senso, a clonagem só deve ser usada, com seu devido controle, em animais e plantas somente para estudos biológicos - nunca para clonar seres humanos.



[1] Revista Discutindo Filosofia. Artigo: Ética, uma reflexão sobre a atualidade e a relevância dessa doutrina filosófica.. Escala educacional. Edição nº 11, 2008

[2] Como Doutrina Filosófica, a Ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta, exclusiva do seu objecto de estudo, a Moral. Portanto, a Ética mostra o que era moralmente aceito na Grécia Antiga possibilitando uma comparação com o que é moralmente aceito hoje na Europa, por exemplo, indicando através da comparação, mudanças no comportamento humano e nas regras sociais e suas conseqüências, podendo daí, detectar problemas e/ou indicar caminhos. Além de tudo ser Ético é fazer algo que te beneficie e, no mínimo, não prejudique o "outro".

Correntes Teóricas da Sociologia: o Positivismo e Materialismo Histórico e seus Conceitos básicos


As duas Principais Correntes Teóricas da Sociologia: O Positivismo e o Materialismo Histórico ou Crítica Social.



O que é corrente teórica? Consiste no conjunto de idéias ou princípios que se propõe a explicar como um fenômeno social ou uma realidade social funciona, ou seja, como os efeitos desta agem sobre a natureza e indivíduo. As idéias positivistas e materialistas propõem-se com a conservação (maneiras de por em ordem a sociedade) ou a transformação (maneiras de realizar mudanças radicais na sociedade).


Teoria Positivista

Como entender o positivismo? – O positivismo foi criado por Augusto Comte (1798 – 1857). Idéias que glorificaram a sociedade européia no séc. XIX em franca expansão do capitalismo. Propõe-se a estudar a sociedade associando o conhecimento filosófico ao pensamento científico (a física social de Augusto Comte). As idéias positivistas reconhecem os procedimentos da ciência como indispensáveis para o estudo dos fatos sociais. E estes passam a ser estudados a partir de procedimentos científicos sistemáticos e criteriosos, utilizando-se da experimentação, e observação, a fim de obterem resultados concretos, precisos, relativos. Desse modo, o positivismo opõe-se as idéias filosóficas, teológicas ou religiosas, contestadas por seu obscurantismo e por serem baseadas no senso comum, em fim, não emitiam certezas.

Desse modo, o positivismo defende a idéia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. De acordo com os positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria é correta se ela foi comprovada através de métodos científicos válidos.

Os positivistas não consideram os conhecimentos ligados as crenças, superstição ou qualquer outro que não possa ser comprovado cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos.

Outros pensadores que adotaram essa teoria juntamente com Comte - Durkheim, Saint-Simon - faziam parte da ala conservadora da sociologia, aqueles que viam a sociedade semelhante a um organismo, onde todos deveriam estar em seu devido lugar para que tudo funcionasse a contento, sem sofrer transformações. Por isso buscavam reorganizar a sociedade resolvendo os conflitos sociais em busca da coesão, da harmonia natural entre todos e do bem estar do todo social.

Ao contrário de Marx que insistia nos conflitos e na luta entre as classes como forças para a transformação da realidade, Durkheim vê a sociedade como integrada, formando um todo coeso e mantido por regras de convivência. Um dos elementos da integração. A participação em rituais, por exemplo, tenderá a unir os membros de grupos religiosos. Também, trabalhos diferenciados, mas, complementares provocam um aumento na integração de grupos de trabalhadores.

Nota-se com isso, que a preocupação básica do positivismo clássico foi com a manutenção e preservação da ordem capitalista, ou seja, com a sustentação dos interesses econômicos dessa classe. Admitindo o capitalismo como sociedade perfeita. Pensavam que os problemas da sociedade do séc. XVIII e XIX, as crises sociais conflitos gerados da exploração dos trabalhadores pelos empresários, não se resolveriam com uma luta política e sim através da ciência, da sociologia em busca da ordem e o progresso.

A ordem seria representada pelos elementos permanentes da sociedade, as instituições, escolas, famílias, propriedade, etc. a fim de ajustar todos os indivíduos às condições estabelecidas pela classe dominante, garantindo o bem comum em favor do progresso. Os positivistas concebiam a sociedade como boa faltando, apenas, conhecer curar suas doenças (caso patológico), assim, não tomavam partido das reivindicações dos trabalhadores, acreditavam que podiam resolvê-las pela organização e harmonia natural entre os indivíduos, ou seja, estes deveriam se adaptar à realidade social existente de forma passiva e indiferente.

Portanto, para o positivismo clássico o objeto da sociologia não era tanto produzir a ordem justa das relações humanas, mas, de explicar a realidade visível e romper com as idéias o senso comum, o “achismo”, aliando-se aos objetivos da ciência a fim de satisfazer os interesses dominantes.

Suas idéias ultrapassam a reflexão filosófica chegando a constituir um todo organizado e sistemático de pressupostos teóricos e metodológicos sobre a sociedade.

Essa forma de pensar o progresso positivo com base na ciência fez com que os pensadores positivistas concluíssem que os problemas sociais entre empresários e trabalhadores, que se manifestou com o capitalismo, não se resolveriam com uma luta política e sim através da ciência, da sociologia, visando a ordem e o progresso da sociedade.


OS CONCEITOS BÁSICOS DO POSITIVISMO
A sociologia desenvolvida por Durkhein tenta compreender o capitalismo; para conseguir isso, Durkheim deseenvolve uma série de conceitos, ou seja, um conjunto de palavras novas que formam uma teoria, que significa um conjunto de idéias desenvolvidas a partir de nossa inteligência para explicar um fenômeno qualquer.
Assim, Durkheim ao observar, classificar e entender a sociedade capitalista desenvolve um conjunto de palavras novas: Consciência Coletiva, Divisão do trabalho social, solidariedade orgânica , solidariedade mecânica, caso patológico e da anomia. Cada um desses conceitos é formado por idéiascapazes de explicar os fatos sociais.

CONSCIÊNCIA COLETIVA – é formada pelas idéias comuns que estão presentes em todas as consciências individuais de uma sociedade, retratando a idéia de que seja o Psíquico Social, portanto não é a nossa consciência individual que faz parte de nossa personalidade, como nosso jeito individual de pensar, agir e entender a vida. A consciência coletiva determina nossa conduta mais social, mais geral, ela está difusa (espalhada) em toda sociedade.
Como a consciência coletiva se manifesta na sociedade? Em nossas vidas? Ela é exterior ao indivíduo e coercitiva. Assim, é ela que irá impor as regras de uma sociedade ou o modo como o indivíduo irá agir ou se comportar em sociedade. Com isso, Durkheim compreende que as ações de uma pessoa são determinadas pela consciência social, pois quando o indivíduo nasce já encontra a sociedade constituída por regras, leis, cultura (direito, dos costumes, das crenças religiosas, do sistema financeiro, etc.) que foram criadas pelas gerações passadas e transmitidas pela educação.
Durkheim cita exemplos de consciência coletiva: não sou obrigado a falar o mesmo idioma dos meus companheiros de pátria, nem empregar as moedas legais, mas é impossível agir de outra maneira; se sou industrial nada me proíbe usando processos técnicos do século passado, mas se o fizer terei a ruína como resultado inevitável.

DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL Durkheim definia este termo como sendo a especialização das funções entre os indivíduos de uma sociedade.
O positivismo tenta entender o funcionamento da sociedade capitalista da mesma forma que a Biologia entende o funcionamento do corpo de um animal, isto é, Durkheim achava que a sociedade capitalista ao desenvolver-se, multiplicava-se as atividades a serem realizadas. Com isso cada indivíduo teria uma função a cumprir, a qual seria importante para o funcionamento de todo o corpo social.
Assim, de acordo com Durkheim, com o desenvolvimento ou progresso da sociedade capitalista surgem novas atividades, e mais atividades especializadas e estas por sua vez tornam-se divididas Desse modo os indivíduos passam a depender cada vez mais de outros. Por exemplo, o marceneiro passa a depender do lenhador que corta a arvore, do motorista que transporta a madeira, do operário que prepara o verniz, daquele que prepara pregos, martelos, serrotes, etc.
Mas, o efeito mais importante da divisão do trabalho social é tornar possível a união e solidariedade entre pessoas de uma mesma sociedade.

Da SOLIDARIEDADE ORGÂNICA à SOLIDARIEDADE MECÂNICA
A SOLIDARIEDADE MECÂNICA - Durkheim via que nas sociedades tribais e feudal a divisão do trabalho social era pouco desenvolvida, não havia um grande número de atividades especializadas, e a união de pessoas se dava a partir da semelhança da religião, tradição ou sentimento comum a todos. Por exemplo, a produção de bens de consumo era realizada pelo trabalho artesanal, no qual uma só pessoa produzia aquilo que necessitava sem depender de outras pessoas. Ao fazer a mesa o servo só dependia de seu trabalho isolado.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA – é a união de pessoas a partir da dependência que uma tem da outra para realizar alguma atividade social quando a divisão do trabalho social aumenta. Esse aumento ocorreu com a divisão e especialização das funções na sociedade capitalista. E cada pessoa ao especializar-se na atividade que realiza, passa a desenvolver sua individualidade, ou seja, passa ter liberdade, seguindo suas próprias idéias, independente da consciência coletiva.. A individualidade passa a ser ressaltada, pois cada um, de posse de sua atividade, age como bem entende, aí não há divergência para por em risco a existência do grupo.
Enquanto que com a solidariedade mecânica, em um grupo formado por amigos afins poderá ocorrer que um indivíduo discorde do outro, e isso pode ocasionar um conflito, pondo em risco a existência do grupo. Nesse caso, cada indivíduo deve agir seguindo a idéia comum do grupo e não a partir de suas próprias idéias para não por em risco a existência do grupo.
Durkheim tinha uma visão otimista sobre o futuro da sociedade capitalista, pensava que todo o progresso desencadeado pelo capitalismo traria um aumento da divisão do trabalho social e por conseqüência a solidariedade orgânica, a ponto de fazer com que a sociedade chegasse a um estágio sem conflitos e problemas sociais. Para ele o capitalismo era uma sociedade perfeita. Precisava-se apenas de conhecer os seus problemas e buscar solução científica para eles. Ou seja, a sociedade é boa precisando, apenas, curar suas doenças.

A sociologia diante do caso PATOLÓGICO E DA ANOMIA - para Durkheim, os problemas políticos entre empresários e trabalhadores não se resolveriam com lutas políticas e sim através da ciência, essa seria a tarefa da sociologia como ciência: compreender o funcionamento da sociedade de modo objetivo para observar, classificar e compreender as leis sociais e descobrir suas falhas e corrigi-las por outras mais eficientes. Durkheim acreditava que o funcionamento da sociedade controlado pelas regras e leis faria com que os problemas sociais não tivessem sua origem na economia. Por exemplo, o aumento diário da criminalidade é porque as leis não regulamentam ou o combate ao crime está falhando. E quando as leis não estão funcionando ocorre o caso patológico. E a ausência de regras é a anomia que deve ser evitada através da criação de uma nova moral que superes a velha.

Questão para responder:
1. Pense um pouco e tente encontrar exemplos de como a consciência coletiva exerce controle sobre nossa vida.


O Positivismo no Brasil.
O positivismo teve influência fundamental nos eventos que levaram à Proclamação da República no Brasil, destacando-se o Coronel Benjamim Constant (que, depois, foi homenageado como "Fundador da República Brasileira"). Benjamin Constant Botelho de Magalhães (Niterói, 1836 — Rio de Janeiro, 1891) foi um militar, professor e estadista brasileiro. Adepto do positivismo, em suas vertentes filosófica e religiosa - cujas idéias difundiu entre a jovem oficialidade do Exército brasileiro -, foi um dos principais articuladores do levante republicano de 1889, foi nomeado Ministro da Guerra e, depois, Ministro da Instrução Pública no governo provisório. Na última função, promoveu uma importante reforma curricular. As disposições transitórias da Constituição de 1891 consagraram-no como fundador da República brasileira.
A conformação atual da bandeira do Brasil é um reflexo dessa influência na política nacional. Na bandeira lê-se a máxima política positivista Ordem e Progresso, surgida a partir da divisa comteana O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim, representando as aspirações a uma sociedade justa, fraterna e progressista.
Outros positivistas de importância para o Brasil foram Nísia Floresta Augusta (a primeira feminista brasileira e discípula direta de Auguste Comte), Miguel Lemos, Euclides da Cunha, Luís Pereira Barreto, o Marechal Cândido Rondon, Júlio de Castilhos, Demetrio Ribeiro, Carlos Torres Gonçalves, Ivan Monteiro de Barros Lins, Roquette-Pinto, Barbosa Lima, Lindolfo Collor, David Carneiro, David Carneiro Jr., João Pernetta, Luís Hildebrando Horta Barbosa, Júlio Caetano Horta Barbosa, Alfredo de Morais Filho, Henrique Batista da Silva Oliveira e inúmeros outros.
Houve no Brasil dois tipos de positivismo: um positivismo ortodoxo, mais conhecido, ligado à Religião da Humanidade e apoiado pelo discípulo de Comte Pierre Laffitte, e um positivismo heterodoxo, que se aproximava mais dos estudos primeiros de Augusto Comte que criaram a disciplina da Sociologia e apoiado pelo discípulo de Comte Émile Littré.
Hoje os positivistas são em número reduzido, mas se reúnem no Rio de Janeiro (no Clube Positivista, no bairro da Cinelândia, e no Templo da Religião da Humanidade, no bairro da Glória, na rua Benjamim Constant), e ainda está sendo reativada a Capela no Rio Grande do Sul. A Igreja e o Clube são dirigidas pelo engenheiro Danton Voltaire Pereira de Souza, e tem experimentado um momento de reavivamento do interesse, na imprensa, revistas e comunidades acadêmicas.

2. MATERIALISMO HISTÓRICO
O que significa Materialismo Histórico? é uma teoria crítica, também, negadora da sociedade capitalista, que assume como tarefa teórica a explicação crítica da sociedade, e como objetivo final a sua superação. Essa teoria liga-se a tradição do pensamento socialista que encontra em Karl Marx a sua elaboração mais expressiva, comprometida com a transformação revolucionária da sociedade o pensamento marxista procurou tomar as contradições do capitalismo na sociedade como um dos seus focos centrais.
Materialismo Histórico que se expressa com uma teoria crítica da sociedade capitalista, através da qual Carl Marx procura tornar os grupos desfavorecidos conscientes de seus interesses objetivos. Com argumentos científicos Marx evidencia as realidades sociais não observadas ou mascaradas por falsas idealizações. Explica a situação social reinante como um estágio e um desenvolvimento ainda em curso, pois tudo se transforma, se modifica desde as leis, hábitos, costumes. Mostra que as ideologias estranhas à realidade da classe trabalhadora têm a função de manter os interesses da classe dominante.
A força dessa teoria deixada por Marx abre campo para a renovação social, tarefa do proletariado consciente. Logo, é a teoria crítica que abriu espaços para a reflexão da realidade e de tudo que está posto por uma classe dominante através de sua visão de mundo. Visão que não combina com nossa realidade, mas que de forma sutil e coercitiva se introduz em nossa vida, e sem percebermos assimilamos seus valores, os quais têm sempre por fim alimentar seus próprios interesses, movidos pelo poder do lucro econômico do capitalismo. Tendo por base a teoria crítica da sociedade, podemos analisar realidade e enxergar criticamente as contradições sociais existentes que nos envolve na sociedade.

OS CONCEITOS BÁSICOS DO MATERIALISMO HISTÓRICO
Enquanto Durkheim com o Positivismo queria saber como é a sociedade, estudando a consciência social e as regras morais, o Materialismo Histórico de Karl Marx irá analisar a forma de as pessoas trabalharem nessa sociedade (explicada através dos conceitos básicos). Percebendo-se que o Positivismo e o Materialismo Histórico são duas formas radicalmente opostas de entender a sociedade capitalista. Aceitar uma implica em negar a outra.
Para entender o materialismo histórico Karl Marx desenvolveu os seguintes conceitos: Mercadoria, Capital, Lei da Mais-Valia, Classes Sociais, Estado e Ideologia.

MERCADORIA
Marx em seu livro O Capital afirmava que a sociedade aparece, inicialmente, como um grande depósito de mercadoria – relaciono-me com o padeiro, pois compro pão, com o cobrador de ônibus, pois pago a passagem, etc. O trabalhador vende sua capacidade de trabalhar em troca de um salário, assim por diante.
O processo de circulação simples de MERCADORIA foi a base da organização da economia durante o mercantilismo – infância do capitalismo - momento em que a principal forma de acumular riqueza era através da troca de mercadorias (o comércio – 1400 a 17000), logo o que caracteriza esse processo é a troca de mercadorias.
Para sobreviver os indivíduos produzem os bens materiais para o seu consumo transformando a natureza através de seu trabalho e trocam entre si os produtos de que necessitam. Por exemplo: a pessoa A tem um quilo de pão e B tem uma loja de sapatos. A necessita de sapato e B de pão, assim, ambos trocam os produtos.
E o que determina que na troca das mercadorias meio quilo de pão vale um par de sapatos? - É o tempo de trabalho socialmente necessário para sua produção: se A leva 4 horas para fabricar meio quilo de pão, ele irá trocar pelos pares de sapatos de B que levou essa mesma hora para ser fabricado.

E se B não quiser trocar o sapato pelo pão? A troca não se efetua. Então, surge o DINHEIRO. Assim A leva seu pão ao MERCADO e troca o pão pelo equivalente em DINHEIRO (ouro), em seguida troca esse dinheiro por um par de sapatos.
Esse processo de circulação simples pode ser apresentado da seguinte forma:

MERCADORIA- venda- DINHEIRO - compra -MERCDORIA

Podemos perceber que a MERCADORIA caracteriza-se por possuir um valor de troca, ou seja, uma capacidade para ser trocada, e um valor de uso.
Quando passa do Mercantilismo ao CAPITALISMO (1701 até hoje) o que caracteriza a economia é o processo de formação de capital.
Processo de FORMAÇÃO DE CAPITAL – o que caracteriza esse processo não é mais a troca de mercadorias como no Mercantilismo, e sim a preocupação em produzir mercadorias (indústria). Trocando o Dinheiro por Mercadoria para em seguida trocar por mais Dinheiro. Na seguinte forma:

Dinheiro-compra-Mercadoria-venda-Mais Dinheiro

Exemplo: com R$ 100,00 compro uma CAMISA (mercadoria) e vendo por R$ 200,00 (dinheiro), terei R$ 100,00 a mais de lucro mais Dinheiro . Como explicar esse aumento de R$ 100,00?
- No processo da circulação do capital não pode ser, pois o empresário que aumentou sua mercadoria para revendê-la, poderá perder esse lucro ao comprar outra mercadoria também com preço maior. Nesse caso, o capital se mantém constante. Portanto, se o lucro não nasce no momento da troca, ele só poderá nascer no momento em que o PRODUTOR FABRICA SUA MERCADORIA:

Compra com dinheiro determinadas mercadorias, transformando-as, acrescentando-lhes maior quantidade de TRABALHO, alterando para mais o seu valor

Assim o empresário que quer aumentar uma soma de dinheiro e torná-lo capital - compra o couro (matéria-prima), a máquina (meio de produção) e a força de trabalho (o operário). A FORÇA DE TRABALHO é a mercadoria com maior característica de acrescentar valor a outras mercadorias, ou seja, tem a capacidade de transformar o couro em sapato. A Força de trabalho, também, tem um preço estipulado, definido para sustentar todos os bens de consumo necessários para manter o trabalhador vivo em condições de trabalhar e de se reproduzir.

A LEI DA MAIS-VALIA
Segundo Marx, é no momento em que o empresário compra a força de trabalho de seu empregado que nasce o processo de exploração capitalista. De que modo?
O empresário, ao pagar os salários aos trabalhadores, nunca paga a eles o que realmente produziram.
É nesse processo D-M-D+ quando o trabalhador produz muito mais do que recebe, e o empresário fica rico, não a custa de seu próprio trabalho e sim do trabalho de seus empregados, pois estes com sua a força de trabalho transformam e geram maior valor à mercadoria. Sabendo que os trabalhadores
Um exemplo dessa relação de exploração do empresário ao trabalhador: se um empresário quiser aplicar R$15,00 na fabricação de um par de sapatos para obter lucro, deverá obter certa quantidade de couro (digamos R$10,00), uma máquina, cujo gasto para fabricação de 1 par de sapatos seja de R$2,00. Suponhamos também que o tempo de trabalho para fazer um par de sapatos seja de 4 horas (de que necessita para suprir de certos bens materiais de consumo, que equivalem a um dia de sobrevivência - 24 horas, que representa de uso de força de trabalho). Vamos imaginar que o gasto para manter essa força de trabalho durante 24 horas seja de R$3,00. Bem, até agora, nosso empresário, para fazer um par de sapatos gastou R$15,00. Onde, então, está o lucro?

PARA OBTER LUCRO, basta o empresário aumentar a jornada de trabalho de 4 para 8 horas, e assim obterá: R$20,00 em couro, R$4,00 no uso de máquinas e R$3,00 em força de trabalho, obtendo um total: R$27,00.

Vimos que o preço real do sapato é de R$15,00, mas aumentando a jornada de trabalho para 8 horas teremos 2 pares de sapatos que custam para o empresário R$27,00. Agora, o empresário pode vender cada par a R$15,00, e terá, então, R$30,00, sendo que para fabricá-los gastou R$27,00. A diferença de R$3,00 equivalente a 4 horas a mais que constitui o lucro, isto é:
O excedente de valor produzido que não é devolvido ao trabalhador; sendo apropriado pelo capitalista. Isso é o que Marx define como sendo a mais-valia.
(O exemplo citado acima foi feito com base nas afirmações de Marx no seu livro O Capital, I, capítulo V.)
A mais-valia é que irá caracterizar o capital, pois parte dela é reempregada no processo de acumulação capitalista. Assim, podemos perceber que o Capital não é algo mágico; ele nasce de determinadas relações sociais de produção e as
Mercadorias nada mais são do que a materialização do trabalho que não foi pago ao empregado
Sem esse raciocínio, há inversão de sentidos - as coisas não aparecem tão claras, somos levados a pensar que as mercadorias têm qualidade própria; que no processo de troca, as mercadorias se equivalem; que o dinheiro possui um poder mágico de compra. Dando a impressão de que o valor de trocas não equivale ao valor tempo de trabalho, e sim da manifestação das leis de oferta e procura.
A essa inversão de sentidos, Marx denominou de fetiche das mercadorias, e consiste basicamente em dar a impressão de que as relações sociais de trabalho são apenas relações sociais entre mercadorias. Fazendo com que as relações de exploração entre patrão e empregado fiquem encobertas, favorecendo a própria continuação do capitalismo.

CLASSES SOCIAIS
Para Marx, o capitalismo organiza-se de modo a dar origem a duas classes sociais: os empresários (ou burgueses) e os trabalhadores (ou proletários).

Uma pessoa é considerada pertencente à classe dos empresários quando possui capital, isto é, quando é proprietária dos meios de produção e compradora de força de trabalho (os empresários seriam os donos das indústrias, das grandes fazendas, dos bancos ou do grande comércio).

Uma pessoa é considerada pertencente à classe trabalhadora quando não tem nada, a não ser sua capacidade de trabalhar (força de trabalho), que vende ao empresário em troca de um salário (os operários, os camponeses, bancários, balconistas, auxiliares de escritório, empregadas domésticas, professores, secretárias, etc.)
Estas duas classes, segundo Marx, relacionam-se de modo a criar um conflito. Como? - Estudando a lei da mais-valia, percebemos que os empresários exploram os trabalhadores, não lhes pagando tudo aquilo que produziram. Assim, ao receberem um salário baixo são condenados a se alimentarem mal, a se vestirem mal, a morar em péssimas condições e ter uma saúde deficiente.
E para tentar mudar esse modo de vida é preciso que os trabalhadores organizem-se nos bairros, nas escolas e fábricas, exigindo dos empresários, ou do Estado, o direito a uma vida digna. Entretanto, aumentar o salário implica diminuir o lucro e privilégios do empresário, surge daí um conflito social:

Empresários lutando por mais lucro contra trabalhadores lutando por uma vida melhor. É o que Marx define por luta de classes.
Marx atribuiu aos trabalhadores à condição de CLASSE REVOLUCIONÁRIA, quer dizer, aquela classe que pode contribuir para a construção de uma nova sociedade sem exploradores nem explorados, por sua capacidade de se organizar e de lutar por seus direitos. Portanto, a superação dos problemas sociais no capitalismo não se dá como pensava Durkheim, através da ciência e sim por meio de uma luta política
Sociólogos contemporâneos (tempos atuais) afirmam que no interior da classe trabalhadora existem diversas divisões que podem dificultar a união dos trabalhadores em função de uma LUTA EM COMUM. Estas diferenças culturais na classe trabalhadora, seu comportamento cultural e político, são originadas por profissões diferentes, pela cor ou pelo sexo. Por exemplo, os valores e problemas da mulher que é, ao mesmo tempo, mão, dona-de-casa e trabalhadora são diferentes dos do homem. Um operário qualificado possuidor de casa própria pode ter um comportamento social e político diferente de um operário não qualificado, residente numa favela.

ALIENAÇÃO
O termo alienação, originalmente, - e ainda hoje – era o termo da psiquiatria que designava uma forma de perturbação mental, como a esquizofrenia – uma perda da consciência ou da identidade pessoal. Do posto de vista econônico-social é a perda da consciência de si em virtude de uma situação real. O homem perde sua consciência pessoal, sua identidade e personalidade, o que vale dizer sua vontade é esmagada pela consciência do outro ou pela consciência social – a consciência de grupo. O homem perde parcial ou totalmente sua capacidade de decisão. É ainda sua integração absoluta no grupo: ele massifica passa a pertencer à massa e não a si mesmo. Torna-se estranho a si mesmo e ao resultado de suas ações, invertido em relação as suas intenções, desejos ou necessidades
Marx faz do conceito alienação uma peça-chave de sua teoria para a compreensão da exploração econômica exercida sobre o trabalhador no capitalismo. A indústria, a propriedade privada e o salário alienavam ou separavam o operário dos “meios de produção” (ferramentas, matéria-prima, terra e máquina) e do fruto de seu trabalho, que se tornaram propriedade privada do empresário capitalista. Com o advento da máquina, o trabalho tornou o operário duplamente alienante: à máquina e ao dono da máquina. O homem se torna parte dela como o parafuso ou uma engrenagem. Não é o homem que produz é a máquina, ele limita-se a fazê-la funcionar, movimentá-la, detê-la. O aperfeiçoamento da máquina à medida que reduz o esforço físico do homem mais reduz sua participação e em conseqüência mais reduz sua intervenção consciente no trabalho. A máquina moderna dispensa a inteligência e a consciência humana e o anula como homem, se tornando uma peça dela.
Politicamente, também o homem se tornou alienado, pois o princípio da representatividade, base do liberalismo, criou a idéia de Estado como um órgão público imparcial (justo) capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la pelo poder delegado pelos indivíduos, tornando-os indiferentes às decisões, passivos, não percebendo se seus interesses estão sendo defendidos, sem participação política. Marx mostrou, entretanto, que na sociedade de classes o Estado representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse desta.
Segundo Marx, a “divisão social do trabalho” fez com que o pensamento filosófico e científico se tornasse atividade exclusiva da classe dominante. As diversas escolas filosóficas passaram defender a visão de mundo e refletir os interesses dessa classe. Algumas, como o liberalismo, transformaram-se em verdadeiras “filosofias de Estado”. O mesmo aconteceu com pensamento científico que, pretendendo-se universalizar, passou a expressar a parcialidade da classe dominante. Esse comprometimento do filósofo e do cientista em face do poder resultou também em nova forma de alienação para o homem que se tornou inconsciente, esquecendo suas verdadeiras aspirações e necessidades.
A classe trabalhadora, miserável, também sem oportunidades escolares de desenvolver sua formação nessas áreas de conhecimentos torna-se alienada, indiferente à participação e decisão político-social.
Alienado, separado e humilhado, o homem só pode recuperar a integridade de sua condição humana pela crítica radical ao sistema econômico, à política e à filosofia que o excluíram da participação efetiva na vida social. Essa crítica radical, que nasce do livre exercício da consciência só se efetiva na práxis, que é a ação política consciente e transformadora. A crítica está assim unida à práxis (novo método de abordar e explicar a sociedade e também um projeto para a ação sobre ela). Assim o marxismo se propunha como opção libertadora do homem.

IDEOLOGIA

É uma forma de dominação e controle sobre os trabalhadores, só que se apresenta de forma mais eficiente que a ação do Estado. Para entender o que seja ideologia, é importante, em primeiro lugar, saber que as pessoas, quando travam relações entre si através do trabalho, PENSAM e REFLETEM, criando representações simbólicas (pensamentos, idéias). Aquilo que as pessoas pensam sobre a forma de como trabalham influi para que entendam sua própria vida social.

Karl Marx e Friedrich Engels deram a ideologia o sentido de consciência social de uma classe dominante (principalmente a capitalista ou burguesia), ou conjunto de idéias falsas e enganadoras destinadas a mascarar a realidade social aos olhos das classes trabalhadoras. Encobrindo as relações de exploração e dominação que estão submetidas essas classes.

Vejamos um exemplo: a idéia de progresso aparece como uma caminhada em busca de uma perfeição contínua. Todos devem trabalhar para progredir ‘vencer na vida’ para ter uma vida melhor daquela que possuem. Em grande parte ‘vida melhor’ é entendida pela quantidade de bens e propriedade que o indivíduo possui. A partir daí procurou-se disseminar a idéia de que todos têm as mesmas possibilidades e condições de melhorar de vida, precisando apenas esforço e dedicação pessoal. Parte-se do pressuposto de que a sociedade capitalista é uma sociedade harmônica, em que não há nenhuma forma de exploração.

Assim, quando afirmamos que existe uma dominação através da ideologia, queremos dizer que a filosofia capitalista preocupa-se em transmitir uma visão de mundo acrítica e passiva, para que se aceite a exploração como algo natural.

Na sociedade atual podemos afirmar que os instrumentos para impor a IDEOLOGIA são:

A escola, os meios de comunicação de massa, clubes, entidade assistenciais, seitas e alguns setores da religião.

Assim, para Marx, os empresários utilizam-se tanto do Estado quanto da Ideologia para controlar os trabalhadores, isto é, para explorá-los sem que eles percebam.

Hoje podemos dizer que a ideologia é um conjunto de idéias, procedimentos, concepções religiosas, filosóficas, intelectuais, que possui certa lógica e que orienta o sujeito para determinadas ações de uma forma partidária e responsável. Possui também, uma grande capacidade de mobilizar pessoas e as massas. Não é somente esse conjunto de elementos citados, ela tem uma poderosa força para acionar indivíduos. Torná-los ativos de certas idéias e ideais, na política, na religião e no dia a dia. Fazendo com que as pessoas produzam obra de arte, escrevam, trabalhem por alguma causa, explorem os outros, dediquem-se a alguma religião, cuidem da natureza e assim por diante.



Referências :
COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. S. Paulo: Moderna, 2005.
MEKSENAS, Paulo. Aprendendo sociologia: A paixão de conhecer a vida. 9ª edição. Ed. Loyola. S. Paulo, 2005
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. Série Brasil. Ed. Àtica. S. Paulo, 2005.

Questão para responder:
1. Pense um pouco e tente encontrar exemplos de como a consciência coletiva exerce controle sobre nossa vida.

Atividade de Pesquisa:
Assunto: As duas principais correntes teóricas da sociologia: Positivismo e Materialismo Histórico ou Crítica Social.

1. Explique o que significa teoria Positivista.

2. Identifiquem e complete nas questões abaixo as idéias teóricas do positivismo, ou do materialismo histórico.

a) As idéias _____________________________ são conservadoras, pois acreditam que a sociedade não deve ser mudada, que as coisas devem permanecer como estão, receiam qualquer transformação social. Por fim, admitem que os problemas sociais criados pelo capitalismo sejam resolvidos dentro do próprio capitalismo.

b) Segundo o ___________________________ a sociedade é um fenômeno transitório, isto é, passível de ser transformado. A mudança social poderá surgir no momento que a classe trabalhadora organizar-se e lutar para a criação de uma nova sociedade. Portanto são idéias transformadoras e revolucionárias.

c) Segundo idéias de Karl Marx, relacionadas à teoria _________________________________, a superação dos problemas sociais no capitalismo não se dá como pensava Durkheim, através da ciência e controle do Estado, mas sim através da luta política das classes trabalhadoras.

d) A teoria ________________________________ afirma que uma pessoa é considerada como pertencente à classe trabalhadora quando não tem nada, a não ser sua capacidade de trabalhar (força de trabalho) que vende ao empresário em troca de um salário.
e) O ______________________________ através de Durkheim acreditava que os problemas sociais não tinham sua origem na economia como pensava Marx, e sim numa crise moral, isto é, num estado social onde não existem leis ou as leis não estão funcionando, portanto, cabe ao poder Estado criar leis e a partir dela uma nova moral social para na prática controlar as pessoas e organizar a sociedade.

f) De acordo com as idéias _____________________________ o capitalismo é a sociedade perfeita, precisa-se apenas conhecer os seus problemas e buscar uma solução científica para eles. Em outras palavras a sociedade é boa, sendo necessário apenas curar suas doenças.

g) O __________________________________se expressa como teoria crítica da sociedade capitalista, através da qual, Carl Marx procura tornar os grupos desfavorecidos conscientes de seus interesses objetivos. Com argumentos científicos Marx evidencia as realidades sociais não observadas ou mascaradas por falsas idealizações.

3. Analise segundo o ponto de vista da teoria positivista, que atitudes ou decisões poderiam ser tomadas diante de uma greve de trabalhadores reivindicando melhorias salariais?
4. Para o pensador positivista Durkheim, o que significa divisão social do trabalho?

5. Baseando-se na teoria de karl Marx: Materialismo histórico, comente sobre a origem do lucro, da riqueza em nossa sociedade e as conseqüências para o trabalhador.

6. Pesquise reportagens sobre situações ou problemas sociais gerados pela organização da sociedade capitalista, tais como o consumo de massa, a pobreza, a criminalidade, o analfabetismo, etc. e faça comentários sobre esses problemas considerando a compreensão do Materialismo Histórico ou Crítica Social de Karl Marx.

7. Comente sobre o significado do conceito alienação

8. Diga o que você entendeu sobre ideologia?

9. Como se caracterizam as classes sociais no capitalismo?

10. O que você entende por LUTA DE CLASSES?


11. Para Marx, onde está a origem dos problemas sociais?



Cultura e dominação - Multiculturalismo

Texto complementar Gênero. ética e cidadania

O que é Multiculturalismo?

Multiculturalismo / atividades de classe

MULTICUTURALISMO


MULTICULTURALISMO


Em princípio trata-se de uma noção que alarga o espaço da democracia e instaura a Tolerância multirracial, onde antes havia intolerância, preconceito e discriminação. O multiculturalismo mostra as diferenças entre etnias e cultura.

É importante chamar atenção para as contradições inerente ao conceito, já que o multiculturalismo procura celebrar as diferenças entre as etnias e cultura, mas não faz uma crítica sistemática no racismo, da discriminação e do preconceito que estão entranhados no interior da cultura dominante

A multiplicidade de culturas e etnias tem caracterizado as sociedades modernas. Portanto a idéia de multiculturalismo é um resultante desses processos civilizatórios marcados pela heterogeneidade. São características do multiculturalismo: o reconhecimento da filiação de cada indivíduo a um grupo cultural; o destaque à herança cultural de cada um desses grupos, para que os demais possam apreciá-la e respeitá-la; a afirmação da equivalência dos vários grupos étnico-culturais de uma dada sociedade; a postulação (por vias legais ou não) do direito dos grupos sociais manterem sua singularidade cultural; o enaltecimento da diversidade como característica positiva das sociedades modernas.

Na sociedade americana o multiculturalismo tomou vulto nos últimos dez anos, em respostas as atitudes racistas e xenófobas dirigidas contra os imigrantes latinos pela população branca dos Estados Unidos. Esses imigrantes buscam o “paraíso do Tio Sam” como alternativo às péssimas condições econômicas (desemprego, inflação e baixos salários) dos países de origem.

Na Europa o problema da diversidade étnico-cultural é mais antigo e complexo. As fortes migrações dos países da África e da Ásia ocorridas nas décadas de 1970 e 1980, motivadas por conflitos étnicos, guerras, perseguição política, fenômenos sociais e físicos (fome, seca), criaram a categoria dos “refugiados”.

Pessoas que aportam identidades estranhas aos países nos quais se refugiam, expressam necessidades e exigem direitos das democracias européias. Mais recentemente, no processo de rearranjo do mundo socialista, emergiram no Leste europeu, exigindo direitos, minorias étnicas, lingüísticas e religiosas, até então sufocadas pelas culturas dominantes.

Tornou-se necessário então que a educação formal desse respostas aos problemas gerados pela convivência de culturas diversas no mesmo espaço social. Nesse sentido, foram desenvolvidas várias iniciativas de tolerância cultural e enaltecimento da diversidade. Mas o que significa tolerar alguém, ou tolerar outra cultura?


O verbo tolerar

A educação anti-racista, ideário que se declarou concomitante ao multiculturalismo em escolas européias, notadamente em Londres, foi a primeira a apontar as contradições do multiculturalismo. Ou seja, a exposição pura e simples da diversidade cultural e a celebração da diferença não problematizam os conflitos e as contradições das relações étnico-raciais assimétricas; não aprofundam a discussão do racismo, do sexismo e da xenofobia.

Consequentemente, não propõem alternativas concretas de superação do preconceito e da discriminação para que as diferenças não sejam transformadas em desigualdades, e, de fato, os diversos grupos étnico-raciais possam respeitar-se mutuamente e conviver em harmonia.

A educação anti-racista ao contrário do multiculturalismo, compreende o racismo como elemento estrutural das soceducação anti-racista,iedades modernas, como um conjunto de políticas, concepções institucionais e práticas da vida cotidiana que reiteram a primazia de um grupo pretensamente superior sobre outros. O racismo é tratado como uma ideologia que precisa ser explicitada e combatida. Uma ideologia que não pode ser amortecida ou camuflada por falsas crenças de convivência pacífica e harmoniosa. Por trás destas, descortina-se o esconderijo de práticas insidiosas de subordinação protagonizadas por um grupo racial dominante sobre outro(s).

E quanto à realidade educacional brasileira? O enfretamento desse problema social tão urgente ou de alguns aspectos dele, como a crescente expulsão de adolescentes e jovens, por exemplo, poderia ser facilitado pela perspectiva multicultural na educação? Pela inclusão de saberes desses grupos tradicionalmente excluídos dos currículos?

Parece não haver uma resposta pronta. É um debate que está começando. Entretanto, se não houver vontade política de cada educador(a) para desmistificar a decantada democracia racial brasileira, diariamente utilizada para amortecer os conflitos raciais entre os(as) alunos(as) no cotidiano escolar, se não houver coragem e ousadia para assumir o racismo como um componente estrutural da sociedade brasileira, o multiculturalismo será uma panacéia que não resolverá os problemas educacionais do país.

(Adaptados de: Maria Aparecida da Silva.

Multiculturalismo e educação.

Educa-Ação n. 7, 26.8.98. Publicação do

Núcleo de Estudos Negros de Florianópolis.)


Para refletir e debater

Reúnam-se em grupos e leiam coletivamente o texto de Maria Aparecida da Silva. Depois, façam uma pesquisa sobre a situação do negro no Brasil e discutam as questões levantadas pela autora: O que é multiculturalismo? Qual a diferença entre multiculturalismo e educação anti-racista? Com base no texto e na pesquisa que acabamos de propor sobre a situação do negro em nosso país, pode-se dizer que a sociedade brasileira pratica o multiculturalismo? Justifiquem a resposta. No final do debate, escreva um texto com as conclusões do grupo.


Livro: Oliveira pag. 156