As duas Principais Correntes Teóricas da Sociologia: O Positivismo e o Materialismo Histórico ou Crítica Social.
O que é corrente teórica? Consiste no conjunto de idéias ou princípios que se propõe a explicar como um fenômeno social ou uma realidade social funciona, ou seja, como os efeitos desta agem sobre a natureza e indivíduo. As idéias positivistas e materialistas propõem-se com a conservação (maneiras de por em ordem a sociedade) ou a transformação (maneiras de realizar mudanças radicais na sociedade).
Teoria Positivista
Como entender o positivismo? – O positivismo foi criado por Augusto Comte (1798 – 1857). Idéias que glorificaram a sociedade européia no séc. XIX em franca expansão do capitalismo. Propõe-se a estudar a sociedade associando o conhecimento filosófico ao pensamento científico (a física social de Augusto Comte). As idéias positivistas reconhecem os procedimentos da ciência como indispensáveis para o estudo dos fatos sociais. E estes passam a ser estudados a partir de procedimentos científicos sistemáticos e criteriosos, utilizando-se da experimentação, e observação, a fim de obterem resultados concretos, precisos, relativos. Desse modo, o positivismo opõe-se as idéias filosóficas, teológicas ou religiosas, contestadas por seu obscurantismo e por serem baseadas no senso comum, em fim, não emitiam certezas.
Desse modo, o positivismo defende a idéia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. De acordo com os positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria é correta se ela foi comprovada através de métodos científicos válidos.
Os positivistas não consideram os conhecimentos ligados as crenças, superstição ou qualquer outro que não possa ser comprovado cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos.
Outros pensadores que adotaram essa teoria juntamente com Comte - Durkheim, Saint-Simon - faziam parte da ala conservadora da sociologia, aqueles que viam a sociedade semelhante a um organismo, onde todos deveriam estar em seu devido lugar para que tudo funcionasse a contento, sem sofrer transformações. Por isso buscavam reorganizar a sociedade resolvendo os conflitos sociais em busca da coesão, da harmonia natural entre todos e do bem estar do todo social.
Ao contrário de Marx que insistia nos conflitos e na luta entre as classes como forças para a transformação da realidade, Durkheim vê a sociedade como integrada, formando um todo coeso e mantido por regras de convivência. Um dos elementos da integração. A participação em rituais, por exemplo, tenderá a unir os membros de grupos religiosos. Também, trabalhos diferenciados, mas, complementares provocam um aumento na integração de grupos de trabalhadores.
Nota-se com isso, que a preocupação básica do positivismo clássico foi com a manutenção e preservação da ordem capitalista, ou seja, com a sustentação dos interesses econômicos dessa classe. Admitindo o capitalismo como sociedade perfeita. Pensavam que os problemas da sociedade do séc. XVIII e XIX, as crises sociais conflitos gerados da exploração dos trabalhadores pelos empresários, não se resolveriam com uma luta política e sim através da ciência, da sociologia em busca da ordem e o progresso.
A ordem seria representada pelos elementos permanentes da sociedade, as instituições, escolas, famílias, propriedade, etc. a fim de ajustar todos os indivíduos às condições estabelecidas pela classe dominante, garantindo o bem comum em favor do progresso. Os positivistas concebiam a sociedade como boa faltando, apenas, conhecer curar suas doenças (caso patológico), assim, não tomavam partido das reivindicações dos trabalhadores, acreditavam que podiam resolvê-las pela organização e harmonia natural entre os indivíduos, ou seja, estes deveriam se adaptar à realidade social existente de forma passiva e indiferente.
Portanto, para o positivismo clássico o objeto da sociologia não era tanto produzir a ordem justa das relações humanas, mas, de explicar a realidade visível e romper com as idéias o senso comum, o “achismo”, aliando-se aos objetivos da ciência a fim de satisfazer os interesses dominantes.
Suas idéias ultrapassam a reflexão filosófica chegando a constituir um todo organizado e sistemático de pressupostos teóricos e metodológicos sobre a sociedade.
Essa forma de pensar o progresso positivo com base na ciência fez com que os pensadores positivistas concluíssem que os problemas sociais entre empresários e trabalhadores, que se manifestou com o capitalismo, não se resolveriam com uma luta política e sim através da ciência, da sociologia, visando a ordem e o progresso da sociedade.
OS CONCEITOS BÁSICOS DO POSITIVISMOA sociologia desenvolvida por Durkhein tenta compreender o capitalismo; para conseguir isso, Durkheim deseenvolve uma série de conceitos, ou seja, um conjunto de palavras novas que formam uma teoria, que significa um conjunto de idéias desenvolvidas a partir de nossa inteligência para explicar um fenômeno qualquer.
Assim, Durkheim ao observar, classificar e entender a sociedade capitalista desenvolve um conjunto de palavras novas: Consciência Coletiva, Divisão do trabalho social, solidariedade orgânica , solidariedade mecânica, caso patológico e da anomia. Cada um desses conceitos é formado por idéiascapazes de explicar os
fatos sociais.CONSCIÊNCIA COLETIVA – é formada pelas idéias comuns que estão presentes em todas as consciências individuais de uma sociedade, retratando a idéia de que seja o Psíquico Social, portanto não é a nossa consciência individual que faz parte de nossa personalidade, como nosso jeito individual de pensar, agir e entender a vida. A consciência coletiva determina nossa conduta mais social, mais geral, ela está difusa (espalhada) em toda sociedade.
Como a
consciência coletiva se manifesta na sociedade? Em nossas vidas? Ela é exterior ao indivíduo e coercitiva. Assim, é ela que irá impor as regras de uma sociedade ou o modo como o indivíduo irá agir ou se comportar em sociedade. Com isso, Durkheim compreende que as ações de uma pessoa são determinadas pela consciência social, pois quando o indivíduo nasce já encontra a sociedade constituída por regras, leis, cultura (direito, dos costumes, das crenças religiosas, do sistema financeiro, etc.) que foram criadas pelas gerações passadas e transmitidas pela educação.
Durkheim cita exemplos de consciência coletiva: não sou obrigado a falar o mesmo idioma dos meus companheiros de pátria, nem empregar as moedas legais, mas é impossível agir de outra maneira; se sou industrial nada me proíbe usando processos técnicos do século passado, mas se o fizer terei a ruína como resultado inevitável.
DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL – Durkheim definia este termo como sendo a especialização das funções entre os indivíduos de uma sociedade.
O positivismo tenta entender o funcionamento da sociedade capitalista da mesma forma que a Biologia entende o funcionamento do corpo de um animal, isto é, Durkheim achava que a sociedade capitalista ao desenvolver-se, multiplicava-se as atividades a serem realizadas. Com isso cada indivíduo teria uma função a cumprir, a qual seria importante para o funcionamento de todo o corpo social.
Assim, de acordo com Durkheim, com o desenvolvimento ou progresso da sociedade capitalista surgem novas atividades, e mais atividades especializadas e estas por sua vez tornam-se divididas Desse modo os indivíduos passam a depender cada vez mais de outros. Por exemplo, o marceneiro passa a depender do lenhador que corta a arvore, do motorista que transporta a madeira, do operário que prepara o verniz, daquele que prepara pregos, martelos, serrotes, etc.
Mas, o efeito mais importante da divisão do trabalho social é tornar possível a união e solidariedade entre pessoas de uma mesma sociedade.
Da SOLIDARIEDADE ORGÂNICA à SOLIDARIEDADE MECÂNICAA SOLIDARIEDADE MECÂNICA - Durkheim via que nas sociedades tribais e feudal a divisão do trabalho social era pouco desenvolvida, não havia um grande número de atividades especializadas, e a união de pessoas se dava a partir da semelhança da religião, tradição ou sentimento comum a todos. Por exemplo, a produção de bens de consumo era realizada pelo trabalho artesanal, no qual uma só pessoa produzia aquilo que necessitava sem depender de outras pessoas. Ao fazer a mesa o servo só dependia de seu trabalho isolado.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA – é a união de pessoas a partir da dependência que uma tem da outra para realizar alguma atividade social quando a divisão do trabalho social aumenta. Esse aumento ocorreu com a divisão e especialização das funções na sociedade capitalista. E cada pessoa ao especializar-se na atividade que realiza, passa a desenvolver sua individualidade, ou seja, passa ter liberdade, seguindo suas próprias idéias, independente da consciência coletiva.. A individualidade passa a ser ressaltada, pois cada um, de posse de sua atividade, age como bem entende, aí não há divergência para por em risco a existência do grupo.
Enquanto que com a solidariedade mecânica, em um grupo formado por amigos afins poderá ocorrer que um indivíduo discorde do outro, e isso pode ocasionar um conflito, pondo em risco a existência do grupo. Nesse caso, cada indivíduo deve agir seguindo a idéia comum do grupo e não a partir de suas próprias idéias para não por em risco a existência do grupo.
Durkheim tinha uma visão otimista sobre o futuro da sociedade capitalista, pensava que todo o progresso desencadeado pelo capitalismo traria um aumento da divisão do trabalho social e por conseqüência a solidariedade orgânica, a ponto de fazer com que a sociedade chegasse a um estágio sem conflitos e problemas sociais. Para ele o capitalismo era uma sociedade perfeita. Precisava-se apenas de conhecer os seus problemas e buscar solução científica para eles. Ou seja, a sociedade é boa precisando, apenas, curar suas doenças.
A sociologia diante do caso
PATOLÓGICO E DA ANOMIA - para Durkheim, os problemas políticos entre empresários e trabalhadores não se resolveriam com lutas políticas e sim através da ciência, essa seria a tarefa da sociologia como ciência: compreender o funcionamento da sociedade de modo objetivo para observar, classificar e compreender as leis sociais e descobrir suas falhas e corrigi-las por outras mais eficientes. Durkheim acreditava que o funcionamento da sociedade controlado pelas regras e leis faria com que os problemas sociais não tivessem sua origem na economia. Por exemplo, o aumento diário da criminalidade é porque as leis não regulamentam ou o combate ao crime está falhando. E quando as leis não estão funcionando ocorre o caso patológico. E a ausência de regras é a anomia que deve ser evitada através da criação de uma nova moral que superes a velha.
Questão para responder:
1. Pense um pouco e tente encontrar exemplos de como a consciência coletiva exerce controle sobre nossa vida.
O Positivismo no Brasil.O positivismo teve influência fundamental nos eventos que levaram à Proclamação da República no Brasil, destacando-se o Coronel Benjamim Constant (que, depois, foi homenageado como "Fundador da República Brasileira"). Benjamin Constant Botelho de Magalhães (Niterói, 1836 — Rio de Janeiro, 1891) foi um militar, professor e estadista brasileiro. Adepto do positivismo, em suas vertentes filosófica e religiosa - cujas idéias difundiu entre a jovem oficialidade do Exército brasileiro -, foi um dos principais articuladores do levante republicano de 1889, foi nomeado Ministro da Guerra e, depois, Ministro da Instrução Pública no governo provisório. Na última função, promoveu uma importante reforma curricular. As disposições transitórias da Constituição de 1891 consagraram-no como fundador da República brasileira.
A conformação atual da bandeira do Brasil é um reflexo dessa influência na política nacional. Na bandeira lê-se a máxima política positivista Ordem e Progresso, surgida a partir da divisa comteana O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim, representando as aspirações a uma sociedade justa, fraterna e progressista.
Outros positivistas de importância para o Brasil foram Nísia Floresta Augusta (a primeira feminista brasileira e discípula direta de Auguste Comte), Miguel Lemos, Euclides da Cunha, Luís Pereira Barreto, o Marechal Cândido Rondon, Júlio de Castilhos, Demetrio Ribeiro, Carlos Torres Gonçalves, Ivan Monteiro de Barros Lins, Roquette-Pinto, Barbosa Lima, Lindolfo Collor, David Carneiro, David Carneiro Jr., João Pernetta, Luís Hildebrando Horta Barbosa, Júlio Caetano Horta Barbosa, Alfredo de Morais Filho, Henrique Batista da Silva Oliveira e inúmeros outros.
Houve no Brasil dois tipos de positivismo: um positivismo ortodoxo, mais conhecido, ligado à Religião da Humanidade e apoiado pelo discípulo de Comte Pierre Laffitte, e um positivismo heterodoxo, que se aproximava mais dos estudos primeiros de Augusto Comte que criaram a disciplina da Sociologia e apoiado pelo discípulo de Comte Émile Littré.
Hoje os positivistas são em número reduzido, mas se reúnem no Rio de Janeiro (no Clube Positivista, no bairro da Cinelândia, e no Templo da Religião da Humanidade, no bairro da Glória, na rua Benjamim Constant), e ainda está sendo reativada a Capela no Rio Grande do Sul. A Igreja e o Clube são dirigidas pelo engenheiro Danton Voltaire Pereira de Souza, e tem experimentado um momento de reavivamento do interesse, na imprensa, revistas e comunidades acadêmicas.
2. MATERIALISMO HISTÓRICOO que significa Materialismo Histórico? é uma teoria crítica, também, negadora da sociedade capitalista, que assume como tarefa teórica a explicação crítica da sociedade, e como objetivo final a sua superação. Essa teoria liga-se a tradição do pensamento socialista que encontra em Karl Marx a sua elaboração mais expressiva, comprometida com a transformação revolucionária da sociedade o pensamento marxista procurou tomar as contradições do capitalismo na sociedade como um dos seus focos centrais.
Materialismo Histórico que se expressa com uma teoria crítica da sociedade capitalista, através da qual Carl Marx procura tornar os grupos desfavorecidos conscientes de seus interesses objetivos. Com argumentos científicos Marx evidencia as realidades sociais não observadas ou mascaradas por falsas idealizações. Explica a situação social reinante como um estágio e um desenvolvimento ainda em curso, pois tudo se transforma, se modifica desde as leis, hábitos, costumes. Mostra que as ideologias estranhas à realidade da classe trabalhadora têm a função de manter os interesses da classe dominante.
A força dessa teoria deixada por Marx abre campo para a renovação social, tarefa do proletariado consciente. Logo, é a teoria crítica que abriu espaços para a reflexão da realidade e de tudo que está posto por uma classe dominante através de sua visão de mundo. Visão que não combina com nossa realidade, mas que de forma sutil e coercitiva se introduz em nossa vida, e sem percebermos assimilamos seus valores, os quais têm sempre por fim alimentar seus próprios interesses, movidos pelo poder do lucro econômico do capitalismo. Tendo por base a teoria crítica da sociedade, podemos analisar realidade e enxergar criticamente as contradições sociais existentes que nos envolve na sociedade.
OS CONCEITOS BÁSICOS DO MATERIALISMO HISTÓRICOEnquanto Durkheim com o Positivismo queria saber como é a sociedade, estudando a consciência social e as regras morais, o Materialismo Histórico de Karl Marx irá analisar a forma de as pessoas trabalharem nessa sociedade (explicada através dos conceitos básicos). Percebendo-se que o Positivismo e o Materialismo Histórico são duas formas radicalmente opostas de entender a sociedade capitalista. Aceitar uma implica em negar a outra.
Para entender o materialismo histórico Karl Marx desenvolveu os seguintes conceitos: Mercadoria, Capital, Lei da Mais-Valia, Classes Sociais, Estado e Ideologia.
MERCADORIAMarx em seu
livro O Capital afirmava que a sociedade aparece, inicialmente, como um grande depósito de mercadoria – relaciono-me com o padeiro, pois compro pão, com o cobrador de ônibus, pois pago a passagem, etc. O trabalhador vende sua capacidade de trabalhar em troca de um salário, assim por diante.
O processo de circulação simples de MERCADORIA foi a base da organização da economia durante o mercantilismo – infância do capitalismo - momento em que a principal forma de acumular riqueza era através da troca de mercadorias (o comércio – 1400 a 17000), logo o que caracteriza esse processo é a troca de mercadorias.
Para sobreviver os indivíduos produzem os bens materiais para o seu consumo transformando a natureza através de seu trabalho e trocam entre si os produtos de que necessitam. Por exemplo: a pessoa A tem um quilo de pão e B tem uma loja de sapatos. A necessita de sapato e B de pão, assim, ambos trocam os produtos.
E o que determina que na troca das mercadorias meio quilo de pão vale um par de sapatos? - É o tempo de trabalho socialmente necessário para sua produção: se A leva 4 horas para fabricar meio quilo de pão, ele irá trocar pelos pares de sapatos de B que levou essa mesma hora para ser fabricado.
E se B não quiser trocar o sapato pelo pão? A troca não se efetua. Então, surge o DINHEIRO. Assim A leva seu pão ao MERCADO e troca o pão pelo equivalente em DINHEIRO (ouro), em seguida troca esse dinheiro por um par de sapatos.
Esse processo de circulação simples pode ser apresentado da seguinte forma:
MERCADORIA- venda- DINHEIRO - compra -MERCDORIAPodemos perceber que a MERCADORIA caracteriza-se por possuir um valor de troca, ou seja, uma capacidade para ser trocada, e um valor de uso.
Quando passa do Mercantilismo ao CAPITALISMO (1701 até hoje) o que caracteriza a economia é o processo de formação de capital.
Processo de FORMAÇÃO DE CAPITAL – o que caracteriza esse processo não é mais a troca de mercadorias como no Mercantilismo, e sim a preocupação em produzir mercadorias (indústria). Trocando o Dinheiro por Mercadoria para em seguida trocar por mais Dinheiro. Na seguinte forma:
Dinheiro-compra-Mercadoria-venda-Mais DinheiroExemplo: com R$ 100,00 compro uma CAMISA (mercadoria) e vendo por R$ 200,00 (dinheiro), terei R$ 100,00 a mais de lucro mais Dinheiro . Como explicar esse aumento de R$ 100,00?
- No processo da circulação do capital não pode ser, pois o empresário que aumentou sua mercadoria para revendê-la, poderá perder esse lucro ao comprar outra mercadoria também com preço maior. Nesse caso, o capital se mantém constante. Portanto, se o lucro não nasce no momento da troca, ele só poderá nascer no momento em que o PRODUTOR FABRICA SUA MERCADORIA:
Compra com dinheiro determinadas mercadorias, transformando-as, acrescentando-lhes maior quantidade de TRABALHO, alterando para mais o seu valor
Assim o empresário que quer aumentar uma soma de dinheiro e torná-lo capital - compra o couro (matéria-prima), a máquina (meio de produção) e a força de trabalho (o operário). A FORÇA DE TRABALHO é a mercadoria com maior característica de acrescentar valor a outras mercadorias, ou seja, tem a capacidade de transformar o couro em sapato. A Força de trabalho, também, tem um preço estipulado, definido para sustentar todos os bens de consumo necessários para manter o trabalhador vivo em condições de trabalhar e de se reproduzir.
A LEI DA MAIS-VALIASegundo Marx, é no momento em que o empresário compra a força de trabalho de seu empregado que nasce o processo de exploração capitalista. De que modo?
O empresário, ao pagar os salários aos trabalhadores, nunca paga a eles o que realmente produziram.
É nesse processo D-M-D+ quando o trabalhador produz muito mais do que recebe, e o empresário fica rico, não a custa de seu próprio trabalho e sim do trabalho de seus empregados, pois estes com sua a força de trabalho transformam e geram maior valor à mercadoria. Sabendo que os trabalhadores
Um exemplo dessa relação de exploração do empresário ao trabalhador: se um empresário quiser aplicar R$15,00 na fabricação de um par de sapatos para obter lucro, deverá obter certa quantidade de couro (digamos R$10,00), uma máquina, cujo gasto para fabricação de 1 par de sapatos seja de R$2,00. Suponhamos também que o tempo de trabalho para fazer um par de sapatos seja de 4 horas (de que necessita para suprir de certos bens materiais de consumo, que equivalem a um dia de sobrevivência - 24 horas, que representa de uso de força de trabalho). Vamos imaginar que o gasto para manter essa força de trabalho durante 24 horas seja de R$3,00. Bem, até agora, nosso empresário, para fazer um par de sapatos gastou R$15,00. Onde, então, está o lucro?
PARA OBTER LUCRO, basta o empresário aumentar a jornada de trabalho de 4 para 8 horas, e assim obterá: R$20,00 em couro, R$4,00 no uso de máquinas e R$3,00 em força de trabalho, obtendo um total: R$27,00.
Vimos que o preço real do sapato é de R$15,00, mas aumentando a jornada de trabalho para 8 horas teremos 2 pares de sapatos que custam para o empresário R$27,00. Agora, o empresário pode vender cada par a R$15,00, e terá, então, R$30,00, sendo que para fabricá-los gastou R$27,00. A diferença de R$3,00 equivalente a 4 horas a mais que constitui o lucro, isto é:
O excedente de valor produzido que não é devolvido ao trabalhador; sendo apropriado pelo capitalista. Isso é o que Marx define como sendo a mais-valia.
(O exemplo citado acima foi feito com base nas afirmações de Marx no seu livro O Capital, I, capítulo V.)
A mais-valia é que irá caracterizar o capital, pois parte dela é reempregada no processo de acumulação capitalista. Assim, podemos perceber que o Capital não é algo mágico; ele nasce de determinadas relações sociais de produção e as
Mercadorias nada mais são do que a materialização do trabalho que não foi pago ao empregado
Sem esse raciocínio, há inversão de sentidos - as coisas não aparecem tão claras, somos levados a pensar que as mercadorias têm qualidade própria; que no processo de troca, as mercadorias se equivalem; que o dinheiro possui um poder mágico de compra. Dando a impressão de que o valor de trocas não equivale ao valor tempo de trabalho, e sim da manifestação das leis de oferta e procura.
A essa inversão de sentidos, Marx denominou de fetiche das mercadorias, e consiste basicamente em dar a impressão de que as relações sociais de trabalho são apenas relações sociais entre mercadorias. Fazendo com que as relações de exploração entre patrão e empregado fiquem encobertas, favorecendo a própria continuação do capitalismo.
CLASSES SOCIAISPara Marx, o capitalismo organiza-se de modo a dar origem a duas classes sociais: os empresários (ou burgueses) e os trabalhadores (ou proletários).
Uma pessoa é considerada pertencente à classe dos empresários quando possui capital, isto é, quando é proprietária dos meios de produção e compradora de força de trabalho (os empresários seriam os donos das indústrias, das grandes fazendas, dos bancos ou do grande comércio).
Uma pessoa é considerada pertencente à classe trabalhadora quando não tem nada, a não ser sua capacidade de trabalhar (força de trabalho), que vende ao empresário em troca de um salário (os operários, os camponeses, bancários, balconistas, auxiliares de escritório, empregadas domésticas, professores, secretárias, etc.)
Estas duas classes, segundo Marx, relacionam-se de modo a criar um conflito. Como? - Estudando a lei da mais-valia, percebemos que os empresários exploram os trabalhadores, não lhes pagando tudo aquilo que produziram. Assim, ao receberem um salário baixo são condenados a se alimentarem mal, a se vestirem mal, a morar em péssimas condições e ter uma saúde deficiente.
E para tentar mudar esse modo de vida é preciso que os trabalhadores organizem-se nos bairros, nas escolas e fábricas, exigindo dos empresários, ou do Estado, o direito a uma vida digna. Entretanto, aumentar o salário implica diminuir o lucro e privilégios do empresário, surge daí um conflito social:
Empresários lutando por mais lucro contra trabalhadores lutando por uma vida melhor. É o que Marx define por luta de classes.
Marx atribuiu aos trabalhadores à condição de
CLASSE REVOLUCIONÁRIA, quer dizer, aquela classe que pode contribuir para a construção de uma nova sociedade sem exploradores nem explorados, por sua capacidade de se organizar e de lutar por seus direitos. Portanto, a superação dos problemas sociais no capitalismo não se dá como pensava Durkheim, através da ciência e sim por meio de uma luta política
Sociólogos contemporâneos (tempos atuais) afirmam que no interior da classe trabalhadora existem diversas divisões que podem dificultar a união dos trabalhadores em função de uma LUTA EM COMUM. Estas diferenças culturais na classe trabalhadora, seu comportamento cultural e político, são originadas por profissões diferentes, pela cor ou pelo sexo. Por exemplo, os valores e problemas da mulher que é, ao mesmo tempo, mão, dona-de-casa e trabalhadora são diferentes dos do homem. Um operário qualificado possuidor de casa própria pode ter um comportamento social e político diferente de um operário não qualificado, residente numa favela.
ALIENAÇÃOO termo alienação, originalmente, - e ainda hoje – era o termo da psiquiatria que designava uma forma de perturbação mental, como a esquizofrenia – uma perda da consciência ou da identidade pessoal. Do posto de vista econônico-social é a perda da consciência de si em virtude de uma situação real. O homem perde sua consciência pessoal, sua identidade e personalidade, o que vale dizer sua vontade é esmagada pela consciência do outro ou pela consciência social – a consciência de grupo. O homem perde parcial ou totalmente sua capacidade de decisão. É ainda sua integração absoluta no grupo: ele massifica passa a pertencer à massa e não a si mesmo. Torna-se estranho a si mesmo e ao resultado de suas ações, invertido em relação as suas intenções, desejos ou necessidades
Marx faz do conceito alienação uma peça-chave de sua teoria para a compreensão da exploração econômica exercida sobre o trabalhador no capitalismo. A indústria, a propriedade privada e o salário alienavam ou separavam o operário dos “meios de produção” (ferramentas, matéria-prima, terra e máquina) e do fruto de seu trabalho, que se tornaram propriedade privada do empresário capitalista. Com o advento da máquina, o trabalho tornou o operário duplamente alienante: à máquina e ao dono da máquina. O homem se torna parte dela como o parafuso ou uma engrenagem. Não é o homem que produz é a máquina, ele limita-se a fazê-la funcionar, movimentá-la, detê-la. O aperfeiçoamento da máquina à medida que reduz o esforço físico do homem mais reduz sua participação e em conseqüência mais reduz sua intervenção consciente no trabalho. A máquina moderna dispensa a inteligência e a consciência humana e o anula como homem, se tornando uma peça dela.
Politicamente, também o homem se tornou alienado, pois o princípio da representatividade, base do liberalismo, criou a idéia de Estado como um órgão público imparcial (justo) capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la pelo poder delegado pelos indivíduos, tornando-os indiferentes às decisões, passivos, não percebendo se seus interesses estão sendo defendidos, sem participação política. Marx mostrou, entretanto, que na sociedade de classes o Estado representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse desta.
Segundo Marx, a “divisão social do trabalho” fez com que o pensamento filosófico e científico se tornasse atividade exclusiva da classe dominante. As diversas escolas filosóficas passaram defender a visão de mundo e refletir os interesses dessa classe. Algumas, como o liberalismo, transformaram-se em verdadeiras “filosofias de Estado”. O mesmo aconteceu com pensamento científico que, pretendendo-se universalizar, passou a expressar a parcialidade da classe dominante. Esse comprometimento do filósofo e do cientista em face do poder resultou também em nova forma de alienação para o homem que se tornou inconsciente, esquecendo suas verdadeiras aspirações e necessidades.
A classe trabalhadora, miserável, também sem oportunidades escolares de desenvolver sua formação nessas áreas de conhecimentos torna-se alienada, indiferente à participação e decisão político-social.
Alienado, separado e humilhado, o homem só pode recuperar a integridade de sua condição humana pela crítica radical ao sistema econômico, à política e à filosofia que o excluíram da participação efetiva na vida social. Essa crítica radical, que nasce do livre exercício da consciência só se efetiva na práxis, que é a ação política consciente e transformadora. A crítica está assim unida à práxis (novo método de abordar e explicar a sociedade e também um projeto para a ação sobre ela). Assim o marxismo se propunha como opção libertadora do homem.
IDEOLOGIA É uma forma de dominação e controle sobre os trabalhadores, só que se apresenta de forma mais eficiente que a ação do Estado. Para entender o que seja ideologia, é importante, em primeiro lugar, saber que as pessoas, quando travam relações entre si através do trabalho, PENSAM e REFLETEM, criando representações simbólicas (pensamentos, idéias). Aquilo que as pessoas pensam sobre a forma de como trabalham influi para que entendam sua própria vida social.
Karl Marx e Friedrich Engels deram a ideologia o sentido de consciência social de uma classe dominante (principalmente a capitalista ou burguesia), ou conjunto de idéias falsas e enganadoras destinadas a mascarar a realidade social aos olhos das classes trabalhadoras. Encobrindo as relações de exploração e dominação que estão submetidas essas classes.
Vejamos um exemplo: a idéia de progresso aparece como uma caminhada em busca de uma perfeição contínua. Todos devem trabalhar para progredir ‘vencer na vida’ para ter uma vida melhor daquela que possuem. Em grande parte ‘vida melhor’ é entendida pela quantidade de bens e propriedade que o indivíduo possui. A partir daí procurou-se disseminar a idéia de que todos têm as mesmas possibilidades e condições de melhorar de vida, precisando apenas esforço e dedicação pessoal. Parte-se do pressuposto de que a sociedade capitalista é uma sociedade harmônica, em que não há nenhuma forma de exploração.
Assim, quando afirmamos que existe uma dominação através da ideologia, queremos dizer que a filosofia capitalista preocupa-se em transmitir uma visão de mundo acrítica e passiva, para que se aceite a exploração como algo natural.
Na sociedade atual podemos afirmar que os instrumentos para impor a IDEOLOGIA são:
A escola, os meios de comunicação de massa, clubes, entidade assistenciais, seitas e alguns setores da religião.
Assim, para Marx, os empresários utilizam-se tanto do Estado quanto da Ideologia para controlar os trabalhadores, isto é, para explorá-los sem que eles percebam.
Hoje podemos dizer que a ideologia é um conjunto de idéias, procedimentos, concepções religiosas, filosóficas, intelectuais, que possui certa lógica e que orienta o sujeito para determinadas ações de uma forma partidária e responsável. Possui também, uma grande capacidade de mobilizar pessoas e as massas. Não é somente esse conjunto de elementos citados, ela tem uma poderosa força para acionar indivíduos. Torná-los ativos de certas idéias e ideais, na política, na religião e no dia a dia. Fazendo com que as pessoas produzam obra de arte, escrevam, trabalhem por alguma causa, explorem os outros, dediquem-se a alguma religião, cuidem da natureza e assim por diante.
Referências :COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. S. Paulo: Moderna, 2005.MEKSENAS, Paulo. Aprendendo sociologia: A paixão de conhecer a vida. 9ª edição. Ed. Loyola. S. Paulo, 2005OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. Série Brasil. Ed. Àtica. S. Paulo, 2005.Questão para responder:1. Pense um pouco e tente encontrar exemplos de como a consciência coletiva exerce controle sobre nossa vida.
Atividade de Pesquisa:Assunto: As duas principais correntes teóricas da sociologia: Positivismo e Materialismo Histórico ou Crítica Social.
1. Explique o que significa teoria Positivista.
2. Identifiquem e complete nas questões abaixo as idéias teóricas do positivismo, ou do materialismo histórico.
a) As idéias _____________________________ são conservadoras, pois acreditam que a sociedade não deve ser mudada, que as coisas devem permanecer como estão, receiam qualquer transformação social. Por fim, admitem que os problemas sociais criados pelo capitalismo sejam resolvidos dentro do próprio capitalismo.
b) Segundo o ___________________________ a sociedade é um fenômeno transitório, isto é, passível de ser transformado. A mudança social poderá surgir no momento que a classe trabalhadora organizar-se e lutar para a criação de uma nova sociedade. Portanto são idéias transformadoras e revolucionárias.
c) Segundo idéias de Karl Marx, relacionadas à teoria _________________________________, a superação dos problemas sociais no capitalismo não se dá como pensava Durkheim, através da ciência e controle do Estado, mas sim através da luta política das classes trabalhadoras.
d) A teoria ________________________________ afirma que uma pessoa é considerada como pertencente à classe trabalhadora quando não tem nada, a não ser sua capacidade de trabalhar (força de trabalho) que vende ao empresário em troca de um salário.
e) O ______________________________ através de Durkheim acreditava que os problemas sociais não tinham sua origem na economia como pensava Marx, e sim numa crise moral, isto é, num estado social onde não existem leis ou as leis não estão funcionando, portanto, cabe ao poder Estado criar leis e a partir dela uma nova moral social para na prática controlar as pessoas e organizar a sociedade.
f) De acordo com as idéias _____________________________ o capitalismo é a sociedade perfeita, precisa-se apenas conhecer os seus problemas e buscar uma solução científica para eles. Em outras palavras a sociedade é boa, sendo necessário apenas curar suas doenças.
g) O __________________________________se expressa como teoria crítica da sociedade capitalista, através da qual, Carl Marx procura tornar os grupos desfavorecidos conscientes de seus interesses objetivos. Com argumentos científicos Marx evidencia as realidades sociais não observadas ou mascaradas por falsas idealizações.
3. Analise segundo o ponto de vista da teoria positivista, que atitudes ou decisões poderiam ser tomadas diante de uma greve de trabalhadores reivindicando melhorias salariais?
4. Para o pensador positivista Durkheim, o que significa divisão social do trabalho?
5. Baseando-se na teoria de karl Marx: Materialismo histórico, comente sobre a origem do lucro, da riqueza em nossa sociedade e as conseqüências para o trabalhador.
6. Pesquise reportagens sobre situações ou problemas sociais gerados pela organização da sociedade capitalista, tais como o consumo de massa, a pobreza, a criminalidade, o analfabetismo, etc. e faça comentários sobre esses problemas considerando a compreensão do Materialismo Histórico ou Crítica Social de Karl Marx.
7. Comente sobre o significado do conceito alienação
8. Diga o que você entendeu sobre ideologia?
9. Como se caracterizam as classes sociais no capitalismo?
10. O que você entende por LUTA DE CLASSES?
11. Para Marx, onde está a origem dos problemas sociais?
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